O ritual de Sam se repetirá, o dia não estava ensolarado, ele perceberá isso logo ao acordar. Como toda manhã, Sam repetiu seu processo de organização para ir a escola, mas é surpreendido por uma chamada em seu celular:
- Alô, o que foi Tony? - Sussurrou Sam.
- Porque está falando baixo Jones? - indagou Tony.
- Para meus pais não escutarem! - Exclamou Sam.
- Estou parado em frente a sua casa, você tem cinco minutos para descer. - disse Tony.
- Está ficando louco? Minha mãe vai ver você aí, o que você quer? - perguntou Sam.
- Lembra da nossa aposta? Amanhã irei buscar a Maggie, mas hoje você vai convidar a Sarah para o baile! - relembrou Tony.
- Sim, mas isso seria depois da escola, porque está na frente da minha casa? - indagou Sam.
- Porque hoje nós não vamos para a escola, nós vamos preparar você para este momento tão especial... Você tem cinco minutos ou eu vou começar a buzinar. - desligou Tony.
Sam estava a sentir medo, mas era melhor se adiantar do que ter o Tony buzinando na sua porta em plena manhã. Sam sabia que seria difícil, nunca havia perdido aula se não fosse por suas crises ou terapias no psicólogo, além do mais, ele sabia que Tony era um sujeito imprevisível, apesar de não o apresentar perigo. Sam se arrumou rapidamente, apesar do pânico, ele desceu, encarou os pais tomando café e disse:
- Mãe, não precisa me levar hoje!
Antes que fechasse a porta, Elizabeth disse:
- Não vai nem comer uma torrada filho?
Sam balançou a cabeça negando o convite e saiu.
- Deve ser aquela menina, está mexendo com a cabeça dele, o moleque está caidinho - Disse um sorridente Carl.
Sam então abriu a porta do carro de Tony, que por sua vez deu partida e começou a dirigir.
- Tony, você sabe que não me agrada mudanças na rotina, espero que não façamos nada de errado! - Exclamou Sam.
- Relaxa Jones, hoje eu vou te ensinar como se convida uma mulher para sair, e você vai ver... Vai ser o rei do baile! - Disse Tony aos risos.
Sam e Tony tinham uma relação cordial, viraram colegas na sexta série, Tony não tinha muita paciência, mas nunca desrespeitou Sam, entendia sua condição e por algum motivo o compreendia. Tony morava sozinho em um vilarejo de Greenfield, era maior de idade e havia repetido de ano, nem mesmo Sam entendia o comportamento tímido de Tony. Por fim chegaram a pequena casa de Tony, que por sua vez abriu a porta e disse:
- Entra aí cara, mas não repara na bagunça... Eu não sou muito fã de limpeza! - explicou Tony.
A casa de Tony era realmente uma bagunça, garrafas de cerveja se encontravam jogadas pelo chão, o sofá possuía embalagens de hambúrgueres e a mesa cheirava a cigarro por conta do cinzeiro que nela estava. Tony pediu que não repassasse na bagunça, mas para um autista obcecado em organização, não reparar na bagunça era impossível.
- Como você consegue viver nessa estado? - perguntou Sam.
Tony pegará uma cerveja na geladeira de sua pequena cozinha, localizada ao lado da sala.
- Jones... Quando você não liga muito nem para sua própria vida, também não irá ligar muito para sua casa... - refletiu Tony - vai uma cervejinha?
- Eu não consumo álcool, obrigado. - continuou Sam - Mas o que viemos fazer aqui?
Se aproximando de Sam, Tony disse:
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Stand by me
RomanceApós perder seu irmão em um trágico acidente de carro, Sam, um jovem autista e morador de uma pequena cidade do interior precisa aprender a lidar sozinho com o bullying, o preconceito e as dificuldades de seu último ano letivo escolar. Em meio ao ca...