dezessete

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Passei dois dedos sob os lábios, ainda sentia os vestígios do beijo que Childe havia deixado ali. Era uma lembrança leve e calorosa que emergia da memória vez ou outra e me deixava sorrindo a toa.

Grandes braços me envolveram por trás enquanto eu lia, o susto me fez pular no sofá. Childe se pusera em volta de mim por completo: primeiro, suas mãos e em seguida, seu torso e pernas se enrolavam em mim como um cobertor.

— O que tanto te faz rir nesse livro? — falou com a voz em meu ouvido, sua mandíbula roçando em na pele sensível do meu pescoço — Tenho certeza que eu consigo fazer melhor.

— Está com ciúmes de... papel? — perguntei.

— Jamais, — ele debochou — só estou irritado que você simplesmente não olhou uma vez hoje para mim.

Seu rosto estava junto ao meu e sorria largamente; ele balançava levemente para os lados enquanto isso.

— Então, admite? — virei-me para olhar em seus olhos.

— Nem em seus sonhos mais obscuros — riu e eu senti a maciez de seus lábios sob os meus.

Os beijos de Childe se estabeleceram em um ponto do nosso relacionamento que ele o fazia lentamente, apreciando o momento.

— Você não costuma ser tão apegado, não sabia que queria um pouco mais de atenção hoje — falei.

— Ainda podemos resolver isso, basta você deitar na mesa de jantar que eu cuido do resto.

Engasguei e quando a tosse veio, parecia travar as minhas cordas vocais de emitir sons.

— Acalme-se, — ele pôs o nariz em meu pescoço — não vamos nos apressar se você não estiver se sentindo preparado.

Suspirei, o ar enchendo os meus pulmões novamente.

— Eu queria é te dar outra coisa hoje.

Levantei as sobrancelhas ao olhar para ele, a pergunta implícita pairava entre nós.

— É- É outra coisa — sorriu ao gaguejar, se desvencilhou e se afastou antes de responder, a voz reverberando dentro do pequeno quartinho debaixo da escada — Você não iria contar para mim mesmo, então fiz questão de ir atrás para descobrir.

Childe surgiu dali com uma pequena caixa azul e amarela, um embrulho meio desajeitado — não era muito maior que a palma da minha mão. Ele a colocou na mesa e voltou da cozinha com um bolo escondido no forno.

— Antes que pergunte, eu saí pra comprar o bolo hoje antes que acordasse — disse — A única parte ruim foi andar, mas eu suei bem menos que o normal, o que eu acho que é um sinal de que eu estou me exercitando o suficiente.

Não pude segurar o sorriso, era como se um calor crescente surgisse e aquecesse todo o meu peito.

— Bem, primeiro, o presente — segurou a caixa amarela na minha frente.

— Eu pensava que os parabéns vinham primeiro.

— Fui eu quem organizou e sou eu quem decide o que fazemos primeiro ou não — ele levantou uma sobrancelha com um brilho infantil em sua expressão.

Revirei os olhos, mas não pude segurar o sorriso.

— Está bem.

Desembrulhei o pacote, era bem simples. Uma caixa branca sem detalhes com vários pedaços de papel colorido na parte de dentro.

— Esses são vales, quis fazer algo a mão para mostrar que eu sei resolver as coisas sem dinheiro  — ele riu, vermelho e claramente nervoso — Bem, eu meio que usei dinheiro com os papeis e a caixa, mas... é só que... Ah, não importa. Só espero que tenha gostado.

𝐌𝐀𝐑𝐋𝐁𝐎𝐑𝐎 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒 • zhongli x childeOnde histórias criam vida. Descubra agora