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"Deve-se temer mais o amor de uma mulher do que o ódio de um homem"
 - Sócrates 

Ninguém, nem ao menos ele, entenderá como aquele amor foi desenvolvido. 
Tão problemático, tão ruim. Tão incrivelmente errado que até ele sabia que não iria dar certo. Era um casamento arranjado afinal. Ela fora vendida para ele na intenção de procriar, como uma vaca leiteira indo para o abate 

Há teorias que o amor se desenvolveu através do luto, um método de defesa para ignorar as atrocidades que aconteciam em sua volta. Outros dizem que na verdade, a cabeça dela nunca foi estável, e que ela merece estar onde está. Já outros acham que ela só foi mais uma vitima das manipulações diárias de homens que acham que podem mandar nas mulheres, como se elas fossem um gado qualquer. 

De qualquer forma, sendo as teorias verdadeiras ou não, todos que sabem ou presenciaram essa história, chegam a mesma conclusão: Rei Todoroki deveria ter seu útero arrancado quando era apenas uma menininha.
Com toda a certeza, isso pouparia muitas vidas... 

Porém, a vida é injusta. Inocentes morrem toda hora, úteros não são arrancados e crianças perfeitas demoram para nascer.
Essas pequenas injustiças podem fazer com que uma guerra aconteça... 

Tudo por causa do egoísmo do homem. Do homem que ela ama. Do homem que torturou pequenas crianças e ainda sim anda livre pelas ruas. Do homem que é chamado de herói, mesmo sendo um monstro.
Do homem que disse "Sim" com a mesma convicção com que dizia "Você é defeituoso". 

E foi naquele momento, logo após o convicto "Sim!", que Rei Himura fez com que todas as crianças que saíssem de dentro dela, tivessem medo do amor. Tivessem medo de mulheres apaixonadas e super heróis da televisão.
Tivessem que lutar pela própria sobrevivência, até quererem que o mundo não sobreviva... 

"Rei Himura, aceita Enji Todoroki como seu legitimo esposo?"
"...Sim!"

~

6 de Dezembro. 

Touya marcou o dia em seu calendário e suspirou, ainda faltava um mês para janeiro, para o seu aniversário, para ganhar a sua tão esperada individualidade.
Desde seu aniversário de 5 anos, ele marcava todos os dias no seu pequeno calendário do All Might. Fazer 6 anos e ganhar uma individualidade era uma das coisas mais preciosas da vida dele, a primeira, era orgulhar o pai. 

Ele sabia, sentia em suas veias, que ele seria o próximo numero 1. Ele sabia que nasceria com os poderes perfeitos e iria dar orgulho ao seu pai. 
Assim que abrisse os olhos dia 18 de janeiro, sairia fogo de sua mãe esquerda e gelo de sua mão direita. E então ele seria o melhor de todos. 

Porém, um grito fez com que os devaneios de Touya acabassem. O barulho vinha do andar de baixo e ele reconheceu a voz de sua mãe. 
Assim que desceu, a encontrou sentada no chão, com uma poça de agua em baixo de si e as mãos em cima da enorme barriga 

- A senhora esta bem?!

- Estou... A bolsa só estourou... - Ela fala com a voz falha e o menino continua confuso 

- Bolsa? Que bolsa? Você fez xixi nas calças? 

- Não meu filho. É só a sua irmã querendo nascer - Touya arregalou os olhos - Poderia ligar para o seu pai? 

O menino não pensou duas vezes e correu para o telefone. Porém, ninguém atendia. 

Ligou para a agência, ligou para o ajudante, ligou até mesmo para a polícia, porém ninguém atendeu. Ninguém estava lá. 

O Sangue do ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora