"Meu querido Charlie, agora posso lhe responder o porque estava tão tenso dentro do carro... Você sabe que odeio mudanças, e mesmo assim tive muitas em minha vida, mas a maior delas, será viver uma vida sem você. Eu nunca gostei de contato físico, e mesmo assim você era a única pessoa que eu conseguia abraçar, tocar e fazer coisas que não faria com qualquer outra pessoa, você sempre me salvou dos meninos da escola que queriam me bater e das garotas que queriam rir de mim por me acharem estranho, e quando todos me achavam diferente, você me tratava com igualdade, você era o lugar no mundo do qual eu me sentia alguém normal, e quando você estava perto, eu não me sentia sozinho... Eu vou deixar essa carta com você, porque eu sei que você vai ler ela aí do céu, e a cada momento que eu viver, eu vou me lembrar de você, eu prometo que vou me esforçar para ser alguém normal, eu quero ser como você foi. Eu vou sentir muito a sua falta, meu irmão, um dia iremos nos encontrar! De seu irmão, Sam Jones".
E foi assim que Sam se despediu de seu irmão, colocando esta carta entre suas mãos geladas, enquanto Elizabeth acariciava o liso cabelo loiro de Charlie, suplicando para que seu filho mais velho abrisse seus lindos olhos verdes e voltasse para seus braços. Carl por sua vez chorava inconsolável em sua cadeira de rodas:
- Meu querido filho, meu menino, o que posso fazer sem você? - perguntava Carl a si mesmo.
O time de futebol do colégio Barkley, junto as líderes torcida puxaram uma salva de palmas para o seu zagueiro e capitão das últimas temporadas, por sua vez, Sam se afastou do local do velório e foi procurar ar fresco em uma área mais silenciosa do cemitério, a ele não agradava uma multidão fazendo barulho, aquilo o incomodava, perturbava a sua mente, mas também mexia com o seu estado emocional, ele estava se indagando do porque não podia bater palmas para o próprio irmão, mas já era sofrimento demais para ele passar por tudo isso, não era necessário se torturar mais.
Com as mãos entrelaçadas e fechadas, Sam começou a caminhar até achar uma área do cemitério onde um catavento girava sem parar, ele se sentou em um banquinho próximo ao objeto e alí mesmo buscou se concentrar no movimento giratório, buscava ocupar a mente e aquilo lhe proporcionava um certo relaxamento.
- Hey Sam... - uma voz o chamou.
Essa voz era de Sarah Smith, líder de torcida do colégio e uma voz ativa no conselho estudantil.Sam a olhou e logo desviou o olhar para o famigerado catavento novamente, os olhos azuis de Sarah não tiram o mesmo brilho, seu cabelo escuro e brilhoso se mexiam conforme o vento demandava, ela se aproximava cada vez mais de Sam, e lentamente sentou-se ao seu lado, olhou para o catavento, tornou seu olhar a Sam e vagarosamente tentou colocar sua mão sob o ombro dele.
- Não me toca, por favor, não me toca! - exclamou Sam.
- Tudo bem, me desculpa, eu sei que você não gosta de toques... - gaguejou Sarah - Eu sei que deve ser um momento difícil para você, sei o quanto o seu irmão te amava, a Maggie sempre me disse o quanto ele falava sobre você ser brilhante, eu só vim aqui para dizer que eu sinto muito, de verdade, se você precisar de alguma coisa... - tentou concluir Sarah, que foi interrompida por Sam.
- Muito obrigado, mas eu gostaria de ficar sozinho! - Pediu Sam.
Sarah nada respondeu, olhou por alguns segundos para os olhos verdes de Sam, que lembravam muito os de seu irmão.
- Sarah, vamos embora, o velório já acabou. - Chamou Ross, namorado de Sarah e membro do time de futebol do colégio.
- Fica bem, tá? - disse Sarah, levantando se enquanto reparava no cabelo liso de Sam se embaraçando conforme o vento levava, preocupada com seu semblante de tristeza e inquietação.
Sam nada respondeu, e Sarah foi de encontro ao namorado, enquanto olhava para trás e fitava firmemente a posição silenciosa de Sam.
- O que você estava falando com aquele idiota? Ele mal conseguiu acompanhar o cortejo do próprio irmão... - disse Ross.
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Stand by me
RomanceApós perder seu irmão em um trágico acidente de carro, Sam, um jovem autista e morador de uma pequena cidade do interior precisa aprender a lidar sozinho com o bullying, o preconceito e as dificuldades de seu último ano letivo escolar. Em meio ao ca...