Depois de ter passado aquilo que me pareceram eternidades a chorar, eu fico com tamanha dor de cabeça que preciso de ir para casa. Peço a Leah e Luccas que tomem conta das coisas e que peçam aos colegas da tarde para serem eles a fechar à hora normal, já que não voltarei. Eles obviamente estranham a minha atitude, porque nunca passo tanto tempo fora da padaria, mas eu argumento que me estou a sentir doente e eles concordam em passar a mensagem aos colegas.
Caminho pela vila até casa, um apartamento que fica nas águas furtadas de um pequeno prédio. É um T1, pequeno e confortável, que chega perfeitamente para mim. Comprei-o depois de terminar a faculdade e tem sido o meu refúgio desde então.
Deito-me em cima da cama e fico a encarar o teto de madeira. Depois faço algo que me proibi de fazer há já algum tempo. Retiro um álbum de fotografias de dentro de uma caixa que tem estado guardada debaixo da minha cama. Guardar recordações sempre foi a minha cena, assim como imprimir fotografias e ir construindo álbuns. Mas este álbum tem estado particularmente escondido, porque me trazia dor e tristeza. Contudo, hoje sinto necessidade de olhar para ele. É o álbum da minha adolescência, carregado de fotos minhas e do Harry, assim como de outros amigos.
É engraçado pensar na forma como tudo aconteceu entre mim e o Harry porque, literalmente, ninguém previu que as coisas se pudessem desenrolar da forma como desenrolaram. Nem nós os dois.
Os meus pais e os pais do Harry eram vizinhos e, curiosamente, até nós nascermos, eles não eram propriamente amigos. Eram apenas vizinhos. Mas eu e o Harry nascemos com dois dias de diferença, o que fez com que as nossas mães tivessem estado juntas na maternidade e, por isso, se tivessem tornado boas amigas. Foi por culpa delas que nós nos tornámos amigos porque crescemos juntos. Sobretudo tendo em contas as nossas histórias familiares. Os pais do Harry separaram-se quando ele tinha quatro anos e os meus pais... Bem, o meu pai foi levado pela polícia quando eu tinha seis anos, depois de ter batido na minha mãe, e desde então nunca mais o vi. Então, Anne e a minha mãe passaram a ser ainda mais unidas, a ajudar-se uma à outra. Se, por exemplo, a minha mãe tivesse de ficar na padaria até mais tarde, Anne levava-me para sua casa e eu acabava por jantar lá. E, quando Anne trabalhava aos fins de semana, a minha mãe levava-nos, a mim, ao Ethan - o meu irmão mais novo, dois anos - a Harry e a Gemma, a sua irmã mais velha, a passear ou a fazer piqueniques. No fundo, nós éramos todos uma família e o Harry, a Gemma, eu e o Ethan éramos todos como irmãos. Sempre foi assim, por isso nunca passou pela cabeça de ninguém que Harry e eu nos pudéssemos vir a apaixonar.
Na nossa adolescência, sempre tivemos o mesmo grupo de amigos e sempre passámos muito tempo juntos. Sei lá, era natural para nós. Tínhamos as nossas private jokes, guardávamos os segredos um do outro, protegíamo-nos um ao outro como irmãos. Depois, no secundário, o Harry foi passar uma temporada com o pai a Londres. E quando digo uma temporada quero dizer os três anos do ensino secundário. Apesar de tudo, eles sempre se mantiveram muito próximos e quando o pai o convidou ele não rejeitou, como é óbvio. Vinha algumas vezes por mês e nas férias, mas acabámos por nos afastar um pouco, como seria natural. Acho que foi aí que tudo realmente mudou entre nós. Como passávamos muito menos tempo juntos, deixámos de partilhar tudo e, mesmo que tenhamos mantido o contacto e a amizade, aquele laço de irmãos acabou por quebrar.
Depois, por coincidência ou não, eu e o Harry acabámos na mesma faculdade. Ele sempre soube que estudaria Literatura Inglesa e eu demorei algum tempo até decidir o que queria fazer da minha vida. Decidi-me por Jornalismo. Sem saber a que universidade Harry se tinha candidatado, curiosamente, ambos entrámos na Universidade de Birmingham e acabámos, inclusivamente, por ter algumas disciplinas comuns. Foi isso que nos reaproximou, mais de uma forma diferente.
Em três anos, as pessoas podem mudar muito e acho que isso aconteceu connosco. Quer física, quer psicologicamente, ambos crescemos muito durante três anos. O Harry tornou-se um rapaz muito mais interessante, a todos os níveis. Primeiro, o seu aspeto físico tinha mudado radicalmente e ele tinha passado de um jovem adolescente franzino a um homem alto e com um físico atrativo. Não era excessivamente musculado nem nada que se parecesse, mas era bonito. É bonito. Além disso, o Harry sempre teve uma personalidade muito cativante e três anos em Londres tornaram-no ainda mais carismático, mais interessante e especial. Ele é o tipo de pessoa que se interessa por tudo e por todos, que sabe um pouco de tudo, que realmente ouve quando alguém fala com ele... Tem um coração inacreditável, é bondoso, preocupado... E eu acho que só vi, realmente, todas essas qualidades do Harry após esses três anos em que estivemos mais afastados. Comecei a olhar para ele com outros olhos, como uma mulher olha para um homem. E o mesmo aconteceu com ele. Obviamente que eu também mudei e ele também começou a reparar em mim de uma forma diferente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't Give Up On Me | Harry Styles ✔️
RomanceI'm not givin' up I'm not givin' up, givin' up, no, not me (not me) Even when nobody else believes (believes) I'm not goin' down that easily So don't give up on me ************************ Harry & Olivia. Uma história de amor, de amizade, de confia...