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um ano depois

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um ano depois

Saí da aula muito mais que puto. Era o segundo sábado onde eu era obrigado a estudar direito judicial em um cursinho de merda do qual meu pai simplesmente me mandou o endereço e a hora.

Chega. Cansei.

E, mesmo sabendo que o meu melhor amigo tá muito mais na merda do que eu – casado com uma garota que mal conhece pelo mesmo motivo que eu faço merda de curso de direito judicial: o pai dele –, eu vou até o apartamento dele. Raven, a minha melhor amiga, e ele eram meio que namorados quando essa bomba estourou, e deve ter ativado algum gatilho nela, porque ela saiu do país menos de vinte e quatro horas depois que Vinnie a contou sobre se casar.

Ele continua morando no mesmo lugar. Espera se divorciar em um mês, assim que o acordo de doze meses expirar, e sei que ele espera muito que Ren volte.

Quando ele abre a porta pra mim, preciso segurar o comentário sobre ele parecer horrível.

─ É aqui o clube dos que odeiam o pai? ─ ironizo, me jogando em um sofá.

─ Veja pelo lado bom: o seu pai foi o responsável por te unir à sua namorada. O meu me separou dela.

─ Enquanto ele me obriga a estudar mais e mais para ser igual ele. Por acaso isso é uma competição?

Vinnie bufa, balançando a cabeça negativamente, mas um sorriso surge em seus lábios.

─ Vou me livrar do meu pai. E logo.

─ Estamos falando de assassinato? Porque eu não posso ser preso com uma namorada grávida.

Cada vez que o lembro sobre esse fato, ele faz uma careta. Não porque não está feliz por mim, sei que está, mas porque ele se imaginava na minha posição, um tempo atrás, com Raven. Entendo que é dolorido – passei três anos longe de Cassie, afinal.

Ela descobriu a gravidez há um mês. Ainda não sabemos se é menino ou menina, mas não faz diferença, porque já escolhemos os nomes há muito tempo. Aiden, Dominic, Helene e Agnes.

─ Não, idiota. ─ ele responde. ─ Você sabe que ele armou essa porra de casamento porque viu uma oportunidade de ganhar dinheiro em cima de movimentação ilegal de petróleo. E eu tenho provas de que isso acontece. Se ele não esquecer de mim de vez, eu mando toda a papelada pro governo e ele se fode lindamente.

Imediatamente, uma luz metafórica se acende na minha mente.

─ Você tem esses papéis aqui?

─ Tenho, por quê?

─ Posso dar uma olhada rapidinho?

─ Claro.

Dois minutos depois, Vinnie me entrega uma pasta preta com uma pilha de comprovantes de transportação ilegal.

─ O que, exatamente, você tá procurando? ─ ele pergunta, me vendo correr a ponta do dedo pelas folhas.

─ Toda transportação internacional precisa da aprovação de alguém do governo; primeiro estadual, depois nacional. ─ falo. ─ E você sabe quem aprova essas transportações?

Chocado, ele responde:

─ O primeiro ministro.

Ding ding ding. ─ ironizo. ─ Se eu mostrar esses papéis ao meu pai, mostrar que tenho a vantagem pela primeira vez, ele vai ficar bem aqui. ─ bato o dedo indicador direito na palma da mão esquerda.

Vinnie se ajeita no sofá, despreocupado.

─ É todo seu, cara. Vai conquistar sua liberdade.

Eu poderia, seriamente, beijar esse cara agora. Mas 1) eu sou fiel à minha mulher, 2) ele é fiel à Raven, aparentemente, e 3) somos melhores amigos, acho que ficaria um puta clima estranho.

Depois de agradecer muito, saio daquele apartamento com as chaves da minha nova vida em mãos.

Entro no meu carro e dirijo o mais rápido possível para a casa onde meu pai vive. Não é ele quem me recebe, é claro, mas sim o mordomo, que me diz onde posso encontrá-lo.

Que é, obviamente, no escritório.

─ Aaron. Ansioso para a conclusão do curso? ─ nem um e aí, filho, como é que você está?

─ Não vai ter conclusão de merda nenhuma. ─ falo.

─ Perdão? ─ ele ironiza. ─ Sabe, isso já está ficando um pouco repetitivo, não acha? Você aparece, achando que pode me ditar a qualquer coisa que você queira, e acha que preciso fazer o que você quer.

Solto uma gargalhada.

─ Você percebe que acabou de descrever o que você faz comigo? ─ vejo ele revirar os olhos. ─ Não vim aqui pedir que você me deixe em paz.

─ Que bom.

─ Vim aqui mandar que você me deixe em paz. ─ falo, mais sério agora, e é a vez dele de gargalhar.

─ E o que te faz pensar que tem alguma autoridade?

Jogo a pasta em cima da mesa.

─ Isso.

Cético, meu pai abre a pasta, passando os olhos por cada página. Ele fica mais pálido a cada uma.

─ O que... Onde...

─ É melhor você esquecer que tem um filho no segundo em que eu passar por aquela porta. E se você, algum dia, pensar em ir atrás dos meus irmãos na Holanda, eu venho aqui te lembrar do quanto você tem a perder.

Contrabando é uma coisa séria pra caralho. E o fato de ele fazer parte do Senado só aumenta a gravidade da situação. Ele pegaria uns dez anos de cadeia, no mínimo.

─ Posso assumir que estamos entendidos? ─ cruzo os braços.

─ Sim.

Saí de lá com a certeza de que não precisaria fazer qualquer curso nunca mais.

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