treze

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Diferente da Montanha Nevada, a neve que caía em Mondstadt era mínima, porém era o suficiente para cobrir os telhados das casas e sujar as ruas.

Em uma formação de duas filas paralelas, seguimos Albedo em um pequeno grupo pela cidade, já que ele era o mais familiarizado — passeamos pelos canteiros superiores perto da Catedral, fomos comprar lembranças no Vento da Glória e acabamos por parar em frente a um restaurante.

— O que você quer comer? — perguntei a Zhongli enquanto ele avaliava o cardápio — Não conheço muito de culinária além do que eu costumo comer em casa.

— Eu também não tenho familiaridade com receitas que vem de fora, só que tem algumas aqui que realmente me chamaram a atenção.

Zhongli estava com aquele olhar concentrado no rosto igual as vezes que ele costumava encontrar uma questão trabalhosa — as sobrancelhas baixas, os lábios franzidos e, quando ficava inquieto demais, mordia o canto da boca e suspirava.

— Eu acho melhor você fechar a boca para não deixar nenhuma mosca entrar — Kazuha falou baixo para mim, segurando o riso.

— Hein?

— Você está praticamente babando, Childe — ele bebericou o chá — Eu sei que está apaixonado por ele e tal, mas isso já é deixar muito na cara. Já faz uns cinco minutos que eu estava tentando falar, só que você estava no mundo da lua.

— Er, eu...

A frase morreu antes que chegasse aos meus lábios, não sabia como argumentar contra isso.

— Relaxa, cara. Aliás, eu estou feliz que você conseguiu resolver os seus problemas — passou a mão pelos cabelos, jogando para trás as mechas rebeldes — Essa viagem fez bem, afinal.

— É, também é uma pena que a viagem vai acabar amanhã — olhei para baixo, fixamente — Nem conseguimos curtir direito.

— Eu queria dizer que não, mas isso é verdade — Yunjin falou, estava sentada ao lado de Kazuha e tinha um olhar cansado no rosto — Eu só quero voltar pra casa, esse frio todo está fazendo mal para o meu cabelo.

— Eu acho que você quer voltar pra casa por causa de outra coisa — falei.

— E eu acho que você quer morrer e eu tô doidinha pra te matar.

Kazuha pôs um mão em minha cabeça e a outra, na dela. Perto dele, parecíamos só crianças nessa situação. Só que nem eu e nem Yunjin conseguimos falar mais nada.

— Pessoal, vocês viram o Albedo? Ele estava aqui faz pouco tempo — perguntou Keqing, ela voltava do balcão com um coquetel nas mãos.

— Ele avisou que iria visitar um amigo aqui, mas ele não falou quanto tempo iria demorar — respondi — Só que eu não tenho tanta certeza se ele era somente um “amigo”.

— Por que acha isso?

— Bem, você conhece o Albedo, ele não é muito bom quando se trata de emoções, é só que, quando ele saiu daqui, parecia estar animado.

***

Ao alvorecer, o céu do topo da montanha era de perder o fôlego. Tanto de forma conotativa quanto figurativamente falando — apesar de eu ter me oferecido para acompanhar Zhongli até em casa, não posso negar que acabei me arrependendo algumas vezes no caminho. Ou, talvez, várias vezes.

— Eu sei que você não gosta disso, mas você aceitaria que eu te desse carro de aniversário? — minha voz saia entrecortada, as arfadas deixavam minha boca seca e minha garganta com uma sensação horrível de queimação.

𝐌𝐀𝐑𝐋𝐁𝐎𝐑𝐎 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 • zhongli x childeOnde histórias criam vida. Descubra agora