Capítulo 15

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Ao acordar, logo se trocou e desceu as escadas, percebendo a presença de um homem, o seu pai.

- Quem é esse menino de cabelo amarelo?

- É o seu filho.- Rosa encarou o garoto pensando em como iria explicar a identidade dele.

- ALEXANDER? Você? Como cresceu!

- O nome dele não é Alexander.- A mãe tentava iniciar a conversa, vendo o olhar de confusão de Augusto.

- Como não? Me lembro que era exatamente o nome dele!

- Eu te explico no caminho.- Sol puxou o braço do pai para levá-lo à escola.

Ao fechar a porta de casa, procurava palavras que pudessem explicar o que era a identidade não-binária, encarava todos os lados para se distrair.

- Bom, acontece que... Eu não me identifico como garoto, nem como garota, mas me sinto confortável com pronomes masculinos.

- Essa coisa de não ser homem ou mulher é invenção, não é?

- Na sua mente do século passado pode até ser, mas na minha não. Até a Rosa, que nasceu numa geração totalmente diferente da minha aceitou o meu gênero.

- Se o seu nome não é Alexander, qual é agora?

- O meu nome é Sol.

- Hm? Sol? Estranho, mas até que é criativo.

Correndo, disse um tchau baixinho para o pai e entrou na escola. Augusto pareceu não entender a sua identidade, talvez uma conversa futura pudesse ajudar.

- Júlia? Daniel? EI! Eu tenho que contar uma coisa pra vocês.

- O que é?- A amiga se virou rapidamente para ouvir a fofoca.

- O meu pai... ele voltou.

Daniel derrubou os livros no chão e encarou Sol, como se tentasse compreender a fala do amigo.

- C-COMO? 

- Ele foi me levar na escola hoje, e pelo visto parece transfóbico, não me aceitou como não-binário.

- Nem consigo imaginar o quão bagunçada sua cabeça está.- Oliver se sentou em uma cadeira perto do trio, olhando para Sol.

- É claro que está... Não consigo parar de pensar nisso.

O terceiro lado da história [Não binário]Onde histórias criam vida. Descubra agora