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Oikawa (1° pessoa):

Na tarde de domingo em que Iwaizumi apareceu na minha porta sem me avisar antes, eu havia passado horas encarando meu teto enquanto me culpava por ter lesionado a minha perna. O campeonato começaria no dia seguinte e eu ainda não estava bem o bastante para jogar, e mesmo que meu objetivo fosse ganhar do Shiratorizawa, eu estava me sentindo um pedaço de lixo inútil por perder esses primeiros jogos.

Tudo o que eu podia fazer era confiar que meu time venceria todos os jogos da primeira fase e torcer pra que eu ficasse bom a tempo de jogar nas finais. E sério, isso era uma merda. Eu não podia sequer me preparar fisicamente, meu livre arbítrio se limitava a ir da cama ao sofá e praticar toques sentado no chão.

Já que Iwa-chan se recusou a treinar toques comigo, a parede da garagem virou minha melhor amiga. Mas jogar a bola na parede não era a mesma coisa do que levantar pra uma pessoa, e tocar estando sentado limitava minha noção de tamanho e espaço. Enfim, uma merda.

Então, quando a campainha tocou e eu encontrei Iwa-chan em pé do outro lado, fiquei muito feliz. Porque por algumas horas, esqueci que eu era um lixo e pude me ocupar tagarelando com Iwa. Pra ser sincero, eu não o entendia. Ele vivia reclamando sobre ter que ir me ver e deixava claro que minha presença era irritante, mas mesmo quando não precisava, vinha até mim.

Acho que ele também estava com a cabeça cheia naquele dia. No fundo, somos mais parecidos do que ele gostaria de admitir. O fato é que nós dois nos usamos para esquecermos dos nossos problemas; eu uso ele como alvo das piadas e provocações e bem, ele me usa de saco de pancadas. Enfim, eu não tenho certeza de se esse é o melhor ou mais saudável tipo de relação, mas é a que nós temos. E eu não abriria mão dela por nada.

Mas ultimamente, Iwa tem estado estranho. Alguma coisa mudou entre nós. Houve um tempo em que eu podia fazer todo tipo de comentário sexual perto dele e ele nem piscava. As vezes me mandava calar a boca ou me olhava com repulsa, mas agora, sai correndo pra longe. Como se ficar perto de mim ficasse difícil. Eu acho que ele jura que eu não percebi nada disso, mas qual é, o cara é um péssimo ator. 

Eu ainda não sei qual é a dele, então estou tentando não pressioná-lo demais. Eu não acho que ele vá me contar o que está incomodando-o, mas também não acho que seja uma boa ideia tentar arrancar isso à força quando eu preciso que ele se mantenha estável pro campeonato.

De qualquer forma, eu estava decidido a seguir um limite. Um limite que eu havia descoberto ser muito estreito. Sinceramente, é um saco não poder falar o que eu quiser nem brincar sobre o que eu quiser sem que o clima fique uma merda entre nós, mas acho que momentos complexos e complicados fazem parte de qualquer tipo de relação. Com sorte, superaríamos isso em breve. Seja lá o que isso significar.

Naquela tarde, depois de eu ter conseguido convencer Iwa a não sair correndo, ele ficou só mais uma meia hora antes de dizer que tinha que ir porque precisava dormir cedo e blá blá blá. Nesse meio tempo, fiz o melhor que pude pra não, hã, tocar em nenhuma ferida  e até que funcionou bem. Mas Iwa se manteve a uma distância segura de mim e permaneceu quieto a maior parte do tempo, olhando pro relógio de cinco em cinco minutos de uma forma muito irritante.

Acho que o plano dele era distrair a cabeça indo me ver, mas eu havia conseguido deixá-lo ainda mais tenso. Depois, desisti de tentar manter um diálogo e o dispensei da minha casa. Ele prontamente pegou suas coisas e tomou o rumo para a porta da frente. Eu o segui e abri a porta pra ele, mas antes que ele passasse pelo batente e subisse na bicicleta, eu disse:

-Te vejo amanhã.

Ele hesitou e concordou com a cabeça, e depois, fiquei em pé vendo ele pegar a bicicleta e se afastar da minha casa. 

✭♡ ❝ ᴛʜᴇ sᴛʀᴏɴɢᴇsᴛ. ❞ ✭♡ | ➸ ɪᴡᴀᴏɪ (Oikawa x Iwaizumi)Onde histórias criam vida. Descubra agora