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                                  PERIGO

Vida de obstáculos, neguin' acha que só porque nós é bandido que a vida parece ser fácil, porque a primeira coisa que a gente aprende quando entra nessa vida é que ela não é fácil, ah mais se é bandido tem tudo oque quer, vai indo nesse caminho otário.

Larga a porra da escola é pior, sem neurose, ser vagabundo é outra coisa, agora burro? tá de caô.

Minha vida foi assim, o otário do meu pai, se é que aquilo era pai, era dono disso tudo aqui, mas ai tudo tem seu fim. quando você entra no comando cê tem que pegar a visão das coisas, ou você morre em um confronto ou te matam, não tem como sair a não ser essas duas coisas. E bem, ele foi morto num confronto com os bope, eu tinha uns catorze, na época, faz doze anos que isso aconteceu.

Quando eu era menor, eu sempre ouvia que amor é só de mãe, papo reto queria que fosse verdade, chamar aquilo de mãe é piada também, ela traiu o meu projenitor, e o fim dela foi a morte.

foi um trauma eu diria, mas eu costumo não lembrar. a madrinha da minha irmã cuidou da gente até eu completar vinte e assumir o morro, o chefe que ficou no comando enquanto isso era um tio aí. E o fim dele? ele morreu. eu gostava dele, me passava umas visões daora, mas não tive muito tempo com ele.

O morro é minha âncora tá ligado? meu legado, aqui nem tudo é crime, droga, tráfico e os caralho a quatro, o que não tá errado também mas pó, tem seus altos bons também que eu não sei falar esses bagui ai não.

Tava no alto do morro agora, observando as coisas, dava pra ver geral, o morro todo. até o asfalto, bolei um beck na paz e fumei um, nem sempre é normal por aqui, então eu já tenho que ficar que nem coruja, de olho em tudo, qualquer coisinha, é tiro pra todo lado.

Terminei de fumar, e joguei o resto da maconha, subindo na minha moto a ligando, descendo pra entrada do morro.

- Ae chefia, visão. - comprimentei com a cabeça. - tem um fagulha ali. - encarei confuso e fui até lá onde tava uns vapor fazendo vigia.

Vi o maluco de ontem, Lucas? sei não, tava com paciência hoje, agora cê me tirarem aí bagui vai mudar.

- Coé, tá fazendo o que? já é a segunda vez que eu é barrado.- Cruzei os braços, falando pro doutorzinho aí.

- Eles não me deixaram entrar, e tão me chamando de fagulha, e você não é o chefe? Então..- essa dai é a própria encarnação do capeta, ainda.

- Suave, fala ae rapaziada, deixa a passagem do doutorzinho ai liberada. - encarei os vapor que tava lá e o doutorzinho também.

- Obrigado fico dislongiado com suas palavras.- sorriu debochado, tá de caó' mesmo.

- Quando precisar, não chama.- respondi com o mesmo tom.

Ele passou por mim com uma mochila, e umas duas malas, dei risada com isso, maluco vai subir esse morro todo, sacanagem.

Ia deixar de lado mas vamo ver se ele é quem aparenta ser, pedi um carro pra deixarem aqui, e peguei ele, o doutorzinho até que andava rápido.

- Entra logo, se reclamar eu dou tiro bem no meio desse teu pé aí. - encarei irônico, ele me olhou assustado e ficou parado, porra, tô fazendo um favor ainda!

Desci do carro e peguei as tralhas dele colocando no porta malas, e entrei de volta no carro, liberando a porta de passageiro.

Ele entrou e ficou estático.

- Um obrigado séria bom pô.- acelerei o carro, ixi ala, nem sabia pra onde ele ia caralho. - Qual o lugar o doutorzinho vai?

- Pra minha casa, eu acho. - me encarou com interrogação.

- Não ia saber.

- Você me obrigou a entrar aqui, obrigado. - o obrigado foi debochado mas deixei de lado, tô com paciência pra ficar numa boa hoje.

LUCAS

Paciência era uma coisa que eu sempre tive, oque é estranho já que metade das pessoas se irritam por qualquer coisa.

Particularmente eu não tava com paciência agora, ou o destino tava com palhaçada com a minha cara ou a merda do universo decidiu me jogar de paraquedas por simplesmente me fazer dar de cara com o dono do morro, nada conta.

- Ae pó, vamo fazer esse troço aqui de novo, sacou?  - encarei ele confuso, ele revirou os olhos e voltou a falar.

- Satisfação perigo, tá ligado? - concordei com a cabeça e vi ele estacionando na porta da minha futura casa.

- Lucas, satisfação - ele me encarou estranho e negou com a cabeça, porra não to dizendo que é doido.

- Coé, tu não combina com gíria fagulha, cê é muito certin - revirei os olhos e sai do carro, esperando ele abrir o porta malas.

O mesmo apertou um botão lá no carro e saiu do mesmo, pegando as malas pra mim e colocando perto da porta da casa, bipolaridade é foda.

- Obrigado sua humildade - debochei e sorri.

- Prazer não é meu - ele sorriu e que sorriso, pera Lucas que porra é essa?

Depois que ele já tinha ido, procurei as chaves e entrei dentro da casa, tinha alguns móveis que eu e a dona Dalva tínhamos resolvidos, a maioria eu decidi comprar.

Abri umas duas janelas pra pegar ar, Rio de janeiro tava fazendo um calor, ou sempre faz não sei. peguei meu celular e vi umas mensagens, uma delas era da Mariana, ela disse que iria vir aqui mais tarde.

Coloquei a minha playlist de música pra tocar e Fui ligando algumas tomadas, varrendo a casa, ajeitando as coisas pra caber tudo certinho é fui ver lá em cima, arrumar o banheiro, o quarto colocando as coisas que eu tinha trago na mala.

Quando era umas 17:39 da tarde eu tava só o pó' tomei um banho e depois que eu terminei de me trocar ouvi alguém batendo na porta, abri ela vi e que era a Mari, a mesma sorri e me abraçou.

- Vim te convidar pra tomar açaí - ela pediu licença e entrou na casa elogiando, outra maluca, provável de ser de família.

𝗠𝗢𝗥𝗥𝗢 𝗗𝗢 𝗔𝗟𝗘𝗠𝗔̃𝗢 - romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora