Escória
— Ora ora, estava me perguntando onde esse lixo estaria depois daquela cena, mas não é que ele estava onde devia estar. — Jack escutou a debochada voz que ele conhecia muito bem, a voz daquele que tem sido seu carasco há anos. — Vem cá, se aproxime que eu quero te falar algo.
Jack por um momento ficou paralisado quando seus olhos alcançaram a figura daquele que o chamava, seu físico escultural, os olhos azuis e cabelos loiros, aquilo o enchia de medo e toda a dor que ele sentirá nos últimos três anos pareceu devorar o seu corpo se uma só vez.
Naquele momento ele fez apenas o que estava ao seu alcance, caminhou até o garoto loiro, que estava acompanhado por dois "amigos" seus que mais pareciam guarda-costas parado cada um de um lado.
*PHAM*
Jack cambaleou para trás com seu ouvido direito falhando, como se houvesse um apito dentro dele. Toda a lateral direita do seu rosto dois intensamente após o tapa que recebeu do garoto que colocava dois anéis em cada dedo, menos no polegar.
— Quem você pensa que é ousando mijar na mesma sala em que eu estudo? — Jack nem mais escutava o loiro, sua cabeça continuava curvada depois do tapa, com inúmeros pensamentos rodando em sua mente.
Ele queria revidar, queria dar o troco, queria encher aquele maldito play Boy de porrada, ele queria mesmo mas não podia.
O loiro era Damien Hirst, filho mais novo do presidente daquele país, assim que Jack reagisse seria espancado por Damien e seus amigos, e em seguida seria espancado pelos seguranças pessoais dele e ainda teria sorte se ficasse só por isso.
— Você é a escória e todos sabem disso, mas não traga seus hábitos para o nosso território. — dizia Damien enraivecido, contorcendo seu rosto com algum nojo enquanto encarava o Jack.
— Hii, olha lá, o esquisitão está sangrando. — um dos companheiros do Damien disse alegremente quando algum sangue escorrendo da mão do Jack pingou no chão.
— Você estava querendo se matar? — indagou Damien observando o pescoço do Jack após erguer a cabeça do mesmo o segurando pelo queixo. Ele suspirou e acertou um tapa ainda mais forte na lateral esquerda do rosto do Jack. — Por que raios você desistiu? — outro tapa. — Morrer será a melhor coisa que você fará por todos nós. — Jack então cambaleou para trás e caiu contra o chão, com o nariz sangrando após receber um soco do Damien. — Mas lembre-se, escória, não ouse sujar esta prestigiosa escola com o seu imundo sangue!
Caído no chão, Veller podia ver outros alunos passando por ele, uns o ignoravam, outros passavam apontando os dedos enquanto soltavam risadas de satisfação ao ver aquela cena.
Ele estava sozinho num covil de leões, nem mesmo os professores que passavam por ali o ajudavam, todos apenas lhe lançavam um olhar de desgosto e passavam por ele parecendo enojados por ele ainda continuar ali.
— Vem cá, eu te ajudo. — uma linda miúda se aproximou dele quando mais ninguém o fazia, estendendo-lhe a mão.
— Obri… — ele segurou a mão da garota, mas assim que seu corpo foi erguido, antes mesmo que terminasse de agradecer, a garota simplesmente deu lhe um chute entre as pernas, derrubando-o de frente contra o piso.
— Você viu isso, essa escória achou mesmo que a Myna Agnes iria mesmo lhe ajudar… — caído no chão, com o rosto coberto por hematomas e sangrando ainda mais pelo nariz, Jack escutava as risadas e gargalhadas de todos que passavam por ele. — Tomara que os ovos dele tenham quebrando, assim não haverá risco dessa escória se multiplicar.
Alguns passavam e o chutavam, uns cuspiam e outros lançavam coisas contra ele e, com tudo aquilo, ele se levantou tomado pelo desespero e saiu correndo sem nem olhar para trás, arrependido por não ter acabado com tudo aquilo naquela salita, arrependido por não ter enfiado aquele caco de vidro no seu pescoço, por não ter abraçado a paz.
Ele olhou para trás uma última vez quando chegou na porta de entrada, vendo o ser demoníaco e inúmeras cópias suas abraçadas a todos os alunos, professores e funcionários.
'Eu avisei, a vida é o teu castigo.
O ser disse juntamente com todas as suas cópias, quando enfim Jack saiu da escola.
[•••]
—Nanazu, 45 de Gemia de 205
Exatamente 547 dias antes do fim.
Era finalmente o último dia do terceiro mês do ano, Jack esperava por aquilo há muito, mas ainda faltavam cinco meses para finalmente se ver livre da escola.
— Vai logo garoto, você precisa se apressar e ir a escola. — Jack escutava a voz da sua tia adotiva vindo da sala, se espreguiçando assim que se levantou da cama, pensando que nos últimos dias ele tem visto demônios em tudo e em todos, menos na sua tia e na sua casa, os demônios sequer se aproximavam daquela casa.
Ele não queria estudar naquela escola, nunca quis, mas sua tia sempre insistiu para que ele estudasse lá, já que era a melhor instituição de ensino.
Caminhou de imediato até a sala sem nem lavar o rosto, se encontrando a mulher morena já sentada a mesa.
A magra mulher ergueu a cabeça assim que notou a presença do sobrinho, fixando seus olhos castanhos claros nele.
— Posso saber por que você ainda está de pijama? — indagou colocando um pequeno ovo frito no prato que seria do sobrinho, colocando também um pedaço de pão seco.
— Eu não vou a escola hoje. — a tia apenas olhou para ele, lembrando que dois dias atrás ele chegou em casa com o seu uniforme manchado de sangue e com ferimentos nas costas, braços e cabeça. — Eu não quero mais voltar para aquele inferno, não aguento mais ter que passar dezesseis de quarenta e oito horas do dia naquele lugar.
— Desculpe essa tua tia por ser tão gananciosa. — ela disse com uma expressão tristonha, quebrando um pedaço do pão, que de tão seco que estava virou pó. — Eu quero que você seja alguém algum dia e saia deste lugar, mas parece que não importa onde você esteja, você ainda será um mero garoto da rua 6.
— Pois é.
— Acho que você não precisa mais voltar para lá se não quiser.
— Sério? — correu logo até sua tia, a abraçando com força. — Obrigado, tia.
— Senta aí e come!
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JACK KACKSON: O solitário caçador de demônios - [Saga Do Destino]
ParanormalNesta terra governada por demônios, os quais todos desconhecem, ou simplesmente preferem fingir desconhecê-los, ele nasceu. Fruto de um estupro. Essa é a forma rápida de o descrever, afinal é exatamente o que ele é, um fruto de um estupro. Só que is...