Capítulo 5

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André

Acordei com a cabeça latejando.

Abri os olhos devagar e mirei o teto para tentar ganhar foco. Mesmo sem olhar muito em volta eu já sabia que aquele não era meu quarto. As manchas de tempo caracteristicas estavam lá formando suas figuras disformes que eu conhecia tão bemn pela quantidade de noites não dormidas. Eu as conhecia de cor e aquela laje eu sabia que não era a minha.

Então qual foi a merda eu tinha feito para não dormir no meu quarto?

De vagar me ajeitei na cama e me sentei fechando os olhos pela dor intensa em minha cabeça e o gosto ruim na boca. Meu estomago retorcia e eu sabia que hoje seria um dia daqueles. Tudo estava rodando e tentei me concetrar para não voltar a me deitar e tentar descobrir onde eu estava.

Esfreguei o rosto com ambas as mãos e as abaixei na cama para me darem o impulso que eu precisava para me levantar. Meus dedos correram pelo lençol macio e espiei devagar o ambiente. Era tudo claro e bem cuidado. Com cheiro de lavanda e folhagem, coisas que me remetiam somente a uma pessoa na face da terra.

Eu conhecia aquele lugar, conhecia, mas nunca tinha estado lá por mais de 15 minutos. Virei a cabeça rápido para o lado e me arrependi no segundo seguinte em que tudo girou novamente e fechei os olhos, tendo certeza de que era uma miragem o que eu estava vendo. Era impossível que estivesse ali. Fechei os olhos com força tendo a certeza que era apenas uma pegadinha da minha mente.

Abri devagar os olhos esperando que a alucinação passasse, mas não foi o que aconteceu. A minha visão permanecia ali. Apertei meus dedos contra a palma da mão até que doessem o suficiente para eu ter certeza de que realmente não era um sonho.

Lana dormia ao lado oposto da cama, toda encolhida e no canto, com uma expressão que a muito tempo eu não via.

Calma.

Suave.

Tranquila.

Aquela nem parecia a minha esposa e sim a moça que eu conheci a 5 anos atrás e como eu queria aquela moça de volta. A mulher que teve toda a minha atenção desde o primeiro momento em que eu a vi. Que me vez casar na frente do padre do convento para poder tirá-la de lá. A mulher por quem eu abriria mão de tudo somente para faze-la feliz. Ali estava tudo que eu sempre quis na vida. A mulher por quem eu desbravaria o mundo apenas por um sorriso.

Daquela forma em que estava eu poderia criar um mundo inteiro somente para nós, poderia dar qualquer coisa que ela pedisse. Na verdade isso era o que eu queria. Queria ser a pessoa em que ela se apoiasse e me pedisse qualquer coisa para acabar com qualquer incomodo que ainda pudesse atormentá-la.

Me levantei devagar tentando não fazer barulho, contudo me levantar com a cabeça rodando estava sendo um desafio. Eu precisava sair daquele quarto antes que ela acordasse e questionasse o que eu estava fazendo ali. Eu nem me lembrava como tinha ido parar lá e por estar bêbado demais não deve ter conseguido me tirar de sua cama. Seria uma nova briga com certeza e essa eu nem poderia falar nada, teria que aceitar calado todas as suas acusações e ofensas.

Só de pensar nisso já me dava mais vontade de beber e esquecer toda essa merda que minha vida se transformara. Ainda era dificil aceitar que tudo que eu planejei com ela não tinha se realizado.

Sai na ponta dos pés e consegui alcançar a porta sem fazer barulho, quase cai no corredor pela forte nauseas que se abateu sobre mim, mas me mantive firme. Entrei no meu quarto e constatei que ainda era de madrugada. O céu escuro sem estrelas parecia transparecer meu interior. Peguei minhas e coisas e fui até o banheiro, liguei a água gelada e me afundei dentro da banheira. No primeiro momento pareciam facas se enfiando em todo o meu corpo, mas eu não me importava com a dor. Aos poucos se tornou a reconfortante sensação de pertencimento. O que sempre acontecia quando eu entrava na banheira. O único lugar ao qual eu parecia pertencer.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora