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3 dias depois...

Voltei ontem à noite de Londres, de energias bastante renovadas. Ver o meu irmão fez-me muito bem mesmo e sair do meu espaço habitual também. Pude respirar um ar diferente, ver pessoas diferentes, sítios diferentes... Foi uma lufada de ar fresco, uma mudança de ares que eu estava mesmo a precisar. Regressei de baterias recarregadas, pronta para pôr em marcha todos os meus planos futuros e para voltar a tomar as rédeas da minha vida. Contudo, antes de começar a fazer tudo isso, há um sítio onde tenho de ir primeiro.

Quando termino de tomar o pequeno-almoço, apenas levo comigo o meu telemóvel e as chaves de casa, abandonando o meu apartamento. Caminho pelas ruas tão conhecidas por mim, daquela que é e sempre será a minha cidade, na direção do cemitério. Preciso de ver a minha mãe, preciso de conversar com ela, de lhe contar os meus planos, para depois, sim, reorganizar a minha vida e construir o meu futuro.

Eu sou 100% apanhada de surpresa quando vejo uma silhueta junto ao local onde a minha mãe está sepultada. À distância, não percebo logo quem é, mas quando me aproximo, começo a reconhecer aquele tronco forte e aqueles caracóis revoltos. Hesito em avançar ou ir embora, para voltar noutro momento, mas decido avançar. Caminho até estarmos lado a lado, em silêncio, a encarar a placa de mármore com o nome da minha mãe inscrito.

- Posso perguntar-te o que fazes aqui? - questiono, ao fim de alguns segundos.

- Faz parte do processo... Pedir perdão aos outros e tentar perdoar-me a mim mesmo. - Harry esclarece - Achei que falar com a tua mãe poderia ajudar-me.

- E ajudou? - pergunto.

- Sim. - ele encara-me, pela primeira vez desde que cheguei, sorrindo um pouco - E falar com o teu irmão também ajudou.

- Falaste com ele? - pergunto, surpresa.

- Sim, ontem à noite ele ligou-me. Pensei que sabias. Aliás, até pensei que estivesses lá com ele, não sabia que já tinhas voltado. - ele responde.

- Voltei ontem à noite. - explico - Eu tinha-lhe dito que achava que ele devia falar contigo, não sabia é que ele tinha seguido o meu conselho.

- Pelos vistos, seguiu. E acho que foi bom, pelo menos, para mim. Ouvir uma voz crítica, que me conhece suficientemente bem para não me tratar com paninhos quentes.

- Espero que ele não tenha sido demasiado duro... Tu sabes como é o Ethan. - digo. Não sei exatamente porque continuo a defender o Harry, mas é algo mais forte do que eu.

- Não, ele foi exatamente aquilo que eu precisava que ele fosse. E não te preocupes, eu conheço-o bem e ele conhece-me bem. Tivemos ambos uma conversa honesta, que foi boa para os dois. Está tudo bem. - ele declara e eu assinto - Bem, mas vou-te deixar a sós com a tua mãe, calculo que tenhas vindo aqui para isso.

- Sim.

- Vemo-nos por aí. - ele despede-se, acabando por se afastar de mim.

Fico, simplesmente, a fitar o local onde a minha mãe está sepultada e a pensar nesta troca de palavras com o Harry. O gesto de ele ter vindo aqui significa muito para mim.

- Sei que, se estivesses aqui, me dirias para o perdoar. - sussurro - Mas ainda estou muito magoada, sabes? Precisei tanto dele e ele não estava aqui. Ele precisou de mim e não me deixou ajudá-lo. Sempre fomos os melhores amigos, sempre confiámos um no outro para tudo, não devia ter sido diferente desta vez... - solto um longo suspiro - Há de chegar o momento em que o vou procurar para obter respostas às minhas perguntas, para o tentar compreender... Neste momento, vou-me concentrar em mim, na minha carreira, no meu futuro. Sei que era isso que quererias para mim. Espero que estejas orgulhosa. Amo-te muito, mãe.

Don't Give Up On Me | Harry Styles ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora