𝖳𝖶𝖤𝖭𝖳𝖸 𝖳𝖶𝖮 | 𝖼𝖺𝗌𝗌𝗂𝖾

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Assim que abro os olhos, toda a minha cabeça lateja e eu solto um gemido de dor

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Assim que abro os olhos, toda a minha cabeça lateja e eu solto um gemido de dor. Com a mão na testa, me sento, apenas para perceber que eu não estou no meu quarto. Nem mesmo dormi em uma cama.

Estou no chão, ao lado de Josh, e Sasha no sofá acima de nós. Então me lembro de ontem a noite, como caímos aqui depois da festa de halloween que fomos. Apaguei tão rápido que nem me lembrei de ir embora.

Resmungo mais uma vez enquanto me levanto, agradecendo a todos os deuses por aí pela minha folga dupla. Saio em silêncio, fechando a porta do apartamento, e vou para o elevador. Aperto o botão nove e espero encostada no espelho até a porta de metal abrir novamente.

Para a minha surpresa, a porta está trancada. Eu não quis uma cópia da chave porque não sei até quando isso vai durar, mas Aaron mantém a porta destrancada praticamente 100% do tempo, então nunca me preocupei com isso.

─ Aaron? ─ chamo, batendo na porta. Não faço ideia de que horas são, porque meu celular apagou ontem a noite, sem bateria. ─ Aaron! ─ chamo de novo.

Fiquei ali por alguns minutos, não sei quantos, chamando-o e batendo na porta. Eu estava quase escorregando para o chão e dormindo de novo quando ouvi o barulho da fechadura e a porta se abriu.

─ Finalmente! ─ passo por ele, e não sei se é o álcool que eu consumi ontem ainda no meu organismo, ou o fato de que eu não me importo mais com essa merda, mas eu tiro a minha roupa no meio do caminho e vou para o banheiro.

Aaron tentou dizer algo atrás de mim, mas bati a porta e liguei o chuveiro. Cinco minutos depois, saio de lá com o cabelo molhado e duas vezes mais sono. Praticamente corro para o meu quarto e pulo na cama.

─ Cassandra.

É assim que eu sei que fiz algo de errado. Mas o que eu poderia ter feito? Foi ele quem fez merda, não eu.

─ O quê?

─ Você sabe que dia é hoje? ─ bufei.

─ Primeiro de novembro.

─ Sábado. ─ ele corrige. ─ O mesmo sábado onde vamos fingir nos amar incondicionalmente mais uma vez, e última, eu espero.

Quero revirar os olhos, mas eles estão muito pesados e eu não consigo.

─ Eu só preciso... dormir... mais um pouquinho.

─ Cassandra.

─ Uma hora! Uma hora, e depois eu levanto. Juro.

E assim é.

Eu dormi doze horas em uma hora. Acordei como se não tivesse tomado um porre enorme ontem. Olhando no espelho, eu nunca diria que vomitei três vezes em vinte minutos antes de chegarmos no prédio – e, por sorte, não sujei o carro de Josh.

Paro na porta do banheiro, depois de lavar o rosto e escovar os dentes, olhando para Aaron, parado na porta do quarto dele. Sorrio.

─ Bom dia.

─ São quatro da tarde.

Arregalo os olhos.

─ Porra, sério? ─ ele assente. ─ E você deixou a porta trancada a essa hora da tarde?

─ Eu não saí do apartamento, só esqueci de abrir. É você que abre todo dia.

Verdade.

Suspiro, coçando os olhos um pouco.

─ Quando temos que sair?

─ Cinco e meia. É uma festa de noivado, então se arruma bem.

─ Eu sempre me arrumo bem.

Ele volta para o quarto e fecha a porta.

Começo a me arrumar, fazendo o cabelo primeiro. Ainda estava úmido, então o sequei totalmente e alisei. Depois disso, coloco as minhas maquiagens na cama e, usando o espelho de uma palheta, começo a me maquiar.

Um tempo depois, quando finalmente fico satisfeita com o resultado – minha pálpebra é um degrade de tons de azul escuro, o contorno do rosto todo é leve, abusei no iluminador e passei um batom nude na boca –, guardo as maquiagens e abro o guarda-roupas.

Aaron não me compraria outro vestido, e eu não deixaria mesmo se ele quisesse, então um dos meus antigos terá que servir.

Sinceramente, do meu ponto de vista agora, gastar tanto com roupas e sapatos como eu fazia antes parece absurdo. Eu nem me preocupava com o preço na etiqueta há, o que, três meses atrás? E agora eu trabalho seis dias na semana por 700 dólares ao mês. É assustador o quanto as coisas podem mudar da noite pro dia.

Encontro o vestido que eu procurava no meio dos outros. É um vestido longo, azul-cobalto; a saia é completa, sem fendas para mostrar nenhum pedaço de pele, e as alças são finas e se estendem até as costas, trançando dois Xs e acabando em um laço.

Depois disso, me encho de anéis, dois braceletes acima do cotovelo e duas correntes que combinam.

Por fim, calço cuidadosamente um par de saltos abertos e brilhantes, de dez centímetros. Coloco meu celular, o batom e minha carteira com os documentos em uma bolsa de mão prata.

Quando vou para a sala, perco o ar. Achei que Aaron ainda estivesse no quarto, visto que ainda faltam quinze minutos para sairmos, mas mão. Ele está no sofá, esticado e com o controle de Xbox na mão.

A única coisa diferente é que ele está vestindo um smoking preto, com uma gravata borboleta azul. Quase como se ele soubesse que combinaria com o meu vestido.

Só então noto a sacola do TacoBell em cima da mesa de centro, com um copo de milkshake de chocolate ao lado.

─ É pra você. ─ ele diz, sem me olhar. ─ Eu não sei quanto tempo vamos esperar para comer lá e sei como você fica... ─ ele se interrompe quando me olha, então engole em seco e continua: ─ brava, quando fica com fome.

─ Valeu. Mas você poderia ter me avisado antes que eu passasse o batom.

─ É só passar de novo depois.

Reviro os olhos, mas pego as coisas da mesinha e levo para a mesa de jantar redonda de quatro lugares, e como em silêncio.

Minutos depois ele se levanta, desliga o videogame e a televisão. Então ele vai para a porta, abre e sai. Mesmo daqui, ouço o barulho do elevador fechando.

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