Príncipe

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— Eu sou sua mãe garoto, você tem que me respeitar – sua voz era incrivelmente dramática

— Não, você não é minha mãe, você só me trouxe ao mundo, isso não te faz minha mãe, isso também não lhe garante o meu respeito, é melhor você sair daqui antes que a June acorde – tudo isso me cansava tanto, não sei como ainda aguento tudo isso.

— Você não pode me afastar da minha filha, e muito menos me expulsar da minha casa 

— Ela não é sua filha, você nunca cuidou dela, nunca se importou com ela, deixe a menina ter a ilusão que a mãe é muito ocupada e apenas por isso não é presente, não mostre a ela o lixo que você 

— Olha aqui garoto – ela disse apontando o dedo no meu rosto — Você se acha homem demais não é  Magnus? Você é só um pirralho que brinca de ser adulto 

— O que é ser adulto para você? Se vender para qualquer homem que aparenta ter um pouco de dinheiro, você sempre diz que sou apenas um pirralho, mas sou eu quem sustenta essa casa, sou quem cuida de June, sou eu, apenas eu… então cala a porra da sua boca e saia da minha casa antes que eu te coloque para fora – ela se virou e saiu, lágrimas inundaram minha bochechas, até quando eu iria aguentar? Até quando ?

Limpo as lágrimas, respiro fundo, tenho uma lista enorme de coisas para fazer, tenho que deixar a casa em ordem e levar a June ao parque, sigo em direção a cozinha, a louça da noite anterior ainda estava lá.

Começo a lavar a louça, não havia muita louça suja, tentar ocupar minha mente é uma missão quase inútil, eu sempre estive preparado para o pior, mas nunca estive preparado para a morte da minha avó, tenta demonstrar a todos que estou bem, mas me sinto destruído, não fui um filho amado, nunca fui amado por alguém além da minha vó.

Eu só queria o amor da minha mãe, eu só queria ter a vida de comercial de margarina, eu consigo, eu sei que consigo ter uma boa família, eu só preciso ser amado… eu só..

— Mags – A voz de June me tirou dos meus devaneios 

— Princesinha, hoje é sábado, você pode dormir até tarde… porque não volta a dormir? – me ajoelho na sua frente e faço um carinho no seu cabelo 

— Você tá chorando? – sua voz doce e infantil me fez sorrir

— Caiu sabão no meu olho, agora vai deitar ou vê TV, já te chamo para tomar o café – June se vira em direção a sala, logo depois ouço o som da TV 

Volto a minha atenção para a minha louça, que estava pela metade, começo a pensar no que fazer para o café da manhã, talvez seja uma boa vitamina com pão, opção fácil e viável.

— Meu menino, um dia você será plenamente feliz, terá uma família feliz, não se lembrará dos dias sombrios… você nunca precisou da sua mãe para nada, não ache que você precisa dela para ser feliz – a voz da minha vó ecoava na minha cabeça, eu sei que ela disse apenas para me acalmar, apenas para que eu não perca as esperanças, sei que não vai aparecer um príncipe encantado para mim. Preciso sair dessa torre sozinho, preciso enfrentar o dragão, encontrar a cura para a maldição, porque não vai aparecer ninguém para me dar um beijo de amor verdadeiro.

Começo a preparar o café da manhã, não demora muito para ficar pronto, como sempre June devora todo o café da manhã, às 9:00 começo a arrumar a casa, por sorte não está muito bagunçado e antes das 12:00 está tudo arrumado.

— Parquinho agora? – June pergunta animada quando vê que terminei, eu amo muito ela, mas às vezes eu só queria ter a vida de um adolescente normal.

— Não princesinha, vamos no fim da tarde, e ainda temos que almoçar – ela fez aquela barulhinho fofo e senta na mesa, começo a preparar o almoço enquanto ela fica brincando com uma boneca — Prontinho princesa, agora come tudinho – falo colocando a comida dela na frente dela— Vai lava as mãos – ela corre na direção do banheiro e volta alguns minutos depois.

Almoçamos em silêncio, geralmente as refeições são lotadas de conversas, mas hoje não está sendo um dia, acho que ela percebeu isso pois ficou em silêncio, um silêncio acolhedor.

Depois do almoço, escovamos os dentes e tiramos um cochilo, acordei antes dela e fui limpar a cozinha enquanto ouvia música, quando termino ela ainda está dormindo então decidi assistir um pouco de TV, passava um filme sobre mitologia grega, sempre fui fascinado por esse tipo de coisa, mas a coisa que mais me chama a atenção é como a vida do protagonista muda quando ele descobre quem realmente é o pai dele.

Olho no relógio e são 15:02, pego as coisas para tomar meu banho, ligo o chuveiro queria que a água levasse tudo, a dor, as cicatrizes, a insuficiência, o… tudo, inclusive eu. Termino meu banho, visto uma roupa qualquer, acordo June e coloco ela para banha, dou um lanche leve e saímos de casa, depois de trancar a casa, sigo na direção do parque, talvez seja bom para mim sair um pouco.

Peguei june no colo, o parque era perto da minha casa, mas não gostava de ir muito, eu sempre tive inveja das crianças que iam com os pais, e não queria que minha menina sentisse o mesmo, queria que ela se sentisse plena e feliz. 

Olho para June em cola e só consigo lembrar da fala do stitch : Essa é a minha família

Eu achei. Sozinho. Eu achei.

É pequena e incompleta.

Mas é boa. É, é boa. Minha pequena família perfeita 

Mal chegamos no parque e June já corre diretamente para um grupo de crianças, não demora muito para ela está brincando com eles, procurei um lugar para sentar, achei o lugar, era perfeito dava para ver perfeitamente onde Jun estava.

— Magnus ? – meu coração acelera quando ouço a voz dele

— Imasu, como vai? – me viro para encará-lo, ele estava lindo como sempre, não nos víamos a um tempo, ele teve que ir estudar fora e tivemos que interromper nosso romance.

— Vou bem, fiquei sabendo da sua avó, meus pêsames – ele disse e colocou a mão sobre a minha perna, então eu a vi, uma aliança linda.

— Obrigado, a cada dia a dor é um pouco mais suportável – digo retirando a sua mão delicadamente da minha perna 

— Eu imagino…

— Amor – uma garota ruiva aparece ao seu lado — Eu estava lhe procurando 

— Eu vim falar com o Magnus, Magnus essa é a minha noiva Kena, e Kena esse é Magnus um… um amigo – amigo, apenas amigo completei na minha cabeça.

—Ah, oi Magnus, amor precisamos ir – Sorrio para a garota 

— É… Eu preciso ir, até qualquer hora Magnus – Imasu fala apertando minha 

— Até – me viro novamente para onde June brinca, talvez eu devesse ter ficado.

○○○

Estávamos vendo um filme, June estava empolgado cantando as músicas infantis, amava ver ela tão feliz, às vezes esse sorriso dela me faz acreditar que é possível, que qualquer coisa é possível. 

Alguém bate na porta, acho estranho pelo horário, deixo June vendo TV e vou abrir a porta, quando abro vejo um homem, quase um poste, ele era de longe um dos homens mais lindo que eu já vi, talvez o mais lindo, seus cabelos pretos e olhos azuis são a minha combinação favorita.

— O que deseja? – pergunto a ele desvia o olhar 

— Eu sou Alexander Lightwood – Ele faz uma pausa dramática — Estou procurando por Magnus Bane 

Feliz Valentine's Day

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