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Acordo às sete e meia da manhã, como vem sendo hábito nos últimos meses, mas hoje custa-me mais do que nos restantes dias. Devo ter dormido umas três horas, no máximo, devido às insónias que me atacaram durante grande parte da noite, e estou completamente exausta. A juntar a isto, há o desânimo e a melancolia que têm tornado os meus últimos dias um inferno, mas também há a determinação de quem vai mudar a sua vida, antes que seja tarde demais. Ontem telefonei ao meu tio e esta tarde ele vai reunir comigo na padaria, porque eu realmente preciso de ajuda.

Tomo um duche quente, porque as temperaturas têm estado cada vez mais baixas, e regresso ao quarto para me arranjar para mais um dia de trabalho. Umas calças de ganga de cintura subida e uma camisola de malha branca e preta, às riscas, são a indumentária escolhida. Calço as minhas botas rasas pretas e escolho um casaco castanho caramelo para vestir quando sair à rua. Coloco as minhas coisas na habitual mala castanha e o habitual relógio de pulso, saindo do quarto sem sequer tentar disfarçar as olheiras. Não estou com qualquer paciência para isso e hoje não conto sair do escritório durante todo o dia, por isso as pessoas não se assustarão com a minha aparência. Faço umas torradas e bebo uma caneca de café com leite antes de sair de casa para trabalhar. Como chego mais cedo que o normal, sou eu quem abre a padaria e, minutos depois, a Leah chega para iniciar o seu turno.

- Leah, hoje vou ter de ficar no escritório a despachar trabalho, mas se precisares de mim é só chamares. – informo-a e ela assente com um sorriso simpático.

Depois de me acomodar no escritório, eu vou buscar um cappuccino para me acompanhar enquanto trato de enviar uns e-mails com encomendas aos fornecedores. Quando essa parte do trabalho está tratada, eu pego no telemóvel e marco o número do meu irmão.

- Liv! – ele atende entusiasmado – Já não falávamos há tanto tempo, maninha!

- É verdade... Tenho saudades tuas. – afirmo, sorrindo.

- E eu tuas. Desculpa não ter ido ver-te... Mas acho que me custa voltar aí. – ele reflete e eu assinto – Tenho saudades da mãe.

- Eu sei... Eu também. – suspiro – Preciso muito de falar contigo, Ethan.

- O que é que se passa? Pareces triste, Liv... - o meu irmão pergunta, preocupado.

- Nem imaginas como a minha vida está um caco. – suspiro novamente – O Harry voltou.

- O quê? Como assim, voltou? Onde é que esse filho da mãe esteve enfiado? Liv, se eu o vejo à minha frente, eu estou capaz de o matar! – Ethan exalta-se e eu reviro os olhos perante a sua atitude exagerada. Sei que também o magoou o facto de Harry ter ido embora e ter deixado de dar sinais de vida porque eles eram amigos e sempre contaram um com o outro – Ele simplesmente resolveu aparecer?

- Calma, Ethan. É mais complicado do que parece. – declaro – Ele... Eu não vou entrar em grandes pormenores, porque não é a minha história para contar, mas as coisas em Nova Iorque correram muito mal e... O Harry entrou numa depressão muito grave, Ethan. Ele esteve em Londres, em casa do pai, enquanto tentava curar-se. E agora voltou.

- Como assim? Ele esteve aqui, em Londres, e nunca veio falar comigo?! – a revolta e a incompreensão estão presentes no discurso do meu irmão e eu compreendo que ele se sinta dessa forma, porque foi exatamente o que eu senti.

- Não te posso dar resposta a essas perguntas, mas acho que devias ser tu a falar com ele. A ouvir a história dele e o que ele tem para te dizer. – aconselho – E tenta não ser assim tão agressivo com ele. O que ele passou foi complicado.

Don't Give Up On Me | Harry Styles ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora