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Sábado - 3 da manhã

Shoto estava sentado no sofá, ainda pensando sobre o que tinha acontecido naquela madrugada. Ele tinha perdido o sono e mesmo tomando um leite quente para conseguir relaxar, sua mente não parava de funcionar, então, simplesmente desistiu e foi assistir tv, gostando da paz que era não ter seu pai em casa.

Paz essa, que não durou muito tempo, já que Enji entra pela a porta fazendo um barulho ecoar pela casa.

Pronto para fazer sua melhor cara feia para seu pai, Shoto se vira na direção do homem, porém para quando o observa melhor.
Enji estava assustado, pálido, parecia que havia visto um fantasma e ainda segurado a mão dele, Shoto nunca viu seu pai daquele jeito

- .....Pai? - Ele sussurrou a palavra que a muito tempo não saia de sua boca, genuinamente preocupado com a mudança  absurda de feições que o homem estava fazendo

Silêncio, ele não respondeu, apenas ficou ali, parado, encarando uma antiga foto de família na parede, ainda chocado

Shoto entrou em um conflito interno sobre o que fazer, já que não fazia ideia se tentava perguntar o que houve ou se só ignorava o problema enorme em sua frente

- Enji? - tentou de novo, não conseguindo deixar seu lado heróico de lado

Novamente, silêncio. O herói parecia nem ter forças para falar, estava abalado de um jeito que Shoto não entendia e nunca o tinha visto daquele jeito

O garoto, com muito esforço e lutando contra seu lado altruísta, se levantou devagar, atravessou a sala, e no primeiro degrau da escada, parou e olhou para Enji uma última vez.

O homem não havia mexido um músculo.

E Shoto começou a subir a escada, o ignorando. Com uma pequena, quase microscópica, satisfação em seu interior, satisfação essa que também foi ignorada.

Sua cabeça gritava que deveria voltar e ajudar, que se sentir bem em não ajudar seu próprio pai era extremamente errado, mas ele não podia evitar, não queria evitar.
Aquela pequena voz sussurrada em sua cabeça, dizia "quando eu precisei, você me ignorou, agora te ignorarei também"
E com mesmo seu corpo lutando, berrando, se contorcendo praticamente, Shoto continuou a subir as escada até seu quarto, e logo depois o trancou, ignorando a voz e ignorando a sua vontade de descer as escadas, apenas falando para si mesmo "cada um tem seu karma, esse deve ser o dele"

E realmente era.

6 Meses antes do sábado

Yokai andava de um lado para o outro, esperando, ansioso

- Finalmente porra - Ele exclama, enquanto abre a porta e deixa Keigo passar

- Eu vim o mais rápido que pude, porém é difícil encontrar o endereço "na esquina do prédio amarelo, de frente pro beco que vende crack" você sabe quantos prédios amarelos e becos que vendem drogas existem desse lado da cidade? - Ele entra no ap imundo e se encosta em uma das paredes, com nojo de tocar nos móveis

- Você acha que eu passaria meu endereço por mensagem?

- Você MORA nesse lixão? - o homem exclama indignado

- Sim? - Yokai se joga no sofá - Mas não te chamei aqui para julgar minha casa, te chamei aqui por conta do Touya - O clima de implicância logo se dissipa e um silêncio desconfortável se faz presente

O Sangue do ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora