Na escola, chegou mais cedo para conversar com o companheiro, realmente estava muito mal:
- Bom... sabe o meu pai?
- Sim, o que aconteceu?
- Eu descobri que ele só tinha voltado pra pedir dinheiro... fiquei triste, sabe?
- Nem consigo imaginar, meu pai é muito presente na minha vida, mas o seu...
- Nossa, chegou mais cedo pra conversar com o namoradinho??- Júlia já chegava zangada por Sol, mais uma vez, preferir conversar com o namorado.
- Poxa vida... Inclusive, quer fazer um rolê na quinta-feira?
- Não vai dar, o Daniel me pediu pra ajudá-lo a praticar redação, já que ele vai tentar fazer uns simulados de ENEM...
- Ah, entendi.
O amigo havia acabado de chegar, sonolento como sempre. Parecia dormir ás três da manhã, mas Sol sempre tinha uma estratégia: Costumava colocar música alta no ouvido dele.
- AH! QUE DROGA! TIRA ISSO DO MEU OUVIDO!
- Ué? Você fica dormindo em pé e não posso fazer nada?
Ficaram conversando por mais alguns minutos até o sinal tocar, todos os alunos odiavam as aulas de física. Sol estava bebendo muita água, acabou ficando com vontade de fazer xixi, de novo. Por sorte, o banheiro de deficiente existia.
- Ah, odeio ter que perceber como banheiros são tão binários...- Sussurrava para ele mesmo.
- EI? O que está fazendo no banheiro de deficiente?
- Inspetora? É que... não gosto de ir no banheiro masculino, nem no feminino...
- Sol? Você? Nem tinha reconhecido, me desculpe.
Saiu rapidamente do banheiro, mesmo que odiasse física, precisava anotar a matéria.
- Amor, conseguiu ir ao banheiro?- Oliver perguntou carinhosamente.
- Consegui sim, foi só a inspetora que não tinha me reconhecido e quase brigou comigo.- Deu um beijinho no namorado.
- Percebeu que a gente vai passear juntinhos amanhã? Perdi as contas do tempo mesmo, hoje é quarta...
- Verdade! Não vejo a hora de ficar contigo.
- Nem eu... Você é o Sol que ilumina o meu céu.
- Ain, que cantada fofinha!- A nerd Maria passava pela mesa dos dois.
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O terceiro lado da história [Não binário]
Novela JuvenilSol não possui lembrança alguma de seu pai, Augusto, que abandonou a família quando tinha apenas 3 anos. Possuindo dificuldades típicas da adolescência, tenta aceitar sua identidade não binária enquanto sente a transfobia em seu cotidiano. Sua mãe...