Como prometido, Josh estava na porta da minha casa uma hora depois. Eu já tinha feito as malas, três e uma mochila no total, e precisei da ajuda de Josh para descer elas.Se meu pai percebeu a movimentação, ele não saiu do quarto para ver o que era. Ele provavelmente tinha adivinhado a minha decisão.
O condomínio de apartamentos onde Josh e Sasha moram não é muito longe dali, talvez uns vinte minutos de carro, ou menos.
Na metade do caminho, comecei a chorar de novo. Josh me deu um abraço quando parou em um farol vermelho, e sussurrou que iríamos dar um jeito. Então ele voltou a dirigir e eu tentei parar de chorar. Consegui, eventualmente, e meu rosto já estava seco quando chegamos lá.
─ Não precisa. ─ interrompo Josh quando ele tenta tirar uma das minhas malas do carro. ─ Eu só vou ficar essa noite. Amanhã a gente tira.
─ Tem certeza? ─ ele pergunta e eu concordo. ─ Ok.
Levo apenas a mochila, que contém os dois livros que eu trouxe – porque esqueci de deixá-los no meu armário na universidade –, uma muda de roupas e meus produtos de higiene.
Entramos no elevador e Josh aperta o botão com o número cinco. Menos de dois minutos depois, a porta de metal se abre e ele me leva até uma das três portas no andar.
Sasha me recebe com um abraço imediatamente, e eu quase caio no choro pela terceira vez.
─ Vamos dar um jeito, Chick. ─ ela sussurra e me aperta antes de me soltar. ─ Você tá bem?
─ Na medida do possível, sim. ─ respondo baixinho. Era tanto verdade quanto mentira, mas eu não estava disposta a ir a fundo agora.
Sasha me leva até o sofá e nos sentamos. Eu só estive aqui uma vez, há uns meses, quando Sash passou mal no almoço e precisava de uma carona para ir embora, mas fiquei por uns dez minutos e fui embora.
─ Eu vou dormir no sofá, você pode ficar na minha cama. ─ Josh diz, ainda em pé. Arregalo os olhos.
─ Não! Nada disso. Eu fico com o sofá, e você continua na sua cama. ─ falo, determinada. ─ Vai ser só essa noite, de qualquer maneira.
Vejo Sasha franzir a testa.
─ Só essa noite?
─ Eu tenho um dinheiro guardado... Posso me virar. ─ eu não disse à ela que esse dinheiro é o da mensalidade da faculdade, mas ela não precisa saber. ─ Obrigada por me deixar ficar hoje.
─ Não precisa agradecer, Chick. Você é minha melhor amiga. ─ ela abraça meus ombros.
─ Vou pegar umas cobertas e travesseiros pra você, então. ─ Josh diz, e some pelo corredor. Ele volta pouco tempo depois, com uma manta, um edredom e dois travesseiros. ─ O sofá é retrátil. Não é mil maravilhas, mas...
─ É ótimo. ─ sorrio em agradecimento. ─ Obrigada. Vocês dois.
Não era tarde. Provavelmente nem nove da noite ainda. Mas os dois me deram boa noite e foram para seus quartos; eu agradeci mentalmente por isso. Não estava no clima pra conversa.
Mas também não estava com sono, então me ocupei em mexer nas minhas redes sociais por um tempo, até sentir que poderia pegar no sono.
Acordei cedo demais no dia seguinte. Nem oito da manhã. Mas precisava buscar o meu carro – um Tesla acinzentado – na oficina, onde esteve pela última semana; eu esqueci de trocar o óleo quando precisava, e deu alguma merda no motor.
Por sorte, tinha algumas moedas na minha mochila e pude pegar um ônibus até lá, e voltei dirigindo para o pequeno condomínio.
Quando voltei, uma hora depois que saí, Sasha e Josh já estavam de pé. Josh fazendo café na cozinha, e Sasha em algum lugar fora de vista.
─ Bom dia. ─ falo, me aproximando e me sento em um dos três banquinhos do balcão.
─ Bom dia. ─ ele me responde, sorrindo fraco, e coloca um prato com três panquecas na minha frente. ─ Sash disse que você gosta.
─ Eu gosto. ─ sorrio. ─ Obrigada.
Josh me passa o pote com o mel industrializado, e eu despejo um pouco sobre as panquecas. Corto um pedaço com o garfo e faca e como.
─ Qual é o seu plano? ─ ele pergunta, pegando um prato para si mesmo e sentando do meu lado.
─ Eu vou ter que arrumar um emprego, é óbvio. ─ falo. ─ E alugar algum apartamento o mais rápido possível. Minhas economias vão diminuir, mas acho que consigo repor em um tempo.
Ele fica em silêncio por um tempo.
─ Você tem certeza de que quer se jogar no mundo desse jeito? Você pode ficar aqui até arrumar um emprego. ─ ele levanta os ombros, cortando uma panqueca também.
─ Tenho certeza. Eu posso fazer isso. ─ tento falar com firmeza, mas tenho certeza que ele não acredita. Nem eu acredito. ─ Eu deveria saber que isso aconteceria em algum momento.
─ Mas te pegou de surpresa, Cass. ─ ele argumenta. Quando não respondo, ele suspira. ─ Ok. Não é minha decisão pra tomar. Mas se alguma coisa acontecer, qualquer coisa, você sabe que é mais que bem vinda aqui, ok?
Sorrio fraco.
─ Ok.
Não fui para a aula naquele dia. Ao invés disso, peguei minhas malas no carro de Josh e Sasha e coloquei no meu, e saí em busca do hotel mais barato daquele lado da cidade; seria a minha casa nos próximos dias.
O frio estava começando a dar as caras, no fim de setembro. É outono, onde o clima é quase sempre nublado e há garoa praticamente todos os dias, mas não deixei que isso me impedisse de sair – andando, para não gastar gasolina – e procurar emprego.
Depois de dois dias, comecei a me sentir como uma merda. O hotel mais barato que eu encontrei custa 15 dólares por noite, e eu estava começando a me preocupar sobre não conseguir trabalho algum.
Mas eu não voltaria atrás. Jamais.
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pretending ꪵ
FanficOnde Aaron precisa de uma noiva falsa, e Cassie precisa de um lugar para morar. jan. 18th / ap. 10th © magicklaus, 2022