𝐌𝐀𝐑𝐋𝐁𝐎𝐑𝐎 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 • zhongli x childe

onze

Havia passado um dia desde que chegamos e eu não tinha saído da cama ainda. A voz de Albedo fazia um eco enorme em minha cabeça e isso me deixava nervoso.

Nervoso porque ele estava certo, porque a culpa era minha mas eu não tinha coragem para admitir e me desculpar, porque, bem lá no fundo, eu tinha gostado do beijo e queria que ele se repetisse.

Quando ouvi uma batida na porta, me enrolei mais nos lençóis, pronto para me fingir de morto para sei lá quem estivesse atrás de mim já que eu era o único ali.

- Vamos, você não vai me deixar entrar? Assim, eu vou me arrepender de ter trocado de quarto com você.

- O que você quer? - falei por debaixo do pano que me cobria - Eu não estou a fim de sair.

- Abre logo a merda da porta, seu maldito - Yunjin gritou - Se eu for pega por aqui, eu vou te matar.

Levantei para abrir a porta.

- Você enlouqueceu? Por que está aqui? E o mais importante: como você chegou aqui?

Yunjin usava um bucket preto que escondia uma parte dos cabelos, calça moletom e camisa larga. Andava atrás de Kazuha como se ele fosse uma capa da invisibilidade.

- A segurança é mais reforçada na ala das meninas, não é como se eles imaginassem que uma de nós viesse aqui por livre e espontânea vontade.

- E você? Está aqui por livre e espontânea vontade?

- Óbvio que não, Kazuha que ligou pra mim e falou que você estava fazendo birra. De novo.

Ela passou por mim e entrou no quarto, puxou a minha mala que estava debaixo da cama e a abriu.

- Patético, mas eu já imaginava - comentou - Não acredito que está sobrevivendo desde ontem a base de salgadinhos e amendoim salgado. Espero que suas veias entupam.

- O que é que há com ela? - sussurrei para Kazuha - Por que está tão irritada?

- A Xinyan não veio, daí ela teve que dividir o quarto com a Keqing e está enlouquecendo com a mania de limpeza e organização dela.

- Faz sentido.

Por isso, quando Yunjin começa a comer os meus chocolates ou a dormir em meus lençóis, eu não interfiro.

Kazuha, por sua vez, estava parado na frente da grande janela. Ele olhava com um olhar sonhador para a nevasca que se amansou e se tornara apenas uma leve brisa.

Lá embaixo, dava para ver aqueles que se aventuravam em andar de ski subindo e descendo de chairlift.

- Childe, você sabe que eu detesto conversas sérias, não é?

- Espero que isso não seja uma.

Ele riu.

- Vou tentar - continua - Eu fiquei surpreso quando eu cheguei naquele quarto, quase tão surpreso quanto o seu amigo. Aquilo me deixou decepcionado.

- O que quer dizer?

- Quero dizer é que estou decepcionado com o fato de ter alguém que se importa com você, mas ainda continua vacilando.

Pude ver um casal andando de ski, um apoiava o braço no ombro do outro. De longe, dava para ver que as pernas dessa pessoa tremiam, mas ainda conseguia ouvir as risadas dos dois.

- O que vocês conversaram?

- Não foi nada demais.

Ficamos em silêncio por um tempo, ainda observando. O que tinha tremedeira nas pernas havia caído na neve enquanto ria alto; o outro, que tentara ajudar, fora puxado para o chão.