Bruxa

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Ela quebra seus ossos para sentir algo.
Arranca sua pele para se sentir livre.
Rasga seus músculos pra libertar seus ossos.
E risca sua pele para a sentir queimando.

Bebe seu sangue para se alimentar
Da dor e da angústia que nela se alojam,
Entupindo suas artérias
Estourando seus vasos
Explodindo seu coração
A prendendo, ineleutéria.

Repleta de machucados abertos
Banhada em álcool etílico
Acende um fósforo pequeno
(Ela é seu próprio veneno).

A bruxa se incendeia
Antes que a queimem
(O mundo é dos espertos,
E estão todos boquiabertos).

Todos a observam
Abrindo sua própria cova
Deitando no caixão de madeira fria
(Que para ela está macia).

Todos a observam
Puxando a terra para si,
Escondendo cada parte de seu corpo nu,
Protegendo seu coração que parece cru
(Mas que já está bem torrado).

E ela grita em silencio
Para todos e ninguém:
"Estou me enterrando e me cobrindo para me proteger,
De tudo que não quero mais e já vivi,
Não tentem me salvar
(Não que alguém fosse tentar)
Porque eu sei que já morri."

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Da Alma Para Palavras- PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora