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"Minha dor é perceber. Que apesar de termos feito tudo o que fizemos...

Ainda somos os mesmos. E vivemos...
...Ainda somos os mesmos.

E vivemos
Como
Os nossos
Pais..."
- ElisRegina

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Os meses passavam-se rápido.
E seria uma blasfêmia, se falássemos que Shoto não estivesse prestes a ter ataques cardíacos em cada dia que se passava.

A escola se tornou mais difícil com o cansaço corporal de seus treinos com Kira.
Seu pai, que aparentemente estava mais perturbado e irritado do que um dia já esteve, também o fazia ficar cansado além do necessário, todos os dias.
E, para piorar a lista de desgraças do pobre menino, a vigilante ia em sua casa, pela madrugada, em dias sortidos, por motivos sortidos, fazendo com que ele fique o tempo todo ansioso com a possibilidade dela aparecer ou não.

O primeiro ataque a UA aconteceu e Kira parecia estranha na visão de Shoto, ela estava incrivelmente relaxada. Sua confiança ultrapassava os limites que Shoto não entendia.

Como? - ele pensou. Que mesmo com uma possível morte eminente, sua confiança conseguia ser inabalável?
Ou melhor. Como ela lidou tão bem com a situação?

Naquela mesma noite, quando Shoto estava deitado em sua cama, a batida característica em sua janela o fez levantar em alta velocidade, causando-o até um pouco de tontura.

- Olá - Ele disse assim que abriu a porta e ela entrou

A vigilante se comportava da mesma maneira que se comportou nas outras noites, e mesmo assim Shoto não conseguia relaxar.

- Olá Shoto. Como está? Fiquei sabendo que houve um ataque na UA, vim ver se não estava morto - A informação privilegiada e o humor mórbido faziam Shoto se arrepiar

Por que até as menores coisas faziam seus sentimentos ficarem tão eufóricos?

- Ah...sim. A liga dos vilões armou uma armadilha para a nossa turma... mas estou bem! Não tive grandes problemas - Ele sentia uma necessidade absurda de se justificar para ela, e nem entendia o por que

- Que bom. - Ela se senta na cama, o convidando-o para se sentar também, como se aquele fosse seu quarto, não de Shoto - Por que seria terrível ter que ver um garoto tão poderoso perder para vilões medíocres como eles...

- Medíocres?

- Sim. Ora, não me leve a mal Shoto, mas até mesmo seu pai poderia ser um vilão melhor do que eles, e olha que seu pai....bom, é o seu pai... - Ela dá de ombros e ele quase sorri com a audácia da garota

Era óbvio que, para uma vigilante, ter papas na língua não era algo realmente importante, mas era bom ter alguém que soltasse absurdos assim sem se importar com as consequências

- Você conhece a liga? - Até Shoto ficou surpreso com sua própria pergunta

- Nah.... Só o básico

- Básico?

- É... sei os nomes dos vilões e a motivação, que, como sempre, demonstrando total "anti-criatividade" -  Ela faz aspas e Shoto tem quase certeza que ela acabou de inventar essa palavra - É matar All Might. Enfim, já encontrei um deles também

- Já? Como foi? - Uma preocupação desnecessária o atingiu.
Por que? Ele certamente não precisa se preocupar com ela, afinal, a criminosa deve saber lidar com outro criminoso... mas algo nele se incomodava com a possibilidade dela se machucar

O Sangue do ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora