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No dia seguinte, acordei em meu quarto. Não me lembro de como eu cheguei aqui, so me lembro que senti uma dor forte e fui la pra fora tomar um ar, e vi o Da-

"Ai meu deus, o Dabi me trouxe pro meu quarto, devo ter dormido la fora. Que vergonha!"

Deixei um suspiro pesado escapar, me levantei e fui ao banheiro, fiz minhas higienes matinais, quando me olhei no espelho vi minha péssima aparência, olheiras mais fundas, mais cicatrizes e alguns hematomas pelo meu corpo, por conta dos experimentos. Não liguei pra isso.

Me despi e entrei debaixo do chuveiro, tomei um banho gelado pra me acordar, o que tava dando certo. Terminei e saí do banheiro. 

Vesti uma regata preta, uma calça de malha meio larga e um sobretudo preto. Me olhei no espelho mais uma vez certificando de que estava tudo certo, se tinha tampado todos os ematomas com a peças e roupa para frio. Se Tomura ver elas, ele so vai ficar reclamando no meu ouvido. E eu não tô com saco cheio pra isso.

Saí de meu quarto e fui até a cozinha. Ainda era bem cedo, o sol nem tinha nascido ainda, ninguém havia acordado além de mim, então resolvi fazer um café, assim me faria acordar totalmente.

Quando o café ficou pronto, enchi uma xícara, fui até o lado de fora da casa e me sentei nas escadas de cinco degraus, a mesma escada que eu e Dabi estavamos nessa madrugada. Tomei um gole da bebida e observei de longe um coelho branco comendo a grama que tinha ao redor da casa. Era muito fofo. Não me conti, fui até ele.

Me agachei perto dele e o mesmo se aproximou de mim aos poucos, o peguei no colo e o animal se aconchegou mais em meus braços.

Eu: Como você é fofo! Parece algodão doce. Cadê a sua família?_ olhei ao redor e não encontrei nenhum outro coelho_ Se você tiver devem ter ficado na toca, certo?

Olhei nos olhos vermelhos do animal, senti uma dor de cabeça derrepente, fechei os olhos e respirei fundo.  Olhei novamante para o coelho que me olhava de volta. Balancei minha cabeça levemente, me sentia meio tonta.

Me sentei novamente nas escadas com o animalzinho no meu colo. Comecei a fazer carinho em seus pêlos branquinhos e incrivelmentes macios, olhei para cima, estava começando a formar nuvens de chuva.

Akane: Bom dia lindi- o que é isso?_ vi um pequeno brilho em seus olhos.

Eu: Bom dia Akane. Isso é um coelho.

Akane: Aonde você achou ele?

Eu: Perto daqueles arbustos_ apontei para o local e ela se sentou ao meu lado.

Akane: Ele é bem fofo_ ela fez um breve carinho no mesmo_ Dormiu bem?

Eu: Sim. Mas ainda me sinto um pouco cansada.

Akane: Isso logo passa. E aí, o Dabi conversou com você?

Eu: Como sabe?

Akane: Ontem eu vi vocês dois aqui fora_ ela sorri fraco_ sozinhos_ senti malícia em seu tom de voz.

Eu: Eu não te vi. Como não percebi sua presença?

Akane: Sou sorrateira que nem um felino, vantagens de ser uma assassina profissional. Mas agora me conta, o que rolou? Quero detalhes.

Eu: Nada de mais, so conversamos mesmo.

Akane: Que sem graça. Achei que eu teria alguma fofoca, a Toga vai ficar decepcionada_ ri da mesma que fechou a cara como uma criança depois de ser negada algo_ Mas o que vocês conversaram?

Eu: Nada em especial. Trocamos poucas palavras, acho que dormir antes de termos uma conversa adequada.

Akane: Pôxa que pena. Perdi uma boa história_ vejo a mesma fazer bico.

Eu: Quem sabe mais tarde. Eu possa ter uma conversa com ele, daí eu posso te contar tudo.

Akane: Ai eu gostei!!!

Eu: Kkkk. Ah, e como ta' o Hikori?

Akane: Tava doido atrás de você também, e ele disse que nós duas faz muita falta lá, parece que a boate ta perdendo clientes novamente.

Eu: Merda!

Akane: Mas agora que está de volta, podemos voltar a nos apresentar.

Eu: Verdade! Sinto falta de dançar na boate. Lá me sinto tão... livre.

Akane: Sei como se sente_ suspiramos_ bom, eu vou fazer uma ligação, depois eu volto

Eu: Ok!_ ela se levanta e se afasta adentrando mais a floresta_ É, agora so ta' eu e você_ digo olhando o animal em meu colo_ Olha, eu sinto uma conexão enorme com você, é como se eu pudesse te entender. É complicado_ ele me olha e tomba a cabeça para o lado.

Uma reação bem fofa! Ousso passos atrás de mim, olho para trás e vejo Kurojiri com uma caneca cheia de café.

Kurojiri: Bom dia s/n. Acordou cedo.

Eu: Bom dia! É, perdi o sono_ ele olhou para o animal em meu colo e depois olhou para mim_ Eu encontrei ele por aqui perto.

Kurojiri: Sei_ ele leva a caneca de café a sua boca que era difícil de identificar aonde era por conta da névoa ao seu redor_ Sabe que Tomura detesta animais.

Eu: Sei, e ele tem uma irmã que se transforma em animais. Que irónico não?!

Kurojiri: Bastante. Você vai adota-lo?.

Eu: Não, não tenho tempo pra cuidar de um bichinho, e ele ja tem um lar e uma família, bem, provavelmente_ ele concorda.

Kurojiri: E como você está? Sente alguma dor? Ou outra coisa?_ ele se senta ao meu lado.

Eu: Não, eu tô bem. Estou super bem_ dou um sorriso meio falso para o mais velho.

Kurojiri: Não minta pra mim. Eu te conheço muito bem S/n. Fala o que está te pertubando.

Eu: Não é nada. Eu tô bem, sério!

Kurojiri: Não se esconda atrás de um falso sorriso. Você tem o direito de não estar bem. Vai, me fala_ desfaço do sorriso.

Eu: Você me conhece melhor do que eu mesma_ suspiro_ bem, eu so estou cansada de fingir que está tudo bem pra todo mundo. Meu passado vive me atormentando, aqueles monstros que diziam ser meus pais, mas na verdade eram parazitas que moravam comigo. E com ela... Todas as noites tenho pesadelos, e todas as noites me culpo por ser um fardo pra liga e pra Tomura, ele vive se preocupando comigo. E tudo que eu dou em troca, são mais problemas.

Kurojiri: Entendi. Bom, não tenho as palavras certas para te consolar, afinal não passei pela mesma dor que você. E quem sou eu pra julgar os seus problemas, ou te dar conselhos certos. Ja que não sei de nenhum. Mas quero te pedir uma coisa, pare de fingir um sorriso que não é verdadeiro, sei que não quer preocupar ninguém, mas todos tem o direito de demonstrar tristeza. Ninguém é de pedra.

Eu: Eu sei. E eu tô tentando melhorar isso, mas eu não consigo_ abraço o coelho que nomeie em minha mente naquele exato momento de Félix_ ja fiz tudo ao meu alcance. E eu so tô falhando. Sempre tem uma barreira que fode com tudo.

Kurojiri: Continue tentando. Um dia você vai quebrar essa barreira, e eu estarei lá para oferecer apoio. E a qualquer momento_ ele passa seu braço pelo meu corpo me abraçando.

Me aconcheguei mais em seus braços, me sentia segura. Sempre admirei o mais velho, e o considero como um pai, porque ele sempre me apoiou em tudo, e sempre me ajudou a cuidar dos meus ferimentos tanto externos, tanto internos.

Kurojiri: Sei que está cansada de tudo isso. Mas o ritmo do tempo revela o ritimo da rima. Significa que as respostas serão reveladas na hora certa. Isso logo vai passar. E sabe que pode contar com qualquer um da liga.

Eu: Sei. Obrigada!

Contínua. . .

{Cicatrizes}Onde histórias criam vida. Descubra agora