Steve tinha 14 anos da última vez que teve um ataque de pânico. Foi um pouco antes do funeral de seu pai. Ele e Bucky estavam prestes a entrar na igreja, quando Steve ouviu uma das primas de sua mãe sussurrando. Ele não se lembra com exatidão de cada palavra, mas foi algo como Sarah ser a fracassada da família, que, não só, se casou e enviuvou de um cara pobre, como agora estava fadada a ser mãe de um garoto doente e inútil, que jamais conseguirá prover a casa e dar uma vida decente para a mãe. Ele também não se lembra com exatidão quais foram as palavras que Bucky gritou, que fizeram as mulheres se encolherem de vergonha e irem embora.
O que Steve lembra é da sensação.
Ele se lembra do peito pesado, como se um homem adulto estivesse sentado sobre ele.
Steve?
Ele se lembra de tentar puxar o ar, mas não conseguir inflar os pulmões. Uma sensação muito pior do que uma crise de asma.
Vamos lá, Steve. Respira fundo e devagar.
Ele se lembra de sentir seu coração bater tão rápido e com tanta força, que seus ouvidos começaram a zumbir.
Foque em mim, Steve. Foque em mim e respire fundo.
Ele se lembra de suas mãos tremerem tanto, a ponto de derramar toda a água que alguma alma caridosa o ofereceu, na tentativa de acalmá-lo.
Respire devagar, ou você vai acabar desmaiando.
O ataque de pânico o deixou tão abalado, que Steve passou anos com medo de que acontecesse novamente. Felizmente, nunca mais aconteceu. Até agora.
- Ei, parceiro, você está comigo de novo ou eu vou precisar chamar a Norah? – o rosto de Tony entra em foco na frente de Steve.
- O... o que?
- Você teve um ataque de pânico dos grandes, meu amigo. Achei que você fosse desmaiar.
E só então Steve dá uma olhada ao redor. Ele não está mais sentado à mesa, com Tony sentado de frente pra ele. Ele está sentado no chão da cozinha, com as costas junto à parede. Tony está ajoelhado no chão, de frente pra ele, com uma garrafa de água e uma toalha de rosto molhada. Assim que se certifica de que Steve está consciente de novo, Tony lhe oferece a garrafa de água e coloca a toalha molhada ao redor de seu pescoço.
- Você ficou fora de si por um segundo. Mas quem pode te culpar? Eu já surtei por muito menos.
- Me desculpe.
- Ei, não precisa se desculpar. Dadas as circunstâncias, acho que é até esperado uma reação assim.
- Eu não tenho um ataque de pânico há 70 anos, mas quando você disse aquilo, eu... eu não consegui ouvir mais nada, minha vista escureceu, eu senti meu coração saindo do peito.
- Foi mal, eu acho que podia ter um pouco mais de tato.
- Não, tá tudo bem. Só que... – Steve suspira, abalado. – Você realmente acha que é possível? Você acha que o Bucky pode estar...
- Grávido? – diz Tony, e Steve sente um frio na espinha.
- Sim.
- Bem, a linha do tempo bate, e o fato dele estar sentindo enjoos só ajuda a reforçar essa ideia. Mas eu não sou médico, então tudo isso pode ser só especulação.
- Você acha que a gente deveria falar com a Norah? Talvez ela possa nos dar uma ajuda.
- É uma boa ideia, mas a decisão é sua. Imagino que esse seja um assunto delicado, talvez você não queira envolver mais pessoas.
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'Till The End Of The Line
General FictionSteve achou que viver sem Bucky por décadas tinha sido a coisa mais difícil que ele já fez na vida, até que uma missão em uma antiga instalação da Hydra revela um segredo chocante sobre o programa do Soldado Invernal. Agora Steve e Bucky precisam li...