Capítulo 02

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Eufórica e com o semblante de preocupação, Elizabeth chegará ao colégio Barkley, atravessando o corredor e dando de cara com Sarah, perguntou preocupada:

- Quanto tempo faz que ele está aí?

- Fazem vinte minutos, eu não soube como ajuda-lo, eu sinto muito... Ele não parava de gritar e estava batendo nele mesmo. - respondeu Sarah.

- Sam, é a mamãe, eu estou aqui com você, nós vamos para casa, abre a porta por favor! - exclamou Elizabeth batendo na porta.

- Quilômetro 375... - continuava a dizer Sam, pouco a pouco cedendo a própria voz e limitando sua auto agressão.

Ouvir a voz de sua mãe confortava Sam, embora ele não a abraçasse ou a tocasse, ele sabia que nela encontraria o conforto que precisava naquele momento, e pouco a pouco ele foi cedendo a sua crise, cessou a voz e soltou as mãos, direcionou-se a porta do banheiro e a abriu. Ao abrir a porta Sam se deparou com Sarah esboçando seu semblante de preocupação, mas ele não conseguia manter contato visual e desviou seu olhar para sua mãe, que por sua vez lacrimejava com as mãos no rosto.

- Vamos pra casa filho, eu converso com a direção depois, vamos com a mamãe! - exclamou Elizabeth.

Ainda tremendo por conta dos resquícios da crise, Sam fechou as mãos e apenas começou a caminhar em direção ao final do corredor, onde encontraria a saída do colégio, Elizabeth e Sarah olharam uma para a outra e seguiram o mesmo rumo.
Já na rua, Sam abre sutilmente a porta do carro e adentra com o semblante doloroso em sua face, acomodando-se e fechando a porta do veículo. Sarah e Elizabeth olhavam com pena a sua reação diante a crise, e durante alguns segundos se encararam.

- Senhora Elizabeth, eu sinto muito por... - disse Sarah ao ser interrompida.

- Não sinta, a culpa não é sua, quando ele faz isso, ninguém consegue ajudar, somente o Charlie conseguia - prosseguiu Elizabeth - mas eu quero te agradecer do fundo do coração por se arriscar para ajudar meu filho, se você não estivesse lá, ele poderia se machucar ou poderia ter acontecido coisa pior, muito obrigado Sarah!

- Eu de verdade quero ajudar, eu vejo como é difícil para ele, como as pessoas olham diferente para ele e tratam ele com indiferença, eu gostaria muito de poder ser amiga dele neste momento difícil, ele é muito inteligente, bondoso, ele precisa terminar o ano letivo! - exclamou Sarah.

- Você quer ser amiga dele? Apenas segure a sua mão, e eu digo isso de forma figurada, apenas esteja presente, faça ele perceber que você está do lado dele - Continuou Elizabeth - a vida do Sam foi muito difícil, o autismo sempre o limitou a ser como os outros, ele tem dificuldade de compreender os sentimentos e nós sempre tentamos ajuda-lo, estivemos presentes nas inúmeras crises, pagamos terapia, fizemos o possível, ele tinha uma ligação enorme com o Charlie, e todos nós estamos sofrendo, mas para o Sam tudo é diferente, ele só conhece o sentimento de dor neste momento, ele precisa conhecer sentimentos positivos para que possa superar.

Sarah fixou os olhos de Elizabeth e acenou afirmativamente com a cabeça, sendo retribuída com o mesmo gesto, enquanto Elizabeth entrava no carro, dava partida e seguia em direção a estrada. Sam por sua vez, olhava para trás, aqueles poucos segundos antes de sua mãe virar a rua, pareceram uma eternidade, ele olhava fixamente para Sarah, que permanecia estática com o semblante abatido, mas Sam não compreendia aquele semblante, porque ele estava preocupado em entender o que ele sentia quando olhava para Sarah, aquele era o primeiro sentimento de admiração que ele havia tido por alguém, ele admirava seu falecido irmão, mas desta vez era diferente, ele via beleza em Sarah e se perguntava o porque ela se preocupava com ele.

- O que você tem na cabeça? Vai me dizer que agora quer virar uma heroína e ajudar esse imbecil? - Apareceu Ross, segurando Sarah pelo braço.

- Me solta, Ross! - se desvencilhou Sarah - Você quase me machucou, seu idiota!

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