— Então, você passou o final de semana inteiro lá? Foi divertido? — Yunjin me perguntou, a ponta da caneta rabiscando a atividade, rápida e desordenadamente — Aliás, avisou o seu pai?
— Sim, sim e... não — respondi quando chegamos a sala, coloquei a mochila na carteira ao lado dela enquanto Kazuha pôs a dele na minha frente.
— Sabe, de um jeito ou de outro, querendo ou não, ele ainda é seu pai — ele disse, as palavras reverberando na sala vazia — Deveria avisar nem que fosse um “ei, 'tô saindo ali pra passar o final de semana e não precisa se preocupar porque eu vou estar com alguém mais responsável e inteligente que eu”.
Suspirei ao olhar para o teto.
— Eu pensei que você ia estar do meu lado nessa.
— Eu estou, mas família é família, cara. Tem pessoas que se importam com você, precisa levar isso em consideração.
— Que lindo o discurso. É o tema do seu seminário do fim do semestre? Que comovente. Por favor, me fale o dia e horário para eu marcar outra coisa pra fazer — rebato.
O vento bateu no rosto de Kazuha quando ele ficou de frente para mim. A mecha vermelha em seu cabelo balançou levemente antes de sentar na cadeira, as mãos levantadas em sinal de rendição. É irritante como ele consegue ser bonito simplesmente existindo.
— Você está irritado, entendo. Não vamos brigar. A vida é sua, amigo.
— Obrigado pelo apoio.
Yunjin apenas nos encarou com desgosto evidente, o rosto era firme como o de uma máscara. Carregava aquela expressão que ela sempre usava pra me repreender.
— Kazuha está certo. Deveria ter avisado alguém da sua fuga irresponsável, seu idiota.
— Você precisa se preocupar menos comigo, Yunjin.
— Então me conte o que está havendo com você.
Aquilo me confunde, repasso mentalmente a frase uma dezena de vezes e ainda não entendo onde ela quer chegar.
— Ah, qual é? Faz um mês que vocês estão grudados como unha e carne. Lancham juntos, almoçam juntos, estudam juntos. Então, depois do único dia que você resolveu ficar na sala, me aparece dizendo que passaram o final de semana juntos.
— Somos amigos. Apenas isso.
— Então nós não somos amigos? — Kazuha pergunta, parecia genuinamente triste. Está parcialmente virado para mim, as pernas estendidas na cadeira da frente de Yunjin.
— Não é isso. Você mora com a nossa diretora e também com a treinadora — enfatizo — Eu já tenho contato o suficiente com a escola no meu horário normal.
Kazuha apenas dá de ombros, indiferente como na maior parte do tempo. Yunjin se vira para mim, os olhos fixados no meu.
— Então... não estão juntos?
— Estamos, ué. Já disse que somos amigos.
Ela me analisa rapidamente. Não diz nada mas os traços do rosto deformados em sulcos na testa e acima do lábio deixam claro que ela está fazendo teorias sobre mim novamente. Algo como se eu tenho um cérebro ou se subornei alguém para chegar tão longe no ensino médio.
A sala começa a encher com o toque da primeira aula. Viramos para encarar o quadro quando todos sentaram e Bao'er entrou pela porta com um sorriso sádico nos lábios, as provas a serem feitas estavam empilhadas em seu braço esquerdo.
— Hoje é o dia, turma — ela começou a distribuir lentamente entre as filas antes de se sentar na mesa para nós observar — O dia de vocês sentirem o verdadeiro gostinho do inferno.
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𝐌𝐀𝐑𝐋𝐁𝐎𝐑𝐎 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 • zhongli x childe
FanfictionTartaglia está, finalmente, em maus lençois. Após uma intervenção da diretora e uma recapitulação desagradável do seu estilo de vida, ele percebe o quão encrencado está. Porém, uma alternativa aparece como uma luz no fim do túnel - uma ajuda organiz...