Tempestade

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O do raio,
Trovão retumba,
Um flash de luz,
Nessa noite profunda.
É como uma faca
Nessa noite escura,
Que corta o céu,
Rasgando-o com ternura.

O trovão,
O pesado som,
Das tristes almas,
Esfoladas,
Torturadas,
Implorando,
Enquanto vivas,
Presas em si mesmas,
Por uma morte rápida.

Presas nas próprias mentes,
Loucas,
Se cortando
Com os próprios dentes.
Presas no próprio corpo
Batendo nas paredes,
De gosmas grudentas,
Desesperadamente,
Nas paredes podres do coração,
E quem quer a morte,
É a pobre alma
Torturada.

Presas no coração,
Vendo seu eu de fora,
Cantando uma triste canção,
A canção das tempestades,
Que choram ao ver as almas,
Por fora parecendo calmas,
Mas presas no coração,
Com cortadas palmas.

Esmurram o coração,
Tentando sair.
Da cadeia de si mesmas,
Tentam fugir.

Por um espelho na cela
Se olham e suas farsantes veem,
E choram,
Pois depois de tanto tempo tentando,
Param de lutar,
Desistem de guerrear.

Param
De as paredes da prisão empurrar,
E parando de bater,
Desistindo de brigar
Brigar para se salvar,
O coração que as mantém vivas
Para de funcionar.

Antes torturadas
Por não conseguirem se libertar,
Agora presas,
Se olhando pelo espelho,
Sem conseguirem se levantar.

Numa cadeia
Elas hão de ver-se morrer. ¹
Pelo espelho veem a farsante,
Caindo e não levantando-se.
E presas na prisão
Que é o próprio coração,
Sem forças para se salvar,
Vendo a si mesmas
A própria cova cavar.

E chorando as tempestades,
Soluçando e urrando
Os pesados trovões,
Depois de serem tão torturadas,
Agora as pobres almas,
Implorando por uma morte rápida.

²


¹ Frase original: "Em uma cadeia, eu hei de ver-te morrer" de José Mauro de Vasconcelos, escrita no livro Meu Pé de Laranja Lima.

² Inspirado na tarde tempestuosa do dia 8 de abril de 2022.

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