1° Lei de Newton

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POV Yeji

Eu tinha só 10 anos quando me interessei por física pela primeira vez. Meus professores costumavam falar que minha cabeça funcionava diferente das outras crianças, que eu pensava além. Eu me sentia diferente claro, meus interesses não eram iguais aos delas. Mas minha mente pensava em muitos aspectos de forma similar, eu só queria brincar e me divertir. E não fazer trabalhos mais mirabolantes ou pular séries por causa disso. Eu só queria ser uma criança normal. É por esse e outros motivos que sempre fui muito grata a Ryujin, a nossa amizade me proporcionou viver uma infância de verdade e não pela qual estava fadada, minha desculpa para não ir para outra série ou não ficar horas fazendo algum trabalho sozinha, era sempre "ficar com ela."

Meu interesse por física veio, claro, de muito observar meu pai trabalhar horas naqueles projetos dele, imensos cálculos que na época eu ainda não compreendia, mas que não tardei a entender. O mais velho não foi tão negligente assim, as vezes quando ele me percebia o observar e já estava exausto do que fazia, me colocava em seu colo e me ensinava coisas básicas. A primeira coisa que lembro dele ter me ensinado foi a 1° lei de newton, bobo eu sei, mas eu gostava de ter aquela atenção dele.

"Todo corpo persiste em seu repouso, ou em movimento retilíneo uniforme, a menos que alguma força seja aplicada sobre ele." a clássica inércia.

Nada deixa de percorrer seu fluxo, a não ser que tenha alguma força aplicada que impeça. E pensando mais filosoficamente, "Nada vai acontecer se você não agir."

Eu cresci exposta a todos esses fatos científicos e, na falta de tutoria, eles me moldaram. Vivi toda minha vida focada na objetividade trazida por eles, e segui veementemente. É fácil constatar que Newton não pensava além desses fatos e sua lei não é sobre relações interpessoais, mas sobre a pura física. Contudo, em tudo pode se aplicar, como por exemplo, em uma situação em que você pode interferir em uma história e mudar seu rumo, mas escolhe deixá-la correr mesmo sabendo que alguém vai ser prejudicado. Decerto as consequências sempre chegarão até você.

E acredito que era isso que se passava no momento.

– Ryujin se acalma. – Eu tentava apaziguar. Sua fisionomia já tinha mudado drasticamente de desolada para séria e raivosa.

– Eu não entendo, Yeji. Por que você mentiu pra mim?

– Eu não menti, tecnicamente eu omiti – Ela bufou – Não queria te deixar mais confusa. Está bom? – A mais baixa estava de pé andando de um lado para o outro enquanto me mantive sentada no banco metalizado daquele refeitório – Te contar aquilo quando você tinha acabado de acordar em outra galáxia seria muita informação, não queria te deixar ainda mais confusa.

– E depois Yeji, por que não contou depois? ­– Ela se exaltava sem olhar pros meus olhos em nenhum momento – Eu perguntei qual era nossa relação e você continuou me fazendo de palhaça. – Riu sem humor.

– Não diga isso, Ryujin... – Repreendi – Eu tinha esperanças de que você lembrasse e... eu tentei! – Levantei a voz por um instante – Mas você não reagiu bem...e...eu não gosto de te ver ma-

Fui interrompida e acredito que ela já não me escutava.

– Você está dizendo que me conhece, sei lá, há 10 anos, é minha melhor amiga, e não pensou nem por um momento que eu gostaria de saber que esqueci de uma boa parte da minha vida? – Ela disparava circulando por ali nervosa – Isso foi muito egoísta!  – Senti um nó na garganta com ela falando assim comigo – E como pode eu não lembrar de nada que tenha a ver com você!? Isso é inacreditável.

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