Apresentação

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Sam Jones nunca teve uma vida fácil, sua mãe descobriu que o mesmo era portador do transtorno do espectro autista ainda quando criança. Em seu processo de evolução houveram muitos obstáculos, mas Sam chegou a vida adolescente demonstrando um grandioso progresso, porém ainda sem conseguir entender os próprios sentimentos. Estudando no mesmo colégio que seu irmão Charlie, por muitas vezes sofreu bullying e preconceito, mas Charlie por sua vez sempre intercedeu quando diante da situação. Apesar das dificuldades enfrentadas por seu grau de autismo, a vida de Sam estava progredindo de uma forma esplêndida, mas um acidente de carro mudaria toda sua perspectiva de vida. Desolado e se sentindo ainda mais sozinho, Sam encontraria conforto em Sarah, líder de torcida e uma das garota mais populares do colégio, mas o que eles não sabiam era que a superação de Sam e a bondade de Sarah, daria início a uma linda história de amor e compreensão.

"Decidi escrever esta obra para conscientizar e mostrar as pessoas que o autismo não é um mundo a parte, é parte do mundo... Infelizmente, muitas pessoas chegam a idade adulta sem a ciência de que estão dentro do espectro, são obrigadas a lidar com situações embaraçosas e passar por momentos difíceis durante toda sua vida, por vezes tentam mudar seus jeitos e mascarar seus próprios rituais por se verem fora da sociedade... Com esta obra, quero que entendam como é importante a conscientização e o conhecimento, quero que entendam que o autista não quer deixar de ser autista, quer respeito e dignidade. Meu nome é Wallace Lira, sou o autor desta obra... Tenho autismo!"

Alerta: esta obra possui gatilhos e aborda temas extremamente delicados

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Alerta: esta obra possui gatilhos e aborda temas extremamente delicados. Contém cenas não recomendadas para menos de 18 anos.

Trecho de "O Antagonista azul" - uma analogia sobre a minha vida:

Eu gosto muito do formato que me propus a escrever este livro... Sabe, a interação do próprio autor com o leitor, meus desabafos, meus mais singelos pensamentos e todas as minhas analogias. Neste capítulo eu não vou relatar nenhum fato, vou apenas fazer o que mais fiz de melhor nessa vida: escrever. Mas escrever sem reflexão nenhuma? Claro que não, ser leviano não faz parte daquela parte do meu ser que se denomina caráter, eu me considero errôneo, mas não perverso. Esse texto é basicamente um prólogo... Eu acho. Quero explicar algumas coisas. Se você veio aqui esperando uma autobiografia, recomendo que não continue a ler. É claro, vou relatar alguns fatos da minha vida, para basicamente fazer uma analogia em relação aos meus sentimentos atuais. Você não está aqui porque quer ver uma história romantizada, se chegou até aqui, é porque quer entender a perspectiva de alguém que se denomina um anti-herói. Minha querida mãe sempre me ensinou a ter bons modos, deixe-me apresentar... Meu nome é Wallace de Lira, atualmente tenho vinte e três anos, eu já tentei por duas vezes me aventurar no ensino superior, mas falhei miseravelmente. Eu não sou um escritor de carreira, escrever é um hobby, eu amo escrever. Desde criança, escrever é a mais satisfatória maneira de me expressar que eu encontrei, nos piores e nos melhores momentos, as letras me permitiram externar tudo aquilo que o meu cérebro inquieto gritava. Eu sei o que você está esperando... Eu explanar minha vida. Se é esse conteúdo que você quer, então você terá, mas saiba que ao optar por continuar lendo o que tenho para falar ao longo dos capítulos, estará entrando em uma profunda viagem guiada pela euforia. A minha vida foi uma tremenda bagunça até então, foram diversos os problemas familiares que me causaram sofrimento emocional. PARE. Eu não sou a vítima, eu sei que está pensando isso... Uma criança indefesa, a mercê do sofrimento? Não funciona bem assim. Estou te envolvendo nesse turbilhão de emoções porque quero que entenda que a vida é como um trem do metrô de São Paulo, há um caminho só, não tem erro, você vai sempre repetir o mesmo ciclo, levando consigo diversas pessoas durante a trajetória, vendo-as partir, vendo-as voltar... Alguns vagões são modernizados com o tempo, outros são esquecidos e acabam envelhecendo, perdendo o brio, tornando-se pífios e consequentemente objeto de reclamação dos demais. Eu sou um vagão desses envelhecidos, que as pessoas se deparam e falam o quão estranho e desatualizado é. Eu sou um trem que apresentou problemas desde a sua criação, mas que permaneceu ativo por conta de constantes manutenções. Mas permanecer ativo, meus caros amigos, não significa sucesso nessa intrigante trilha que é a vida, porque eu não fui modernizado. Todos os passageiros que adentraram no vagão, partiram e não voltaram mais... Entravam novos a todo momento, mas estes também partiram. Há os passageiros que permaneceram, que não se importam com os defeitos do trem, com sua estranheza... Por algum motivo, queriam viajar junto a ele. Saindo do raciocínio figurado, eu já recebi diversos adjetivos nessa vida, de forma majoritária, pejorativos. Porque não consigo manter amigos? Porque tenho tantas dificuldades de iniciar uma interação? Porque as vezes falo coisas inadequadas que afastam as pessoas de mim? Porque eu me sinto tão incomodado e invadido quando faço contato visual com outro ser humano? Será que eu sou desse mundo? Eu sou estranho, né? Olha lá, hoje eu não quero brincar com as crianças na rua, eu tenho somente seis anos de idade e quero assistir todo o horário político para ver-los falar sobre como pretendem mudar o Brasil... Depois eu brinco. Nossa, isso é muito esquisito, né? Eu sei caro leitor, pode assumir, você está me achando estranho. Não se sinta mal por isso, eu também me acho esquisito. Mas se você me disser que para todas essas perguntas não se tem resposta, eu vou discordar e afirmar que está mentindo. Dentre milhões de pessoas, eu nasci com todas essas peculiaridades tomando forma no meu jeito, é intrínseco a mim. Tudo isso é tão atípico... Não é mesmo? Pois bem, não reflita, espere... Eu tenho a resposta. É meus amigos, a cegonha trouxe ao mundo um esbelto anjinho azul? Não, trouxe ao mundo um antagonista, feito para contrariar tudo e todos, movido pelo sentimento de autoconhecimento, buscando a paz interior com o propósito único de se compreender. Vamos parar de enrolação.

- Wallace... Não me resta dúvidas, você é autista. Você sabe o que significa síndrome de Asperger? - perguntou-me a Dra. Cláudia.

Neste momento, fui tomado por um misto de tristeza e felicidade. Aquele garoto revoltado, que cresceu sendo adjetivado, havia retornado. Mas Wallace, você não encontrou as respostas para o que tanto queria? Sim. E nesse momento estou lhe respondendo, regulando-me com minhas estereotipias. Encontrar respostas é conciliador, explicou toda a euforia, deu sentido a traços de uma vida repleta de incompreensão. Mas vem os questionamentos... E se fosse diferente? Porque eu nasci assim? E se eu tivesse obtido essas respostas antes? Wallace... Não há como voltar no tempo, mas há como mudar o futuro. Eu sei, e foi a partir disso, que eu comecei a construir o meu orgulho. Mas eu abomino ter síndrome de Asperger... Hanz Asperger foi um nazista de merda, que torturou crianças autistas. Prefiro dizer que... Tenho autismo, e a vida por si só, já é um milagre.

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- Wallace... Wallace... Se prepara, o show está prestes a começar, a plateia da sua vida lotou o teatro, é a sua hora de brilhar! - Dizia minha mãe, ao lado do meu pai.

Neste momento, meu semblante demonstrava apreensão, minha querida agitação psicomotora tomou conta do meu corpo. As cortinas se abrem, eu caminho até o palco, encarando o microfone. Não escuto aplausos.

- Uhhhh... - Vaias incessantes tomaram conta da acústica do ambiente. - retardado, sai daí seu doente mental, maluco, demente... Que cara esquisito... Você só faz merda...

De repente, acordo. Era mais um dos pesadelos do qual meu distúrbio do sono crônico houvera me acometido... Acabei sonhando com a vida, lembro-me de cada um dos rostos que me ofenderam.

- Eu preciso agir... - sussurrei ofegante. - Quantos autistas não devem passar por isso?

De uma forma figurada para que entendam basicamente a criatividade da minha mente de contar a realidade com um teor de ficção, assim nasceu meu ativismo. A partir disso, começou-se a construir o meu orgulho autista. Dentro dessa comunidade, infelizmente dividida, onde o ego por muitas vezes toma conta de um propósito maior, eu ainda me sinto sozinho, alguns amigos autistas me abraçaram, compraram meus autênticos ideais. Já outras pessoas, que vendem uma falsa ideia de união, ignoraram a minha existência. Eu não vou dar palanque aos nomes perversos, mas durante esse livro, eu vou citar o nome de grandes amigos neurotipicos que tenho até hoje, amigos e amigas autistas que fiz em meio ao ativismo, farei analogias referente a alguns fatos da minha vida. Anjo azul? Não. Atípico? Biologicamente sim, mas nominalmente? Não. Eu prefiro ser chamado de antagonista azul, porque eu sou um anti-herói... Você não vai me ver escrevendo palavras bonitinhas para agradar os outros e dar ênfase a um espetáculo pífio, você não vai me ver renegando o próximo e propagando união. Você vai me ver sendo combativo e autêntico, ácido quando necessário e gentil quando posto a ensinar. Contra tudo e contra todos, me perdoem se as vezes sou um homem um tanto quanto indecifrável, mas eu te garanto... Há bondade e empatia no meu coração, e o meu intuito é ajudar outros autistas a se reconhecerem, se identificarem e que possam ter uma melhor qualidade de vida. O MEU propósito final é esse, evitar que o maior número de pessoas autistas passem pelo sofrimento que passei, tenham uma vida plena e feliz. Mas para isso, eu precisarei ser ácido, precisarei combater estigmas e mudar a cabeça das pessoas... Eu recebo muitas pancadas, sabia? Mas... DANE-SE, eu sou errôneo, faz parte da minha humanidade e acredito que de qualquer ser humano, mas enquanto eu estiver movido pelo bom sentimento de lutar pela comunidade do autismo, eu estarei de cabeça erguida, com muita serenidade e consciência tranquila.

- Senhores leitores? Apertem os cintos, o anti-herói está pronto para combater os "falsos heróis"... O trajeto percorre a minha perspectiva. - Digo a vocês. - Ah, esqueci... Cortem a minha cabeça... Mas cortem sabendo que irão nascer outras no lugar!

Minha luta é combativa, eu não tenho medo e não tenho o rabo preso com ninguém, eu sou o antagonista mais necessário dessa história onde os heróis são os verdadeiros vilões... Sabe porque? Porque o remédio é amargo, mas o tratamento leva a cura.

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Stand by meOnde histórias criam vida. Descubra agora