Num piscar de olhos, 15 anos se passaram, e parecia ter superado tudo aquilo. Alexander não existia mais, na verdade, o bebê que foi visto como um menino por anos nunca se identificou assim, nem mesmo como uma menina, apenas queria quebrar o conceito de dois gêneros existentes.
Agora, na verdade, o seu nome é Sol, se sente confortável com pronomes masculinos, mas ainda se sente diferente diante desse mundo que só aceita o padrão homem-mulher. Decidiu abandonar aqueles cabelos castanhos que herdou dos pais e pintou de amarelo para combinar com seu próprio nome.
- Ahhh, por quê a escola existe?- Acordou e rapidamente foi arrumar o material.
- Vamos, filho! É o primeiro ano do ensino médio, o que pode dar de errado?- Rosa tentou motivar.
- Verdade, vou ver meus amigos lá, obrigado por lembrar disso.
Logo, Sol colocou seu uniforme e guardou os livros na mochila, quando Rosa o parou perto da porta:
- Lembre-se, nada ou ninguém pode te julgar pelo que você é.
Ele acenou com a cabeça e foi correndo até a escola, em busca de seus melhores amigos: Júlia e Daniel. Eram uns dos poucos alunos da sala de aula que realmente amava, que sabiam de todos os seus segredos e ajudavam em seus problemas.
- Oii Sol! Não tinha te visto por aqui, como vai?- Júlia o cumprimentou.
- Tô bem, Ju! Acho que esse ano letivo vai ser muito bom!
- Provavelmente o sinal vai tocar daqui a pouco, vamos ir pra nossa sala mais cedo só de garantia para pegarmos o melhor lugar?
- Claro, vamos lá!- Ela concordou.
Cuidadosamente, os dois subiram as milhares de escadas e sentaram nas carteiras da frente.
- Ei, vocês já estudam aqui?- Alguém perguntou, assustados, olharam para trás, era um aluno novo.
- Primeiramente, se apresenta, quem é você?- Sol ainda tentava superar o susto.
- Meu nome é Oliver, prazer em conhecer vocês.
O sinal tocou, e todos corriam como crianças em procura de cadeiras. Haveria a aula mais odiada por pelo menos, metade da sala: Química!
- Odeio esses papos de tabela periódica, não quero ser o Albert Einstein!
- Eu concordo, quer dizer... Cheguei meio atrasado, foi mal!- Daniel se sentou ao lado de seu amigo, rindo baixinho.
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O terceiro lado da história [Não binário]
Teen FictionSol não possui lembrança alguma de seu pai, Augusto, que abandonou a família quando tinha apenas 3 anos. Possuindo dificuldades típicas da adolescência, tenta aceitar sua identidade não binária enquanto sente a transfobia em seu cotidiano. Sua mãe...