Quando o sinal da escola tocou, Sol estava caminhando de volta para casa, quando sentiu alguém andando atrás dele, como se estivesse seguindo.
- Ei, eu posso te levar até sua casa?- Oliver sussurrou.
- Pode sim, vamos conversar pelo caminho.
- Beleza, então... Como é sua família? Minha mãe é super atarefada, quase nunca tá em casa, e meu pai... ele também é atarefado, mas sempre passa o tempo comigo.
- A Rosa faz a melhor comida do mundo, você deve ter percebido isso ontem, né?
- Vi sim, e a comida do seu pai, como é?
Ao ouvir a pergunta, Sol tentou procurar uma boa resposta, ou até mesmo mentir sobre, mas apenas conseguiu ficar em silêncio por alguns minutos.
- Eu disse algo errado?
- Não, Oliver, é que tipo... Eu nunca conheci meu pai, ele nos abandonou quando eu era bebê, minha mãe geralmente trabalha como faxineira em certos lugares para conseguirmos viver.
- E-e-eu s-sinto muito, não sabia desse detalhe.
- Sem problemas, inclusive, estamos quase chegando em casa, quer se despedir aqui mesmo?
- Claro, tchauzinho.- O garoto deu um beijo na bochecha de Sol, que logo desviou a cabeça.
Rosa preparava a comida na cozinha quando chegou em casa. O filho guardou a mochila no quarto, se trocou, e logo depois deitou no sofá.
- Como foi a escola hoje?
- Legal, mãe, o Oliver tinha me levado até a rua daqui de casa.
- Ah, esse Oliver...
- Ele me disse sobre o pai dele, que mesmo trabalhando muito, tentava ficar com ele, essas coisas...
- Já sei, nessa hora, você lembrou que seu pai nem é presente na sua vida, né?
- É mãe, você é incrível, mas ás vezes sinto falta da presença de um pai, me lembro da vez que não tinha para quem dar a lembrancinha de dia dos pais no terceiro ano...
A mãe sentiu a indignação de Sol, que pegou seu álbum de fotos, olhava para ele desde pequeno. Lembra de início que queria ver se o pai estaria em uma daquelas fotografias.
- Ele não está aí, filho. Seu pai nem se importou com a minha gravidez, mesmo que antes, ele falasse que me amava muito. É por isso que quero te proteger, o amor é perigoso ás vezes.
- É, mãe, mas verdadeiramente, você deveria guardar isso, é o Alexander que está nessas fotos, e não eu.
Logo, a mulher puxou o álbum das mãos de Sol e pediu para que ele fosse pegar a comida, que já estava pronta. Ela logo se sentou na mesa para comer também.
- Ei, lembre-se que você não precisar ter um pai para ser muito amado, existe eu e seus amigos.- Disse calmamente, enquanto percebia o sorrido dele.
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O terceiro lado da história [Não binário]
Teen FictionSol não possui lembrança alguma de seu pai, Augusto, que abandonou a família quando tinha apenas 3 anos. Possuindo dificuldades típicas da adolescência, tenta aceitar sua identidade não binária enquanto sente a transfobia em seu cotidiano. Sua mãe...