Depois da minha conversa de ontem com o Harry, precisei de tempo para absorver tudo o que ele me tinha dito. Chorei horas a fio, sozinha, a tentar imaginar aquilo por que ele passou sozinho. Chorei porque queria ter estado lá para o ajudar. Chorei por que ele me magoou. Mas, acima de tudo, chorei porque me conheço bem o suficiente para saber que, provavelmente, teria reagido da mesma forma e ter-me-ia isolado.
Hoje, já me sinto mais tranquila, sobretudo porque sei e porque vi que ele está bem. Estou infinitamente orgulhosa dele por não ter desistido de viver, por ter lutado, por ter procurado ajuda e ter recuperado. Sempre soube que havia qualquer coisa de especial nele e hoje tenho ainda mais certezas disso.
Ficou combinado que, quando regressasse da entrevista, passaria em casa de Anne para que ele me desse a carta que escreveu para mim. Sei que, provavelmente, não será uma leitura fácil e será dolorosa, mas preciso de ler para compreender melhor.
Não falámos sobre a nossa relação, sobre como serão as coisas entre nós, mas acho que temos tempo para isso. Sobretudo, porque eu ainda estou a processar tudo. A conversa da Anne sobre perdão também não me sai da cabeça. Por um lado, sinto que já perdoei o Harry, porque consigo perceber que ele achava realmente que estava a fazer o que era melhor para mim, que me estava a tentar proteger dele próprio. Por outro lado, há uma parte de mim que continua muito magoada por não ter tido sequer a oportunidade de o tentar ajudar e sinto que vai haver sempre uma desconfiança da minha parte ou um medo de que ele se volte a isolar e a afastar de mim sempre que as coisas ficarem complicadas. Eu sei que o que está aqui em causa é a saúde mental dele, mas eu não posso estar com alguém que se vai afastar de mim sempre que não estiver bem – isso não é suposto acontecer numa relação. Por isso, estou muito dividida e acho que ainda preciso de mais algum tempo. Talvez devamos ser só amigos, não sei.
Empurro os meus pensamentos para longe e engulo o resto da torrada do pequeno-almoço, porque preciso de me despachar. De duche já tomado, perco alguns minutos a escolher o que vestir. Não é por já ter conseguido o emprego que devo passar uma imagem desleixada, acho que passar uma imagem profissional é sempre importante. Escolho umas calças pretas de cintura subida, que combino com uma camisola branca que parece uma blusa, pois tem uma renda na parte da gola, e um blazer camel, que estava perdido há anos no meu armário. Calço uns sapatos rasos da mesma cor do blazer e coloco os meus pertences na habitual mala preta. Não coloco uma maquilhagem muito elaborada, apenas rímel e um batom muito claro, e também não faço nada de especial no cabelo, até porque começo a ficar atrasada.
O caminho até Manchester é bastante tranquilo, apesar do trânsito, e eu não deixo de me sentir satisfeita com esta sensação de ter conquistado este emprego. É uma excelente oportunidade, sobretudo depois de ter estado praticamente um ano parada, e estou mesmo entusiasmada por poder voltar a exercer funções enquanto jornalista.
Após entrar no edifício e anunciar a minha presença, não espero mais do que cinco minutos até Amanda, a simpática senhora dos recursos humanos que me entrevistou, me chamar para entrar na sala de reuniões, onde nos vamos encontrar com Keith Martin, o diretor do jornal. Primeiramente, tratamos das questões mais formais e burocráticas com Amanda e depois eu fico com o senhor Martin, para ele me explicar melhor as cláusulas e condições do meu contrato e também sobre o método de trabalho do jornal.
- Bem, Olivia, como sabes, nós somos um jornal exclusivamente online e, por isso, a nossa forma de trabalho é ligeiramente diferente da de muitos outros jornais. – o sr. Martin começa – A maioria dos jornalistas trabalha em casa, sendo que normalmente quem está aqui são os responsáveis pela informática, gestão e design do site, eu e os administrativos. Normalmente, o que fazemos são reuniões uma vez por semana, em que nos juntamos todos aqui para distribuir o trabalho dessa semana para cada um. Ou seja, este é o regime em que a Olivia irá trabalhar. Todas as segundas-feiras, às 9h, teremos aqui reunião marcada para distribuir trabalho e o resto da semana trabalha em casa. Trabalhamos, normalmente, de segunda a sábado e os horários são variáveis, conforme a programação de cada dia e de cada semana. Nós gostamos de trabalhar com horários flexíveis porque nem toda a gente tem o mesmo método de organização, nem a mesma velocidade de trabalho. Por isso, desde que o trabalho apareça bem feito dentro dos prazos, que se mantenham contactáveis durante aquele que é o horário padrão de expediente e que tudo corra bem, a Olivia é responsável pela gestão do seu próprio trabalho. É claro que, nesta fase inicial de adaptação, qualquer um dos seus colegas, eu incluído, estaremos disponíveis para a ajudar em tudo o que necessitar. Com o passar do tempo, tenho a certeza que vai ficar familiarizada com o nosso método de trabalho. – conclui – O que lhe parece?
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Don't Give Up On Me | Harry Styles ✔️
Roman d'amourI'm not givin' up I'm not givin' up, givin' up, no, not me (not me) Even when nobody else believes (believes) I'm not goin' down that easily So don't give up on me ************************ Harry & Olivia. Uma história de amor, de amizade, de confia...