Legiões- A feiticeira

1- Carousel

Era duas da manhã quando acordei com um barulho estanho vindo do meu quintal, levantei com calma para que ninguém me escutasse, olhei para a janela e vi uma luz, me aproximei um pouco mais com cuidado e era uma luz intensa, mas logo sumiu.
Acordei me sentindo estranha, eu sabia que eu havia acordado, que não era um sonho, não conseguia parar de pensar naquela luz vermelha, tão intensa.

Decidi ir para o colégio andando, precisava respirar e pensar, então coloquei uma música e esqueci do mundo ao meu redor pensando somente naquela luz.

Cheguei na escola e tudo só ficou mais estanho, conforme eu passava as pessoas me olhavam e me seguiam com seus olhos, eu não conseguia pensar em algum motivo para isso, eu estava me sentindo bem aquele dia? Sim, mas as pessoas nunca me olharam assim, aquilo começou a me incomodar e eu fui ao banheiro ver o que podia ser. Chegando lá eu até tomei um susto, eu ainda era eu, mas estava diferente, meus cabelos loiros estavam brilhando, meus olhos dourados vibrantes, eu havia sem sobra de duvidas recuperado o peso que havia perdido a alguns meses atrás. Eu estava com um brilho diferente, mas além do físico por dentro as coisas estavam diferentes também, eu estava confiante e determinada.

Quando eu sai do banheiro dei de cara com os meus amigos, Iris e Marcos, eles estavam sem reação, olharam entre si e disseram algo que eu não consegui ouvir, preocupada com a reação deles eu falei:
— É tão ruim assim que eu tenha mudado?
— Longe disso, você está maravilhosa Ce. — Disse Marcos com um sorriso malicioso de canto de boca.

Não sei o porque mas algo nele sempre me atraiu, mas eu nunca fui capaz de estragar nossa amizade, ainda mais porque ele nunca me notou desta forma até agora.

— Você está linda, mais do que já eera Celeste. — Iris falou me abraçando e dando uma cotovelada no Marcos.

— Obrigado gente, podemos ir para a aula agora? Já está me incomodando todo mundo no corredor me encarando. — Falei rindo, abraçando os dois de lado e indo para a sala.

Tirando a forma como as pessoas ficavam me olhando sem disfarçar, foi tudo normal, assim que acabou as aulas fui direto para casa, almocei e fui estudar, estava atolada de matérias, bom, ao menos eu tentei estudar, mas eu só conseguia pensar naquela luz vermelha intensa, era tão vibrante, por um segundo pude até pensar que o que quer que aquilo fosse, esatava me chamando.

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Acordei as 3 da manhã dessa vez, mas o que me acordou foi algo ou alguém me chamando, fui com cuidado até a janela e lá estava aquela luz, esférica, num vermelho tão vivo e intenso, brilhando, pulsando e me chamando.

"A nascida entre mundos, filha do tudo e do nada, aquela que poderá ser a salvação ou a ruína.
A escolhida, herdeira de tudo e todos.
Venha Celestre, me aceite, serei seu."

Estiquei meu braço para tocar a esfera vermelha, quando eu consegui foi ali que eu senti todo aquele poder passando pelo meu corpo todo, era como se eu já o conhecesse, e tudo começou a fazer sentido, a mudança havia sido ele, ele me aguardava a tanto tempo, e eu estava me preparando para ele. Só depois de um tempo percebi que minha mãe estava no quarto atrás de mim, me virei rapidamente para ela, mas meus pés não tocavam o chão, eu estava fluando.

— O que você fez Celeste? — Ela falou andando de um lado pro outro parecendo já conhecer tudo aquilo.

— Ele me chamou, disse que eu sou a escolhida e eu o aceitei como meu.

Mesmo tendo noção do que havia acontecido eu não entendi nada, acho que aquele poder sentiu isso e se controlou para eu poder conversar com minha mãe, pois de algo ela parecia saber.

— Está luz um dia já me pertenceu Celeste, agora ela te escolheu para proteger nosso lugar de origem, ela é poder absoluto, quem o usa é chamado de feiticeiro, no seu caso feiticeira. — Disse mamãe enquanto pegava um copo d'água para eu me acalmar.

— Mas então de onde somos mãe?

— Somos de Serdarin, e você terá que ir para lá, para executar sua missão querida.

— Como assim? Eu nunca ouvi falar desse lugar, como eu vou para La? – Perguntei confusa.

— É porque ele não fica nesse mundo. Querida, tentei ao máximo te proteger disso tudo, mas não foi possível você é a escolhida. Vamos arrumar uma bolsa com algumas coisas e te trocar para você ir.

— E você não vai comigo mãe?

— Eu não posso filha, a muitos anos atrás sai de lá como fugitiva por algo que não fiz, sinto muito.

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Eu estava em estado de choque ainda, mas mesmo assim estava fazendo o que minha mãe mandava, me troquei, arrumei uma bolsa com poucas coisas e saímos, fomos para a floresta perto de casa.

Chegamos lá e logo de cara avistei Iris e Marcos, ai sim que não entendi mais nada do que estava acontecendo.

— Somos de Serdarin, viemos para proteger você, conhecemos sua mãe lá em Serdarin. — Iris falou em quanto vinha me abraçar.

— Mas vocês não teriam que ser bem mais velhos que eu? – Confusão estampava o meu rosto.

— E nós somos, tenho 375 e Iris 347 anos, Ce. – Marcos falou rindo, mas aquilo fazia menos sentido ainda, então mamãe explicou.

— Eles são feericos Celeste, o tempo, os anos passam diferentes para eles, são quase imortais se levarem em questão somente suas idades.

Fiquei chocada, eu tinha uma queda por um feerico muito mais velho do que eu, o que na realidade, só o deixava mais misterioso e atraente. Quando me dei conta Marcos estava na minha frente, era como se ele pudesse ler os meus pensamentos, ele olhou para mim e me deu um sorriso malicioso, o que sinceramente me deixou um pouco ofegante, levando em consideração que Marcos era um homem  de 1,80 metros, cabelos castanhos escuros, olhos azuis, pele clara e um físico incrível, ele sempre fez bastante sucesso no colégio entre as meninas.

Depois de alguns avisos de minha mãe e de pedir para que Iris e Marcos cuidassem de mim, nos despedimos e apenas nós três seguimos para o centro da floresta. Chegando lá havia um circulo de pedras, cada uma delas havia desenhos e palavras em diversas línguas que eu nunca vi, cada uma delas deveria ser um portal para um mundo diferente. Quando eu reparei paramos na frente de uma porta e aquela em específico eu conseguia ler o que dizia "me chame pelo meu nome e eu irei abrir", dissemos o nome de Serdarin juntos e então um clarão invadiu nossos olhos por alguns minutos não consegui enxergar nada, quando minha visão foi se reajustando percebi que não estávamos em casa mais, estávamos em Serdarin, onde tudo iria começar.