twenty one

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Depois da aula, Ashe decidiu ir a casa dela andando da escola

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Depois da aula, Ashe decidiu ir a casa dela andando da escola. Era sexta feira é isso significava 4 dias sem dormir. Os pesadelos persistiam e ela sentia que precisava pisar na casa do pai dela de novo. Algo a chamava por lá. Os fones de ouvido alto tocava uma playlist qualquer de música pop e ela se distraia com a paisagem que raramente prestava atenção ao passar com seus patins em alta velocidade.

Pela primeira vez em duas semanas, ela não sentia medo de entrar na casa de Paul Frost. Ela queria entrar. As coisas começavam a piorar é uma solidão estranha ocupou todo o espaço que tinha ali. O silêncio profundo de um lugar vazio e não habitado. Ela sobe as escadas e vai para o quarto dela. Ou antigo quarto. Muitas coisas ela conseguiu tirar dali. Mas muitas também ficaram.

Ao mudar para Fezco, ela se atentou mais em pegar as roupas da mãe que traziam memória afetiva a ela do que suas próprias coisas. Ela se lembrou das enormes caixas que vieram de Nova York e que o pai dela armazenou não garagem. Ashe decide ir até o cômodo. Lembrar da mãe a trazia felicidade e alegria, talvez era isso que o coração dela precisava.

Uma das caixas era repleta de álbuns de fotos de sua infância, de sessões que sua mãe fazia e da vida dela também. Além de revistas e campanhas que Chiara atuou como modelo.

"Solteira, mãe, e um dos nomes mais promissores do mercado de modelo: Chiara Palermo"

A mídia gostava da ideia de uma mulher tão bonita também ser mãe sola.

-Olha para a mamãe e repita: eu sou a coisa mais bonita, inteligente e gentil desse mundo. -era o que a mãe dela mais falava até ela ter seus 12 anos.

Depois disso Ashe começou a ter vergonha desses momentos e a mãe dela brincava que ela virou uma rebelde. Hoje ela daria tudo para escutar a mãe dizer de novo.

Nos álbuns de foto, existia apenas um com fotos de Paul. Ela era tão pequena que nem mesmo se lembrava. Todas as fotos eram em East Highland, da época que morou lá até as raras visitas que fez.

-Mãe. Posso fazer uma tatuagem? -ela perguntou entrando no banheiro da suíte do apartamento delas. Chiara estava na banheira em seu momento de terapia de olhos.

-Não. -responde direta sem nem abrir os olhos para a garota.

Ashe se lembra de deitar próximo as escadas da banheira e fazer a cara mais convincente do mundo chamando a atenção da mulher para ela.

-Não. Não. Você tem 15 anos, Ash. Você vai estragar a coisa mais preciosa que você tem na vida! -ela gesticula e suspira.

-Mas eu ia fazer algo delicado. -tenta argumentar. Ela passou o intervalo da aula inteiro com as amigas falando sobre tatuagens legais que viram na internet.

-Quando você fizer 30 anos, você me pergunta de novo. -provoca Chiara fechando os olhos de novo.

Ashe podia lembrar desses momentos como se fossem recentes. Era incrível como ela se lembrava de cada detalhe da rotina com a mãe e quase nada dos dias com Paul. Ele fazia o papel de um figurante em sua vida. E querendo ou não, agora ela daria de tudo para saber onde ele estava.

O dia começa a escurecer e Ashe decide levar pelo menos um álbum de foto com elas. Ao sair da casa e trancar a porta seus olhos captam um carro. Não qualquer carro. Um chevette marrom. Paul estava sentado no banco do motorista a duas casas a frente. Ela não conseguia enxergar muito bem sua feição e assim que ele percebe que ela o viu, o homem liga o carro.

O coração dela dispara na esperança de falar com ele, que claramente estava fugindo dela.

-Pai! -Ashe sai correndo pela rua.

As pernas dela tentam muito correndo pela rua. Mas era impossível competir com um carro.

-FUCK! -ela grita muito alto para cima. A respiração estava pesada e até mesmo suou um pouco.

A garota apoia as mãos no joelho suspirando. Ela não era de chorar. Ela nunca chorava. Seus olhos arderam. Era um mix de raiva por ele ser quem ele é, preocupação por ele sumir e não atender ela é angústia por não ter conseguido o alcançar e falar com ele. Ao menos um alívio: seus sonhos estavam errados e Paul estava vivo.

Ashe volta a casa. O Range Rover dela estava na garagem há duas semanas e ela decide pegá-lo. Tinha deixado na casa para não chamar a atenção caso alguém desse falta do carro e gerar uma denúncia. Mas no momento ela não se preocupava mais com isso.

A garota entra no carro com uma sensação estranha de coisas luxuosas não pertencerem mais a ela e sua nova vida. Rapidamente ela chega a Milk e percebe que a caminhonete prata do Nate Jacobs estava parada. Ashe desce do carro e depara com Maddy dentro dele.

-Hi bitch! -a morena a cumprimenta feliz. -Podemos por favor comprar nossas roupas da festa de inverno? Preciso de alguém que entende de moda como você.

-Claro. Eu te mando mensagem, ok? -Ashe encosta no vidro da janela do passageiro. Ela beija a amiga no rosto se despedindo.

Ao virar para trás, percebeu um clima bem estranho entre Nate e Fezco. Os dois estavam se encarando de forma fria e intensa.

-Deu $5,75, playboy. -Fez diz abrindo o caixa.

Nate joga a nota em cima da bancada de qualquer forma e pega as cervejas que havia comprado com a mão. Ele encontra com Ashe atrás dele, com a cara de pouco amigos que ela tinha desde que ele foi acusado de bater em Maddy. Ela não conseguia nem olhar em seus olhos direito.

-Vocês são namorados? -perguntou meio irônico.

-Cuide da sua vida, Jacobs. -Ashe responde ríspida passando por ele.

-Go, Fez. -provocou o jogador não fazendo nenhum deles sorridente. -Você foi sortudo nessa.

Como Maddy podia conviver com aquilo? O rapaz entra em sua caminhonete saindo acelerado. Fezco tinha os braços cruzados e Ashe para de frente a ele só esperando um tempo para perguntar o que aconteceu do clima estar tão tensionado entre eles. Ela estava um pouco desgastada com os pesadelos e ter visto o pai.

-O que houve? -questiona se curvando para ele olhá-la. Ela percebeu que ele estava evitando o contato físico com ela indicando alguma coisa estranha.

-Nada, Chi. -tenta fugir ajeitando as notas do caixa.

-Eu vi algo...

Ashe bufa e cruza os braços assim como ele. Fez passa a mão na cabeça nervoso. Ele não queria esconder mais coisas dela, já tinha um grande segredo que guardava e ainda estava tentando saber como falaria. E o pior de tudo, ele não queria de jeito nenhum que ela ficasse brava com ele.

-Ele está atormentando a Rue e a Jewels. E a Rue me pediu para ser direto com ele. -admite ainda desviando o olhar do dela.

-É Jules. E porque elas te pediram isso? O que ele fez? -estranhou Ashe sentando na bancada da loja.

-Olha Chi... Ela não me falou. Mas a Rue é como minha família e você sabe como o Jacobs é.

Ashe balança a cabeça. Ela sabia exatamente como Nate Jacobs era. Parecia que ele tinha várias personalidades, e ela já lidou com algumas dela. Teve a vez que ele a assediou como um maníaco na rua, teve a vez que ele a atropelou e a cuidou como um médico. A garota abre os braços e prende em volta do pescoço dele, dando um beijo em cada lado.

-Ok, mas tenha cuidado. -ela fala passando o rosto na barba dele devagar. -Não queremos pagar a conta do hospital dele.

-Ou da funerária. -acrescenta ele baixo demais.

-Eu vi o meu pai hoje. -solta ela distanciando o rosto para ver sua expressão.

-What?

𝐀𝐃𝐃𝐈𝐂𝐓𝐄𝐃 | fezcoOnde histórias criam vida. Descubra agora