𝖳𝖶𝖤𝖫𝖵𝖤 | 𝖼𝖺𝗌𝗌𝗂𝖾

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─ Tem certeza de que não quer ir embora?

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─ Tem certeza de que não quer ir embora?

Eu quero. Pra caralho. Mas não posso foder as coisas com ele e o pai dele. Então balanço a cabeça e forço um sorriso.

─ Tenho. Não foi nada. ─ dou de ombros.

─ Mesmo?

─ Mesmo. Vamos voltar. Seu pai deve estar achando que escapamos pra transar.

─ Não duvido muito.

Voltamos para o centro da festa, de mãos dadas mais uma vez.

Nos separamos um passo adiante, porque Aaron vai em direção a mesa onde o pai está, e eu em direção de onde estava.

─ Onde você vai? ─ ele me pergunta.

─ Na mesa das mulheres. ─ faço uma careta. ─ Me diz qual é o objetivo de trazer sua noiva se você não vai nem poder sentar com ela.

─ É por isso que você vai sentar comigo, não com elas.

Contesto, mas ele não me escuta. Finge que não me escuta, na verdade. Ele pega mais forte na minha mão e praticamente me puxa até a mesa principal.

Meu pai está na ponta, ao redor de outros homens que eu não conheço e não quero conhecer.

─ Aaron. ─ nós dois olhamos na direção do pai dele. ─ Essa é a mesa dos convidados especiais.

─ Alguma dessas cadeiras é para mim? ─ ele pergunta.

─ Sim, essa. Mas...

─ Maravilha. ─ ele puxa a cadeira indicada, mas não se senta. Ao invés disso, faz um gesto para eu me sentar, e então se senta ao meu lado.

─ Pensei ter dito que a mesa das mulheres era por ali. ─ ele fecha a cara.

─ E eu pensei ter dito que isso é uma besteira do caralho. Minha noiva vai se sentar onde eu sento. Aqui, ou lá. Você escolhe. ─ Aaron cruza os braços, e eu quase sorrio, mas me seguro.

O pai dele não diz mais nada, mas está visivelmente puto da cara. Ele não queria que eu me sentasse aqui, e é por esse motivo que eu ergo o queixo e me forço a ignorar os olhares estranhos sobre mim.

Não mais que uma hora, foi o que Aaron disse. Estamos aqui há vinte minutos, no máximo.

De repente, ouço uma movimentação e a sala se enche de garçons; um prato é colocado na minha frente, com arroz, carne, molho e mais algumas coisas.

As pessoas ao meu redor conversam, incluindo Aaron e o pai. Mas eu me mantenho quieta. Meu papel hoje é a esposa troféu, que concorda ou fica calada, e é só o que vou fazer hoje.

O jantar correu bem. Não era o horário que eu me alimentava normalmente, mas não fiz desfeita e comi tudo, junto com uma taça de vinho branco. Quieta como um ladrão na madrugada.

Depois que acabou, fomos convidados a nos locomover da sala para o quintal de trás. Que de quintal não tem nada. Era apenas mais uma maneira de esbanjar luxo, se levar a enorme fonte – diferente daquela na frente da casa – em consideração.

Nos espalhamos, mas o pai de Aaron se manteve perto. Tão perto que ouviria qualquer palavra que disséssemos, então mantemos uma conversa idiota sobre como estava a comida.

─ ... sim, é claro que ele vai me suceder. Não vai, Aaron? ─ meu noivo de mentira revira os olhos sem que ninguém veja e entra no assunto. Eu poderia rir da sua péssima atuação se a situação fosse outra.

─ Sim, claro. Mal posso esperar. ─ ele sorri, mas duvido que alguém tenha acreditado.

─ É bom começar a se preparar cedo, sabe? ─ um dos homens entre eles, alto, ombros largos, pele negra e olhos castanhos, diz para Aaron. Ele aparenta ser o mais novo deles – ou é apenas a melanina me enganando –, e a voz dele é carregada de ironia e diversão. ─ Depois que você entra para o mundo da política, é impossível de sair. Então é melhor aproveitar.

Com os braços para trás, Aaron encontra a minha mão e aperta.

─ Aproveitar. É claro. ─ ele diz, nervosamente. Os homens notam nossas mãos atadas.

─ Sua noiva? ─ outro pergunta, e Aaron concorda. ─ Onde está o anel de compromisso?

Merda.

─ Vamos buscar na próxima semana. Foi um pedido bastante delicado, então é normal demorar para ser feito. ─ dou uma desculpa. O cara sorri.

─ Eu a vi tomando vinho agora pouco, então suponho que não há planos de seguir com a linhagem?

Que intrometido.

─ Temos planos, sim. ─ Aaron sorri, e é mais verdadeiro agora. Ele abraça minha cintura e me põe ao seu lado. ─ Mas apenas depois do casamento.

─ Tradições sagradas. Vocês devem entender. ─ sigo na linha, e Aaron aperta meu quadril com tanta força que sei que ele quer rir tanto quanto eu. ─ Mas, depois disso, pretendemos ter um montão de filhos.

─ Com certeza. Quatro, no mínimo. Já escolhemos os nomes. ─ Aaron conclui.

A esse ponto, apenas o cara alto e negro parece saber que estamos mentindo descaradamente – além do pai de Aaron, é claro. Mas ele não diz nada, felizmente.

─ Isso é bom. Vocês já marcaram uma data? ─ o intrometido pergunta.

─ Sim. Estamos esperando o dia do nosso aniversário de namoro. ─ Aaron diz.

─ Assim fica mais fácil para ele não esquecer nenhum futuramente. ─ brinco, e eles dão risada.

O assunto volta para política pouco tempo depois, e Aaron dá um jeito de nos afastar.

─ Uma foto? ─ um fotógrafo aparece. ─ Você é o filho do primeiro ministro, certo? Aaron? ─ Aaron concorda. ─ E a senhorita?

─ Cassandra. Eu sou... ─ Aaron me aperta. ─ Noiva dele.

─ Noiva! Meus parabéns! ─ agradecemos, e então posamos para duas fotos. Uma onde estamos apenas lado a lado, com a mão dele na minha cintura, e outra onde estou meio de lado, com um braço no peito dele, e ele me abraçando. ─ Perfeito! Vocês vão receber as fotos amanhã mesmo.

─ Obrigada. ─ falo, por educação.

O fotógrafo some de vista, e Aaron pega minha mão mais uma vez.

Tô começando a achar que ele tem algum fetiche por mãos.

Ele nos leva por um corredor até a sala onde estávamos, mas passa direto, até a porta de entrada.

─ Aaron? Onde vamos?

─ Embora. Já deu.

─ Mas o seu pai...

─ Ele já sabe. E o que ele pode fazer? Me amarrar nele? ─ ele bufa, e entramos no carro. ─ Apareci. Apresentei minha noiva. Conversei com os amigos dele. O que mais eu vou fazer aqui?

Dou de ombros, e ele dá partida no carro.

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