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Alguns dias depois.

Depois da discussão com Maraísa, Marília havia desistido de ir até a empresa. Sua cabeça e seu corpo deram sinais de que ela ainda não estava bem o suficiente para enfrentar o irmão, e após pensar com calma chegou à conclusão de que precisaria estar com a saúde plena para retomar o seu lugar.

Marília aguardou pacientemente em casa por mais alguns dias naquela semana.

Nesse meio tempo, com a ajuda de Luiza e Jonas, buscava saber notícias de tudo o que se passava na empresa. Ela planejava uma volta triunfal para surpreender a todos quando retomasse a sua cadeira na presidência.

Na quinta-feira logo cedo, quando julgou se sentir bem o bastante, decidiu que era hora de voltar. Avisou João que ele a levaria à Mendonça's Corporation e se preparou para o confronto.

- Eles não perdem por esperar... - a loira sussurrou mirando-se no espelho em seu terninho social branco.

Às 07h30min em ponto saíram de casa, aparentemente em direção à empresa. Mas após alguns minutos de viagem Marília observou com estranheza que aquele não era o seu trajeto normal.

- João, para onde estamos indo? – a loira, visivelmente irritada, o fitou pelo retrovisor – Esse não é o caminho para a empresa.

- Me perdoe, Senhorita Mendonça, mas eu preciso fazer isso. – o homem a olhou rapidamente pelo mesmo espelho que ela o encarava.

- Isso o que, João? O que é que está acontecendo?

- Senhorita Marília, há muitas coisas que você precisa saber. Coisas que vem acontecendo há algum tempo e que dizem respeito a você e à Maraísa.

- A Maraísa? Eu não estou entendendo. Explique-se de uma vez, João! Você está me deixando nervosa.

- Fique calma, Senhorita. Assim que chegarmos tudo será esclarecido.

- Chegarmos onde? Para onde estamos indo?

- A Senhorita logo saberá. – disse a fitando brevemente pelo retrovisor – Me perdoe, eu espero que não fique brava comigo.

Marília respirou fundo buscando paciência para não se irritar com o motorista.

- João, você sabe que se não fosse você eu já teria te demitido, não sabe? – o homem engoliu seco e assentiu com a cabeça – Eu não faço a menor ideia do que é que está acontecendo, mas diante da situação, como eu não posso fazer nada para impedi-lo eu vou confiar em você.

- Confie. Eu, mais do que ninguém, quero o seu bem. E se a senhora não gostar do lugar para onde estou te levando, eu aceitarei a minha demissão sem protestar.

- Assim espero, João. Assim espero.

O homem pisou fundo no acelerador e seguiu pela estrada em direção à saída do Rio de Janeiro.

Após pouco mais de 30 minutos de viagem, Marília sentiu seu coração apertar e se encher de alegria ao mesmo tempo quando se deu conta de onde estavam chegando. Seus olhos marejados percorreram toda a extensão do lugar.

Lembranças vieram à tona tornando quase impossível conter o choro.

- Por que estamos aqui, João? – perguntou assim que o carro estacionou em frente à casa.

- Senhorita, eu sei o quanto esse lugar é importante para você. Tive a chance de vir aqui algumas vezes com a Senhorita e o Senhor Mendonça, o seu pai. – fez uma pausa e a observou pelo retrovisor.

– Eu sempre tive muito apreço por ele, assim tenho pela Senhorita também. Guardo um carinho muito grande por você, por tudo que a senhora é e por honrar a memória do seu pai como sempre fez. E mais ainda depois do que você fez pela minha filha. Eu vou ser eternamente grato. – os óculos escuros tapavam os olhos de Marília, mas era possível ver as lágrimas que escorriam delicadamente em seu rosto.

MY BOSS - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora