dezesseis

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Aquela era uma sala enorme, imponente e bem organizada; tomada por uma mesa gigante em formato de círculo e distante das outras três pessoas que eu estava reunido, mas eu me sentia extremamente claustrofóbico — como se as paredes se juntassem para se fechar ao meu redor de forma lenta.

Quando Shenhe havia sugerido um concílio, imaginava que ela queria me fazer sentir intimidado, mas não pensava que ela iria convidar mais gente para isso. Só o olhar dela já me assustava o suficiente.

— Por favor, repita para elas o que disse para mim — a voz fria ecoava pelo salão.

Respirei fundo e olhei de canto para trás, onde Zhongli estava parado ao lado da porta, encostado e quase tão congelado quanto eu.

Parece que é o momento certo para que eu te deixe orgulhoso.

— Há um tempo, recebi os documentos que eram voltados à gestão contábil sobre o setor de desenvolvimento — usava as palavras para tentar desembolar o nó que se formava em minha garganta — Fiz questão de verificá-los e vi que o que constava ali não fazia juz aos comprovantes.

— Ah, sério? Conte-me uma novidade — a voz veio da direita de Shenhe, uma mulher de cabelos cor de rosa e um sorriso de raposa virou-se para mim com um olhar divertido — Bem, docinho, saiba que o seu pai que permitiu essa confusão que observou nesses papéis.

Guuji Yae, nunca pensei que ela seria a mais difícil a ser convencida.

— Sim, mas...

— Sem “mas”, — interrompeu com uma mão — se eles não tivessem confortáveis com o que estivessem acontecendo e, acredite, vem ocorrendo há um tempo, não teriam provas. O que você tem aí em sua mão são apenas registros da falta de resiliência e caráter que o presidente apresenta.

Seu sorriso foi felino, malicioso. Era como se ela fosse um gato que estava a espreita de um passarinho machucado, apenas esperando para dar o bote.

— Podíamos muito bem usar essas suas provas e indicar um novo presidente, acho que uma mulher seria muito mais correta para esse trabalho — ela riu enquanto rodopiava uma caneta entre os dedos — Está evidente que vocês, homens, não sabem se decidir.

Uma memória estalou em minha mente, a reminiscência de uma frase que minha mãe havia dito uma vez. Algo como que as armadilhas são sutilmente colocadas, seja ela feita de palavras ou de aço.

Conseguia ver entre as palavras de Yae e sua teia de significados, ela esperava que eu ficasse indignado, exasperado e não só a insultasse, como também destratasse as outras duas que estavam ali com ela.

Respirei fundo antes de responder.

— Senhorita Guuji, adoraria criticar e apontar que está errada quanto a personalidade de meu pai, mas posso ver que compartilhamos a mesma falta de apreço por ele — pude ver o seu sorriso morrer lentamente — Por mais que eu concorde que há pessoas ainda mais competentes e experientes que eu, peço apenas uma chance para que eu possa consertar os erros que ele cometeu e reparar o que foi tirado de vocês.

Guuji Yae estava quieta — por que ela estava quieta? — e seu rosto era inexpressivo; somente os seus olhos tinham aspecto curioso porque me avaliavam cruelmente.

Do lado esquerdo da sala, ouvi um riso baixo. Ali, sentada com um sorriso amigável no rosto, estava Jean. Agora era ela quem parecia se divertir.

— Nunca pensei que alguém conseguiria arrancar as injúrias da boca de Yae, ela claramente não estava preparada para alguém que tem controle emocional.

Jean carregava aquele ar amigável, tratando-me com cordialidade.

— Bem, suponhamos que o indicamos e, por maioria, é claro, seu nome fora o escolhido — ela juntou as duas mãos e apoiou os cotovelos na mesa — Como pretende fazer o que está nos prometendo aqui?

𝐌𝐀𝐑𝐋𝐁𝐎𝐑𝐎 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 • zhongli x childeOnde histórias criam vida. Descubra agora