O Sangue do ódio

4

"A teoria do caos muitas vezes não fala sobre o caos em si, nem das coisas que ele pode desmoronar em uma fração de segundos, mas fala das proporções de atitudes que nós fizemos e assim a reação e o resultado"

Teoria do caos

- Desde quando arruma essa casa? - Ela não tomou um susto, sabia que a era ele assim que ouviu a janela sendo aberta

- Desde hoje! tenho visita - Kira terminou de tirar o lixo do chão e se virou para ele - Todoroki irá vir treinar hoje

- Você conseguiu convence-lo? - Ele assobia - Duvido que isso de certo, pirralha...

- Já olhou para a cara dele? Você conhece aqueles olhos K, sem vida, esperança! você sabe muito bem que ele irá aceitar, só precisa entender como funciona as coisas, mas ele irá aceitar!

- ....Se você diz.... Quando ele vai vir?

- Hoje, as 14

-..... O menino ja tem problemas demais Kira, não estrague ainda mais a vida do muleque - Ela sorri

- Não estou estragando nada, só quero mostrar a ele o que é ter liberdade...

- .... Isso não é só mais um plano, não é? 

- ..... Eu conheço aquele olhar, quero mudar ele... Eu simpatizei com o Shoto...

- ...... Tente não matar ninguém - Ele diz sério e sai da mesma maneira que entrou. Minutos depois, ela percebeu que havia um pen drive em cima da bancada da cozinha.

~

Shoto nunca havia feito aquilo na vida, por mais que quisesse, nunca havia tomado coragem para tal ato.
Ele observava a janela de seu quarto e pensava em por que, depois de tantos anos, ele resolveu se importar com o passado de alguém, porque resolveu ajudar alguém que talvez nem queira ajuda.
Não, ela quer... todo querem...

Todos precisam...
E se ela estiver correndo perigo mas não sabe pedir ajuda?

No final da sua linha de raciocínio, ele se viu abrindo a janela e se preparando para pular.

A coragem vem quando não pensamos no futuro das nossas ações.

Ele pula, fecha a janela e começa a caminhar. Seu pai passaria o dia todo no escritório, procurando pistas do novo vigilante que aparentemente estava implicando com ele nesses últimos dias.

Acho justo, pra falar a verdade

Ele segue pela rua enquanto pensa em suas escolhas, enquanto pensa se vale mesmo se ariscar tanto por uma garota que no fim, pode não ser igual a ele. Será que se sentir minimente entendido por alguém vale o risco de vida que pode correr se tudo der errado?
Será que a sensação de acolhimento vale a pena ser sentida quando tudo pode acabar em menos de 5 segundos?

Em outro universo ele voltaria para casa, comeria a comida da sua irmã e ignoraria o fato de que tudo poderia ter dado errado.
Nesse universo, não há irmã que fará comida, e isso faz com que ele queira ainda mais continuar a ignorar os problemas que ele sabe que irão chegar até ele

- Chegou na hora! - Kira sorri para o menino - Pronto para ficar com os músculos doloridos?

Shoto não responde enquanto entra na casa.
O imóvel era grande e bonito, com moveis pretos e cinzas. Não havia outras cores, era tudo muito neutro. Uma casa, sem personalidade, vazia, não parecendo um lar...

- Vem, vamos treinar no quintal - Ela vai e o deixa observando o lugar mais um pouco

Não havia um quadro de família, não havia nada que indicasse que há mais alguém morando naquele lugar.
Por um momento, Shoto pode jurar que era sua casa ali.