Três da manhã e ela ainda não chegou, sei que já deveria ter me acostumado com isso, com sua falta de responsabilidade e falta de amor por mim, sempre achei que ela iria mudar, irei nos enxergar como família, minhas esperanças cresceram quando ela ficou grávida, quando a pequena June nasceu minhas esperanças foram destruídas, ela mal olhou para a criança antes de jogar toda a responsabilidade para mim, na época eu era apenas um adolescente de 14 anos, mal conseguia cuidar de mim, mas tive que criar todo um senso de responsabilidade para minha irmã não passar pelo mesmo que eu.
Nunca conheci meu pai, às vezes penso que talvez a minha vida fosse diferente, sempre pensei que ele fosse um bom homem, sempre sonhei com meu pai vindo e me levando para morar com ele.
Agora 5 anos depois, tenho sido o pai dela, e agora a mulher única rede de apoio, minha avó, morreu e eu não sei o que fazer, como eu vou trabalhar e cuidar da June ao mesmo tempo… eu precisava dar um jeito nisso, ela fica na escola no período da manhã, posso pedir ao Senhor Lorenzo para deixar a Jun ficar comigo no período da tarde.
Nenhuma solução parecia realmente boa, mas de todas essa era a melhor, eu não podia confiar na minha mãe para ficar com a neném, não tinha dinheiro para pagar alguém para cuidar dela.
Ouço o barulho da porta abrindo, logo depois ouço algumas coisas caindo, ela chegou, espero mais um pouco antes de ir para sala, como sempre a porta estava aberta, e havia algumas coisas no chão, fecho a porta e organizo a pequena sala.
Volto pro quarto, June dormia toda esparramada na cama, empurrei ela para o lado para conseguir um pedacinho da cama para conseguir pelo menos um cochilo essa noite.
O som encantador do meu despertador me acorda, me apresso em desligá-lo, não seria muito bom que June acordasse agora, começo a rotina de sempre levanto, me arrumo, preparo o café da manhã.
— Meu amor – digo a chamando baixinho, ela começa a se mexer e logo senta na cama coçando os olhinhos — está na hora de levantar para ir a creche – June abre os braços na minha direção, a levo para o banheiro, o banho foi rápido, June sempre foi muito comportada, agradeço aos céus por isso.
Depois de devidamente banhada e arrumada, vou da o café da manhã da minha pequena, nunca tivemos muito, precisei começar a trabalhar muito cedo para poder comer, minha avó sempre ajudava, e apesar dela ter deixando um dinheiro para nós, eu não poderia gastar com qualquer coisa, crianças precisam de muito.
— Vamos no porquinho? – a voz infantil de June preencheu a cozinha, ela não pede muita coisa, mas amava ir ao parque e tomar sorvete, me sinto péssimo por ter que dizer um não, principalmente com ela me olhando como esse olhinhos de gato de botas
— No sábado eu te levo, ok? – ela assente sorrindo e volta a sua atenção para sua comida.
— E quando a vovó volta? – sua voz saiu mais baixa, ela nem levantou o olhar para perguntar
— A vovó não vai voltar princesa, olha eu sei que está com saudades dela, eu também estou e muita, mas ela teve que ir, e não pode volta– ela murmurou alguma coisa e continuou comendo, as vezes me sinto tão mal por ela sofrer assim, queria poder dar tudo que ela precisa e não apenas o mínimo para sobreviver — Vamos para a escola minha pequena? – pergunto quando vejo que ela terminou de comer, ela pula da cadeira — Vai lá escovar os dentes que eu vou tirar a mesa.
Não demorou muito para ela voltar, conferir as trancas e saímos de casa, ela foi o caminho inteiro falando dos amiguinhos da escola, depois começou a cantar música infantis, e quando finalmente chegamos na escola ela me deu um beijo e me desejou um bom trabalho.
Durante o caminho fui ensaiado a conversa que teria com Lorenzo, ele é um cara legal, muito exigente mas não é algo realmente ruim, sempre me ajudou, espero que me ajude novamente.
Chego na loja alguns minutos antes do horário normal, Lorenzo conversava com Etha a outra funcionária da loja, ela varria a frente da louca devagar, dizem as más línguas que ele é apaixonado por ela.
Me aproximo dos dois e Lorenzo arruma a postura, Etha me comprimento juntamente com Lorenzo que sorri minimamente para o acontecido.
— Senhor Lorenzo, eu poderia falar um minuto com o senhor? – Lorenzo apenas confirma com a cabeça e segue para dentro da loja, vamos direto para a sala dele, é extremamente apertada e quente.
— Primeiramente meus sentimentos pela sua avó, imagino que foi uma perda imensurável –Lorenzo diz, murmurei um obrigado — Mas o que você quer?
— É… Eu queria saber se posso trazer a minha irmã no período da tarde, olha eu sei que tô pedindo muito… – Ele está me olhando, e eu simplesmente travo
— Olha você pode, se ela se comporta eu não me importa – Suspiro aliviado — Mas não quero que atrapalhe seu trabalho.
— Obrigado Senhor, vou trabalhar – saiu da sala e me concentro no meu trabalho, talvez eu devesse esta chorando pela morte da minha vó, mas não tenho tempo pra isso, não consigo cuidar da June se estiver sofrendo.
Algumas horas depois vou buscar June na escola, fiz a maioria das minhas obrigações pela manhã para não ficar muito ocupado a tarde.
A tarde foi tranquila, June ficou quietinha desenhando a tarde inteira, só falou comigo na hora da merenda, quando acabou horário de trabalho ela veio pros meus braços e fomos para casa, talvez eu tenha a sorte da minha mãe não estar em casa quando eu chegar.
— O que vamos comer hoje? – June perguntou enquanto pulava nos quadradinhos da calçada.
— Estou pensando em fazer macarrão, e depois pipoca para gente comer enquanto assistirmos um filme, o que você acha?
— Ameiiii – ela se empolga e começa a pular — Podemos assistir Hotel Transilvânia 2 ? – espero que tenha esse filme no aplicativo pirata que uso.
— Podemos princesa, podemos assistir o que você quiser – sorrio e seguimos para casa, como eu faria isso da certo eu não sei, mas eu precisava fazer, por ela.
Capítulos todos os sábados
Críticas negativas devem ser mandadas para o presidente
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Pequeno Acaso
RomancePequenos acasos acontecem a todo instante, Magnus e Alexander são a prova viva disso, quando a irmã de Magnus nasceu ele achou que seria apenas mais uma responsabilidade, mais alguém para amar, no entanto ela é pequeno acaso que vai unir o mundo de...