Capítulo 23

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André

Respirei mais tranquilo assim que a vi fora das garras daquele homem. Seria um prato cheio se ele a visse ali e entenderia que talvez não fosse tão coincidência assim nossa vinda para Colinas.

Com certeza Antônio tinha um plano para isso, mas não tinha me falado nada, tinha me feito descobrir tudo sozinho e ainda por cima colocando minha mulher em perigo. Pela primeira vez na vida eu dúvidei do seu julgamento.

— Tudo bem com sua esposa? — Carlos perguntou parecendo realmente preocupado.

— Lana tem uma saúde delicada, veio até aqui falando que não estava bem e achei melhor mandá-la para casa — os outros homens concordaram com a minha fala.

— Mulher não serve para nada em negociações. — o coronel falou fazendo meu sangue ferver.

— Tem algum lugar onde podemos nos sentar para avaliarmos as propostas que meu irmão fez ao senhor? — falei tirando o foco de mim e de Maria.

— Claro, queremos fechar esse negócio o quanto antes — ele disse olhando feio para os advogados.

— Por aqui — Carlos nos indicou a pequena construção que servia de depósito e de escritório. — Não é nada que um filho de um conde mereça, mas... — ele falou e revirei os olhos.

— Não me importo com luxos, quero apenas que o negócio seja fechado o quanto antes, para começarmos a construção. Todo tempo perdido é prejuizo — falei seco.

— Ele tem toda a razão. Seu pai deve ter orgulho de ter um filho tão engajado nos negócios da família.

— Eu e meus irmãos sabemos o que queremos.

— São em 3, não são? — ele me falou ficando para trás comigo.

— Sim.

— Seu pai foi um homem de sorte. Eu tenho apenas meninas. Se não fosse casado, faria muito gosto em tê-lo como genro — aquele sorriso amarelo asqueroso fez com que um arrepio corresse por minhas costas. Sorri sem responder nada, não tinha o que falar sobre aquilo. — Seus irmãos também são casados.

— Sim, todos nós somos agraciados por belas damas — falei isso mais para mim do que para ele.

— Claro, devem ter sido casamentos muito bem arranjados para as duas partes.— era só isso que esse homem pensava? Em ter mais e mais.

— Claro — falei sarcástico. Nunca trocaria minha mulher e minhas cunhadas por proximidade com alguém tão tóxico como ele.

— Bom, já que não temos essa possibilidade, quem sabe os netos um dia — ele bateu em meu ombro e tive que manter meu autocontrole para não me afastar dele.

— Quem sabe — confirmei sabendo que isso nunca aconteceria.

Sentamos a mesa e fiquei entre Carlos e Jorge, de frente para o coronel e seus advogados. Joaquim me sinalizou que tinha chegado e ficou a porta me aguardando. Eu apenas torcia para que tudo aquilo acabasse de uma vez.

Passei toda a manha e boa parte da tarde envolvida com as negociações. Meu irmão já tinha me passado o teto que poderia alcançar e as exigências que ele queria, o coronel tinha as deles e um preço superior ao que queriamos. Aquilo se estendeu até a hora que eu disse que não poderia mais continuar, pois sem conversar com Antônio e Álvaro, não teria compra alguma.

— Tenho certeza que seus irmãos confiam em você.

— Também tenho, mas não fazemos nada isoladamente — falei seco me levantando, eu já estava de saco cheio daquela conversa. — Entrarei em contato com eles e assim que tiver uma posição, marco uma nova reunião com o senhor — estendi minha mão para ele que a pegou sem exitar.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora