É interessante como a maioria das pessoas acreditam em algo fútil como o destino — uma força arrebatadora e suprema que nos guia enquanto perdura a humanidade.
Não sou igual a elas já que meu destino tinha nome, sobrenome e conta bancária.
— O que quer que eu faça agora, hein? — Hu Tao me olhou; mesmo sendo mais baixa que eu, sentia a sua presença pesando sobre mim — Eu te disse que ia te ajudar, não fazer o seu trabalho.
Estávamos do lado de fora da sala do segundo ano, alguns dos segundanistas apontavam para nós mas Hu Tao não parecia estar preocupada. Ela nunca estava.
— Eu só- Não sei o que fazer.
Suspirou.
— Não acredito que estou ajudando um cara tão burro como você. Sério, como foi que vocês se aproximaram mesmo?
— Ele me dava aulas de reforço.
— Acabou não fazendo muita diferença, afinal.
Ela apertava as pálpebras em sinal de cansaço, aparentemente aquilo a desgastava também visto que ela, de uma forma ou de outra, querendo ou não, acabava envolvida.
O toque da sineta indicava o início das aulas e, com isso, Hu Tao se afastou ao entrar na sala.
— Desculpa, mas formular planos não é o meu forte — deu uma risada travessa — Eu fiz a minha parte e, por isso, te desejo boa sorte com o seu plano de reconquista.
Hu Tao me ignorou todas as minhas tentativas de conversar depois disso. Não conseguia planejar nada e quanto mais pensava nisso, mais frustado eu ficava. Faltava menos de uma semana para a viagem e eu não sabia como resolver aquele impasse.
Dividiríamos o quarto e acabaria sendo horrível — mais um motivo pelo qual ele acrescentaria na lista para não falar mais comigo. Eu me sentia enjoado só de pensar em cada um na ponta do quarto sem trocar uma palavra sequer.
— Precisa de um comprimido para dormir? — Tonia estava carregando algumas toalhas até o quarto de Anthon e Teucer quando eu cheguei do colégio — Você está péssimo.
— Eu, hum, aceito, é claro — tento sorrir — Eu estou preocupado com algumas coisas e acabei não conseguindo dormir direito.
— Entendo, está preocupado com o que o papai tinha dito sobre o que aconteceria se suas notas continuassem a baixar.
Isso nem passava mais pela minha cabeça, mas, ainda assim, é uma ótima desculpa.
— Por mais que eu esteja feliz com o seu esforço, acho que não precisa se aborrecer tanto com isso. Não mais.
Ela colocou as toalhas na mesa de canto e se aprontou para pegar o comprimido no caminho até a cozinha. Tonia o estendeu para mim junto com um copo de água.
— Tonia?
Eu olhava para baixo, para os tornozelos dela e lembrava de como eles eram gordinhos quando éramos crianças. Mamãe costumava brincar que eles fariam uma ótima sopa. Aquela lembrança me fez sorrir.
— O que foi? — ela soltou de forma nasalada, prendendo a risada para manter um pouco de seriedade.
— Eu posso te pedir um conselho?
— Isso é... repentino — se assustou — Mas, bem, é claro que você pode.
Pela primeira vez na semana, consegui olhá-la nos olhos. Os olhos de Tonia brilhavam com aquela vivacidade que faltava a Ekaterina e ainda carregava aquela inocência e felicidade que eu tinha deixado para trás há tempos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐌𝐀𝐑𝐋𝐁𝐎𝐑𝐎 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 • zhongli x childe
FanfictionTartaglia está, finalmente, em maus lençois. Após uma intervenção da diretora e uma recapitulação desagradável do seu estilo de vida, ele percebe o quão encrencado está. Porém, uma alternativa aparece como uma luz no fim do túnel - uma ajuda organiz...