•42•

3.1K 328 601
                                    


Marília POV.

Eu sentia o líquido viscoso escorrer pela minha mão. O cheiro forte e inconfundível invadia as minhas narinas e era como se eu inalasse desespero.

Aquele lugar que eu não tinha sequer ideia de onde ficava, estava pouco iluminado e com um cheiro insuportável.

O pânico já havia tomado conta de mim e eu não via e nem ouvia mais nada direito. Tudo passava em câmera lenta diante dos meus olhos. Toda a dor e o cansaço que eu sentia haviam sumido.

Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo. Minha visão embaçada me impedia de enxergar claramente, mas eu sabia que o pior havia acontecido.

Ela estava ali nos meus braços, onde eu queria que ela ficasse para sempre.

[...]

Aproximadamente 1 hora antes...

Eu estava algemada à Maraísa pelo pulso no banco de trás do carro enquanto o Gustavo corria em alta velocidade.

Já havíamos saído do Rio e seguíamos por uma estrada deserta desconhecida por mim.

Eu demorei alguns minutos para entender que estava sendo sequestrada pelo meu próprio irmão e só tive certeza quando ele me entregou as algemas ainda com o carro em movimento e ordenou que eu me prendesse à Maraísa.

Apesar de tudo eu estava surpresa. A frieza em seu olhar, o sorriso sarcástico e maquiavélico em seu rosto, os olhos vermelhos e perdidos. Tudo indicava que ele estava fora de si.

Há muito tempo ele estava.

Depois de algum tempo tentando argumentar e após uma tentativa falha de contatar o João ou quem quer que fosse, eu resolvi não fazer nada sem antes pensar com calma.

É claro que para isso ele teve que apontar uma pistola para mim e para Maraísa algumas vezes antes.

Agora estávamos, eu e Maraísa, sentadas em um chão sujo de um galpão abandonado no meio do nada enquanto o Gustavo mexia em alguma coisa em seu celular há alguns metros dali.

A chuva caía forte do lado de fora e eu a sentia tremendo ao meu lado.

Não sei se de frio ou de medo.

- Vai ficar tudo bem, meu amor ... – eu sussurrei para ela levando a mão livre ao seu rosto para um carinho.

Juntei nossas testas e a puxei para um abraço, mas logo fomos interrompidas.

- Ah, que lindo! – Gustavo bateu palmas ao se aproximar – Por favor, não se incomodem com a minha presença, podem continuar com as trocas de afeto...

O vi tirar a arma da cintura e puxar uma cadeira velha que havia ali para se sentar bem de frente para nós.

- Já chega, Gustavo! – o encarei – Você chegou no limite da sua loucura!

- Você não perde essa sua arrogância, não é irmãzinha?! – observei ele sorrir diabolicamente – Cala essa sua boca que você não está em posição de gritar comigo! – gritou de repente assustando a mim e Maraísa que se encolhia ao meu lado a cada reação mais hostil da parte dele.

- A essa hora o João e a polícia já estão atrás de mim, Gustavo. – eu disse mais calma – Por que você não para de loucura e diminui ao menos um crime da sua lista? Você ainda pode fugir, eu não vou atrás de você, não vou dar queixa. Se quiser eu posso até pedir para a polícia encerrar o caso. Só me deixa ir com a...

- Eu pensei que você tinha mais juízo, minha irmã. Pensei que era mais esperta. Eu estou pouco me importando com qualquer coisa, olha pra mim! Olha a que ponto eu cheguei por sua causa! É tudo sua culpa!

MY BOSS - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora