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Enquanto eu andava em direção a ruiva "Chae" - como disse querer se chamada - Lia envolveu um dos braços no meu e caminhou ao meu lado, realmente não sei quando eu dei essa intimidade a ela, mas não tive a audácia de impedir.
Outra coisa...por que ela estava tão animada e tranquila? Será que ela não entendeu que estamos em outra GALÁXIA - Yuna vinha logo atrás como se nos escoltasse.
Saímos do cômodo e seguimos por um corredor branco – nesse ponto já comecei a achar que era tudo branco e sem graça nesse planeta – até chegarmos em uma outra sala também toda branca, mal entramos e Lia já disparou.
– Esse é o cômodo mais confortável? Imagina o desconfortável. – Ela ria com a própria piada. As covinhas da maçã do rosto aparecendo e os olhos diminutos. Fofo.
Chaeryoung com um semblante tranquilo esperou o portal se fechar e apertou um botão na parede com o indicador. Logo o ambiente se preencheu sob nossos olhos. Agora as paredes eram de uma cor amadeirada. Um enorme e confortável sofá branco se estabelecia encostado a uma parede, um tapete felpudo ao centro, uma lareira oposta ao sofá. Raios solares invadiam o lugar através das longas cortinas, era bem arejado e ao mesmo tempo quentinho.
– A sala agrada? – Chae perguntou, tanto eu quanto Lia estávamos certamente chocadas.
Assenti mexendo o rosto, logo nos sentamos no grande sofá. Eu me senti segura para contar detalhes da minha pesquisa. Não todos, claro, porém os mais importantes como as exatas tecnologias utilizadas. Com Chaeryoung a conversa fluía muito bem, ela compreendia o que eu falava, e de vez enquanto fazia até perguntas! Nunca tive ninguém para conversar sobre minhas "nerdices" como costuma brincar Ryujin. Desde pequena me sinto carente em relação a esse tipo de conversa visto que meus pais nunca paravam em casa.
Durante a conversa Lia parecia alheia, andava pela sala e eu JURO que ela tocou em tudo que dava enquanto conversávamos. Todas as superfícies, os objetos sob elas e até as cortinas não passaram desapercebidas.
Chaeryoung prossegue com o assunto
– Então com um simples dispositivo gerador de matéria e um vórtex carregado você atravessou galáxias? Isso é impressionante. – Sorri orgulhosa e confiante – Se tivéssemos voltado uns 100 anos atras. – Murchei como uma flor na seca – Mas ainda é impressionante para de onde você vem.
Nossa como meu ego foi ferido, senti uma profunda desmotivação.
– 92 anos – corrigiu Yuna se referindo aos anos já ditos.
– Eu aproximei os anos, Yu, fica tranquila. – respondeu focando totalmente na outra.
A mulher de longos cabelos negros – incrivelmente alinhados - ameaçou abrir a boca para falar, mas eu não deixei o embate se estender.
– Se vocês são tão evoluídos quanto dizem por que nunca houve datação de aparição "extraterrestre" no meu planeta? – não pude me conter.
– Só pensar um pouco, Yeji. Consegue achar uma razão para viajarmos mais de 30 bilhões de anos luz para contatar seres tecnologicamente primitivos? – Toda essa prepotência, que ódio. – Não nos acrescentaria nada, e gastaríamos recursos.
Abro a boca para indagar mais, porém escuto uma voz
– Bilhões de anos... – sussurrou Lia que agora se encontrava sentada ao meu lado. Falou tão baixo que se eu não estivesse perto não teria ouvido.
É, como eu havia previsto, ela não faz a mínima ideia do que está acontecendo.
Me virei olhando para ela, seus olhos estavam perdidos, se prestasse mais atenção talvez fosse até possível escutar o cérebro dela trabalhando para entender, seu rosto em total confusão. Fiquei com pena. Ela pareceu notar que eu a observava e ergueu seus olhos de encontro aos meus.
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Teste R
Teen FictionAno 2045. Yeji é filha de um grande cientista, e dele puxou muita coisa, a inexpressividade e a genialidade são algumas delas. A menina prodígio de 18 anos finalmente descobre a solução para o seu tão sonhado objetivo: Comunicação entre galáxias e a...