CAPÍTULO 11 - PARADISE PT.1

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07/10/1782 (Segunda-Feira)

Jungkook não era uma criança. Ele sabia sua idade, suas responsabilidades, sentia seus desejos e anseios e tinha as mesmas vontades de qualquer outro homem de vinte e três anos. E nada disso combinava com o início daquela manhã, quando Namjoon o encontrou coberto de tinta dormindo ao lado do galinheiro.

- Kookie? - O mordomo chamou uma vez, sem resposta. - Kook-ah?

- Namjoon hyung? - Esfregando os olhos, Jungkook acordou, meio sem entender onde estava.

O mais velho ajudou o garoto a se levantar e bater a poeira, as penas e a palha de suas roupas. Ainda era bem cedo, mas o sol já havia nascido, uma brisa gostosa com cheiro de mar rodando pelo ar.

- Desculpe, hyung, eu pensei que seria uma boa ideia pintar as paredes próximas da mansão para impressionar o lorde Eric sei-lá-o-que, mas acho que calculei mal o quão cansado eu estava.

- Quantas você pintou? - Namjoon perguntou observando a tinta fresca que parecia cobrir cada centímetro do terreno.

- Hum... Todas, eu acho. Mas algumas ainda precisam de uma segunda camada.

- Todas?? Jungkook, você não estava cansado, você se cansou! Nosso planejamento era para pintar a propriedade em vários meses e você fez em uma noite??

- Duas noites! A ponte do lago e o celeiro foram antes de ontem!

Eram raras as ocasiões em que Namjoon perdia o controle, especialmente com Jungkook. Eram melhores amigos de infância, tinham quase a mesma idade e se conheciam melhor que qualquer outra pessoa no mundo. Mas o mais velho morreria antes de permitir que seu Kookie prejudicasse sua saúde por nada.

- Largue essa tinta, eu recolho depois. - Disse, com uma feição séria. - Vá para casa, peça Wheeinie que ferva água e tome um banho. Não quero vê-lo trabalhando antes de dormir algumas horas, estamos entendidos?

- Mas hyung, a comitiva de Paradise chegará antes disso!

- Estamos entendidos, Jungkook?

Aquele era - e o garoto sabia bem - o tom de voz que ninguém ousava desafiar em Namjoon. Ele era carinhoso e assertivo nas doses certas, e pobre daquele que considerasse uma boa ideia dizer alguma coisa.

- Certo, hyung.

Jungkook entendia que o mais velho estava certo, mas isso não o impedia de querer ficar. Fazia certo tempo desde a última vez em que receberam visitas e tudo que o rapaz mais desejava naquele dia era assistir a chegada dos visitantes, que roupas usariam e que coisas incríveis trariam de lugares distantes e que não podiam ser encontradas no Solar. Mas suas orelhas queimavam só de imaginar o sermão que ouviria de Namjoon se fosse pego fora da cama, então talvez fosse melhor mesmo ir dormir. Talvez tivesse sorte e os forasteiros se atrasassem na estrada, bem a tempo de Jungkook acordar. Já era motivo suficiente para disparar em direção à cozinha.

- Wheeinie noona!

O grito foi seguido do estrondo de várias coisas caindo e do gemido de pura desistência da ômega que falhava em conter a avalanche de temperos que escapava da sua mão.

- Jungkook, pelos deuses! - A cozinheira disse, se ajoelhando no chão para apanhar os tomates que rolavam para debaixo da mesa. - Você quer me matar? Olhe só essa bagunça!

- Desculpe noona. - Ele disse, se abaixando para ajudá-la a limpar. Mal havia amanhecido o dia e já havia despertado a ira de dois dos três outros ômegas da casa, então talvez devesse realmente ir dormir antes que encontrasse Yoongi. - Namjoon hyung me botou de castigo.

Love Is Blind - SOPE A|B|OOnde histórias criam vida. Descubra agora