Eu já tinha gastado 60 dólares em diárias no hotel, e isso significa quatro noites – com a noite em que passei no apartamento de Sasha e Josh, cinco.O único ponto positivo é que eu arrumei um emprego. É de garçonete, em um restaurante bem decente; vou ganhar 700 dólares por mês, e vou sair amanhã mesmo para procurar um pequeno apartamento para alugar.
São seis da tarde agora, e eu acabei de pedir comida chinesa em um restaurante aqui perto. Deitei na cama, assistindo Netflix no meu celular, para esperar.
Meia hora depois, a comida chegou.
Peguei o dinheiro na minha carteira e saí para pegar a comida. O entregador me deu a sacola, com o troco, e eu o paguei.
Eu estava a dois passos de voltar para o quarto quando ouvi: ─ Cassandra?
Eu conhecia aquela voz. E, também, não é como se muitas pessoas me chamassem pelo nome inteiro.
Olhando para a minha esquerda, confirmo meus pensamentos. É Aaron Liebregts, um antigo colega do ensino médio.
─ Aaron. ─ exalo, e ele se aproxima alguns passos. ─ O que você tá fazendo aqui?
─ Acho que eu deveria perguntar isso. Você é quem mora em uma mansão de três andares que nunca tem uma rachadura na parede, não eu. ─ seguro a vontade de revirar os olhos. ─ Meu banheiro alagou. Qual o seu motivo?
Eu não via ou falava com Aaron há muito tempo. Não tem nenhuma razão para eu dizer a verdade à ele.
─ Precisava de um tempo sozinha... ─ dou de ombros, esperando que tivesse soado convincente o bastante.
─ E essa roupa é algum tipo de fantasia? Halloween antecipado? ─ ele zomba, e eu quase xingo por ter decidido tomar banho depois que comesse, e não antes. Eu ainda estava usando o uniforme do restaurante. ─ Eu conheço esse uniforme. Uma amiga minha trabalhava nesse mesmo lugar, mas ela foi demitida há uns dias. Provavelmente, a vaga que você preencheu era dela.
Eu não tinha absolutamente nada para dizer.
─ Beleza, não curto muito conversar com as paredes. Tchau, Cassie. ─ ele sorri e sai.
Volto para o quarto e bato a porta. Eu não poderia ter sido mais burra se tivesse escolha.
Devorei a minha comida em dez minutos, e fui direto tomar um banho rápido depois disso. Eu estava na cama às dez.
Acordei no dia seguinte às nove. Tomei banho, colocando o uniforme do restaurante, e corri para chegar um pouquinho mais cedo, como sempre fazia.
O dono daqui não tem problemas em contratar universitários; meu turno é das dez e meia às uma da tarde de segunda a sexta, e das onze às cinco nos sábados.
Trabalho servindo as mesas, como aprendi, e faço isso até o meu turno acabar. Praticamente corro para trocar de roupa e voltar para o hotel, onde eu pegaria o meu carro e iria para o campus.
Faço exatamente isso, e assisto as cinco aulas do dia com tanta atenção quanto possível.
Faço a mesma coisa todos os dias, de novo e de novo, até que aqueles 60 dólares se tornaram 150, porque eu não consegui encontrar nenhum lugar que eu conseguisse manter.
Eu estava começando a quebrar.
─ Ei, Chick. ─ Sasha me recebe na porta do seu apartamento.
Entrei na sala atrás dela, e acho que a minha exaustão era visível, porque quando sentamos no sofá, ela disse:
─ É tão ruim assim?
Sasha e Josh vêm de uma família tão boa quanto a minha. Os pais deles são advogados e vivem no Canadá; Sasha e Josh, no entanto, escolheram vir para os Estados Unidos e viverem sua própria vida – com o total apoio dos pais.
─ Não quero parecer uma pessoa horrível, mas sim. Eu nunca estive tão cansada na minha vida, Sash, e só fazem onze dias! ─ aperto os olhos, na intenção de evitar o choro visível.
Naquele momento, Josh entrou no apartamento. Eu quase ri, me lembrando das mensagens de alguns dias atrás, mas não estava no estado de espírito para isso.
Ele tomou o lugar na minha esquerda e encostou o joelho no meu.
─ Você ainda pode ficar aqui com a gente, se quiser. Eu falei sério aquele dia. ─ ele diz, dando um empurrãozinho na minha perna.
Eu não sabia por que estava lá, para início de conversa. Acho que eu só precisava não estar sozinha por pelo menos alguns minutos.
─ E sua mãe, Chick? Você nunca fala sobre ela...
─ Ela mora em Boston, com a minha irmã mais velha. Elas se mudaram quando Andy fez dezoito anos e entrou em Harvard. ─ reviro os olhos. ─ Eu deveria ter ido morar com elas há três anos.
─ E o que aconteceu?
─ A condição era meu pai pagar pela faculdade de medicina. Eu inventei algumas desculpas para adiar isso, e eventualmente ele parou de falar sobre o assunto. Acho que ele não esperava que eu tivesse dinheiro para pagar eu mesma.
─ Você não pode ir para Boston? ─ Josh pergunta. ─ Não me leve a mal, ok? Eu adoro a sua companhia e Los Angeles seria chato sem você, mas você precisa de algum apoio agora. Mais do que eu, Sasha ou Elise podemos dar.
Balanço a cabeça.
─ Mesmo não tendo sangue dos Jackson, minha mãe é tão tradicionalista quanto. Ela e meu pai se conheceram em um maldito hospital! Eu não poderia esperar menos... ─ suspiro. ─ Boston é a última opção. Significa que eu desisti.
─ Então persista, Cassie. ─ Sasha aperta minha mão. ─ Não vai ser nem um pouco fácil, mas se isso aconteceu, foi porque você pode aguentar. E se alguma vez você duvidar que consegue sozinha, nós estamos aqui. ─ ela olha para o irmão.
─ Obrigada. ─ sussurro.
Não fico lá por muito tempo mais. Não quero incomodar Sasha e Josh com as minhas merdas.
No instante em que sento no banco do meu carro, a barreira que segurava as lágrimas se rompe, e elas começam a cair, sem que eu possa impedir.
Eu já chorei mais nesses últimos onze dias do que nos últimos cinco anos. Acho melhor eu me acostumar com isso.
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pretending ꪵ
FanfictionOnde Aaron precisa de uma noiva falsa, e Cassie precisa de um lugar para morar. jan. 18th / ap. 10th © magicklaus, 2022