◖ℙ𝕆𝕊𝕊𝔼𝕊𝕊𝕀𝕍𝔼◗𝘚𝘩𝘶𝘫𝘪 𝘏𝘢𝘯𝘮𝘢

Cᥲρίtᥙᥣ᥆ 08 - Segunda Temporada

Shuji Hanma

   Havia se passado apenas três dias, mas tão vagarosos que parecia ter sido bem mais. Minha mente se contorcia a cada ligação não atendida, a cada mensagem não visualizada, não sabia o que estava acontecendo de fato, no entanto já poderia ter uma idéia. Não saber de nada definitivamente me deixava apreensivo e preocupado. Não sei se ela está brava comigo, não sei se ela quer me ver e só não pode. Porra… eu não sei de nada. Naquele dia em sua casa foi tenso, não ocorreu do jeito que nós imaginamos, Thomas estava mais bravo do que nunca. Não acho que S/n tenha apanhando ou algo assim, ele não chegaria a esse ponto, não é de seu feitio, todavia, um castigo é quase inevitável em uma situação como essa. Me sentia pior ainda por não ter conseguido ajudar em nada, não fiz nada além de ficar parado. Mas o que eu poderia fazer? Enfrentar Thomas era o que S/n chamaria de fazer besteira, então só pioraria as coisas.

— E… Você está prestando atenção, Hanma? — Kisaki, sentado à minha frente do outro lado da mesa da lanchonete em que estávamos, pergunta após terminar uma parte de seu sermão sobre o que deveríamos fazer.

    Seu olhar era sério em momentos assim, ele parecia até mesmo um adulto falando tantas coisas bem planejadas. Gostava de sua inteligência, era algo atrativo de certa forma, talvez esse fosse o real motivo de nossa amizade, eu gosto de estar perto de pessoas como ele. Inteligente, destemido e sem escrúpulos ao ir atrás de seus desejos, de seus objetivos. Mesmo que fosse por uma garota que não está dando a mínima para ele, era inspiradora toda sua força de vontade de tê-la a todo custo.

— Ah, claro, estou sim. — assenti levemente com a cabeça, respondendo de maneira espontânea ao desviar minha atenção para o meu cigarro, colocando-o entre os lábios para uma tragada.

   Das ideias que tive de uma aproximação, a única que me resta é de ir ao trabalho dela. Ir na escola era arriscado, Matsuno estaria lá e nem de longe somos parceiros, apesar das circunstâncias atuais. Ir diretamente em sua casa era a pior opção de todas, teria que falar com Thomas primeiro e eu não queria isso agora. Já tentei encontrar ela no caminho de casa pra escola, da escola para o trabalho e do trabalho pra casa, e sem sucesso em todos. Era até desconfortável e um pouco agoniante pensar em tudo isso em uma sequência, era como se S/n tivesse simplesmente sumido ou ido embora.

— Que droga, Hanma! Você não está prestando atenção em porra nenhuma do que eu estou falando. — naquele momento, a voz estressada de Kisaki me tira de meus devaneios. E com uma feição amarga ele se escorando para trás na cadeira.

— Ah, foi mal… — estalo a língua, sentindo uma pontada de irritação. — Depois você fala essas merdas todas pra mim. — levo a mão até a nuca, coçando de maneira sucinta e aperto os olhos, sentindo um leve incômodo e ardência.

    Estava me sentindo um pouco exausto, olhos ardendo, cabeça doendo e corpo sem disposição. Eu só queria pensar e Kisaki não calava a boca, por um segundo que seja, depois poderia falar de seu plano a vontade, por horas se quisesse. Depois quando? Quando eu estivesse com S/n comigo de novo.
    Dou um leve peteleco no cigarro, deixando algumas cinzas caírem na beira do prato branco que estava em cima da mesa, prato esse, que estava com meu lanche a minutos atrás. Em seguida, pego meu copo de suco, dando meu último gole e acabando com todo o conteúdo.

— No que você tanto pensa? — Kisaki questiona, sua curiosidade soa mais como quem quer saber o que poderia ser mais importante do que as coisas que ele quer falar do que de quem está realmente preocupado comigo. Me encarando à espera de uma resposta, ele arqueia uma das sobrancelhas.

— Na S/n. — respondo simples, sem rodeios, com o cigarro entre os lábios, logo puxando a fumaça e a soltando em sua direção. Ele resmunga abanando a fumaça com as mãos para longe de seu rosto. Sorri de lado, travesso. — Eu estou meio preocupado com ela.