Pequena

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Eu sempre odiei salas de espera, acho que todo mundo odeia, mas hoje em especial estava sendo um inferno, eu estava esperando o resultado do teste de DNA dá June, durante essa semana Alexander interagiu várias vezes com ela, o que me deixa bastante preocupado, porque se Alexander não for o pai dela, ela sentirá muito falta dele.

Alexander apareceu com um papel nas mãos, aparentemente o envelope estava fechado, me permito admirá-lo apenas por alguns minutos, ele estava com uma camisa social vinho com os primeiros botões abertos.

— E aí, qual o resultado? – as palavras saem no automaticamente 

— Ainda não abri, eu resolvi abrir na sua frente – a calma na sua voz é irritante — Tem um café em frente podemos ir lá 

— Claro senhor 

•••

— Ela é realmente a minha filha – ele me entrega o papel, fechos meus olhos, esse homem vai levar minha menininha embora — Quando você considera adequado para conversarmos com ela ? 

— Acho que depois do almoço, você pode aparecer lá em casa… eu realmente preciso ir, tenho que trabalhar – saí de lá antes que ele pudesse dizer algo, no momento que saiu da lanchonete lágrimas escorreram dos meus olhos.

Eu não estava preparado para perder a minha June, eu cuidei dela desde sempre, sempre a amei, mas ainda existe uma possibilidade dele deixar ela ficar comigo, eu deveria ter conversado sobre isso com ele hoje, mas sei que não conseguiria falar sobre isso agora.

Não demorou muito e eu segui no trabalho, não fui um funcionário realmente produtivo hoje, fiz o mínimo do meu trabalho. Lorenzo não reclamou, ele sabia o que estava acontecendo comigo, e mesmo não sendo a obrigação dele, respeitou meu momento.

Saio do trabalho e vou pegar June na escolinha, que passa o caminho inteiro tagarelando sobre os coleguinhas da escola.

Chegamos em casa, meu coração se aperta, não adiantava fugir, essa conversa iria realmente acontecer.

— Princesinha vai tomar um banho enquanto eu preparo o almoço – Ela concorda inda na direção do quarto, no momento em que entro na cozinha, ouço alguém batendo na porta 

— Oi, eu trouxe o almoço – Alexander mostrou as sacolas — Eu gostaria de conversar a sós com você, antes de falar com ela.

— Claro, pode entrar –  dou passagem para ele, vamos direto para a cozinha — Ela está no banho

— Certo, quando eu recebi aquela carta eu vim decidido a levar ela comigo, fiz o teste para evitar qualquer problema, mas tenho que levar em consideração que você é muito importante para ela, e você é o que ela entende de família, então eu… eu estou lhe convidando para vir conosco – ele me olha no fundo dos meus olhos — Não posso abrir mão dela, já perdi demais, mas não quero que vocês percam também. – meu lado orgulhoso dizia para negar, minhas inseguranças gritavam que eu iria incomodá-los, mas eu não posso perder a June.

— Muito obrigado senhor – ele deu alguns passos — Eu fiquei com medo do senhor me afastar dela – ele faz um carinho de leve na minha bochecha 

— Eu jamais faria isso com você… vocês – me afasto um pouco e ele desvia o olhar.

— Eu vou arrumar a mesa, sente-se aí – aponto para a cadeira 

O clima na cozinha ficou bastante desconfortável, era difícil não notar o elefante enorme no meio da cozinha, mas talvez isso fosse coisa da minha cabeça.

Se passaram alguns minutos e um silêncio desconfortável se espalhou pela cozinha, até que June chegou e repetiu tudo que havia me dito para Alexander.

Ela parecia realmente gostar dele, isso me deixava menos preocupado em relação a mudança, o almoço se estendeu um pouco além do normal, mas nada realmente significativo.

— Meu amor, nós dois precisamos conversar com você – Jun me encarava atentamente agora 

— Eu fiz algo de errado? 

— Não princesinha, lembra de quando você me perguntou quem era seu pai? – ela assentiu devagar enquanto parecia morder a bochecha — Então, seu papai é o Alexander – eu sei que deveria ter sido mais delicado, mas eu não queria deixá-la mais nervosa, ela se virou para ele

— Você vai me levar embora? Me levar para longe do Magnus? Por favor não me leva – sua vozinha infantil estava tão chorosa que me arrependi de ser tão direto 

— Pequena, eu preciso levar você, você é minha filhinha, mas eu jamais te deixaria longe do seu irmão sei que ama ele – Ela se vira para mim novamente

— Então você vai comigo?– seus olhinhos estavam marejados e ela exibia um pequeno sorriso.

— Vou sim princesa, vai demorar para você se livrar de mim – June pula no meu colo, e eu começo a dar beijinhos em suas bochechas.

Esse momento estava perfeito, eu estava animado para esse recomeço, estava feliz por June e… a porta foi aberta, minha mãe entrou em casa com as roupas amarrotadas e com uma cara de sono.

No momento em que a vi senti uma vergonha dentro de mim, Alexander a encarava e por um segundo eu desejei ter escondido essa parte dele, para ser sincero eu queria esconder isso de mim.

— Alec, que bom te ver – Ela arrumou a saia e arrumou os seios no decote, ela andava na direção dele como se estivesse indo atrás de um prêmio — Não sabia que estava na cidade 

— Eu vim buscar a minha filha, não esperava lhe ver 

— Nós poderíamos reviver os velhos tempos – ela se jogava em cima dele, e tudo que eu queria era sumir, ela não cansava se humilhar 

— Tem criança aqui – peguei June e a levei para o quarto 

— A mamãe vai ficar Magnus? – June perguntou enquanto sentava na cama 

— Acho que sim meu amorzinho, isso lhe incomoda? 

— Não, não gosto quando ela está por perto – ela me chamou com as mãos, sentei ao seu lado — O tio Alec também é seu pai ?

— Não, porque?

— Então você ainda pode namorar com ele, ele é bonitão – ela me olha com uma carinha de sapeca, a puxo e começo a fazer cócegas nela 

— Sim, ele é bonitão –  digo baixinho para ela 

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