Epílogo

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4 anos.

André

A família estava toda reunida para receber o novo membro, o primeiro filho de Antônio e Rose.

— Ele está surtando — Minha mãe cochichou ao meu lado. — Não sei se vai ficar aqui dentro por mais tempo.

—Não o julgue tão mal, mamãe. Sabe o que ele viveu, é mais do que plausivel sentir um medo terrível desse momento.

— Eu sei filho, mas olhe Emma e Maria, nenhuma delas tiveram problemas, por que Rose teria?

— Por que elas indivíduos únicos.

— Eu sei André, mesmo assim, eu queria que ele estivesse mais feliz do que apreensivo. — apenas maneei a cabeça. Quando dona Arlete colocava uma coisa na cabeça, não tinha quem tirava. — E Senhor, por favor nos mande mais uma menina, minha Letícia precisa de companhias, esse bando de meninos vai transformá-la em uma valentona. — gargalhei de seu comentário.

A filha mais nova de Bruno era a única menina, e tentava se comparar a tudo que os meninos faziam. Chegava a ser engraçado, que na maior parte das vezes ela acabava vencendo os 3 mais velhos em suas disputas.

Era a escadinha perfeita, Otávio com 5 anos, Bruno com 4 anos e Henrique, meu filho, com 3 anos. Letícia mesmo apenas 2 anos e meio sabia muito bem como colocar todos em seu devivo lugar. Sempre falo que ela puxou mais a autoridade de Antônio e Rose, so que a paixão e sarcásmo de Emma e Álvaro.

— Acha que Maria Rita ainda vai demorar? — Minha mãe me questionou.

— Espero que não, ela não quer perder a apresentação do bebê, mas quem poderia imaginar que Leonardo ia vomitar nela e o cheiro a encomodaria tanto a ponto de ela fazer o mesmo.

— Uhh, foi uma cena lamentável, tadinha — minha mãe falou enrrugando o nariz.

Maria sempre fora extremamente tranquila com essas ocorrências, lidava muito bem com tudo e nunca tinha tido esse problema. Nosso filho mais novo Leonardo tem apenas 8 meses e está com os dentinhos despontando, isso faz com que ele fique muito irritado e as vezes vomite o que acabou de comer. Henrique na mesma idade passou pelo mesmo processo, mas dessa vez algo estava diferente, minha mulher estava diferente. Ela se sentiu enojada no mesmo instante em que Leonardo vomitou nela e assim que passou o pequeno para a baba, não conseguiu chegar a tempo em um local apropriado.

— Acha que devo ir até em casa ver se está tudo bem?

— Não acho que seja para tanto, as vezes ela só está um pouco indisposta.

— Isso não é comum.

— Não, não é. Mas nosso corpo nem sempre corresponde as nossas espectativas. — concordei com a cabeça e fui até o jardim dar mais uma olhada nas crianças.

Álvaro estava tentando acalmar Antônio que parecia que iria desmaiar a qualquer momento. Eu queria saber o que dizer, mas não acho que meus conselhos fossem mais válidos do que o do meu irmão mais novo. Nós nunca tinhamos passado pela perda como Antônio.

Os dois voltaram para dentro e vi Letícia correndo enfurecida atrás de Bruno e Otávio e Henrique rindo no canto. Com certeza eles tinham enfurecido a menina de novo.

Os gritos de Rose voltaram a se intensificar e em seguida o som do choro tomou o ambiente. Álvaro abraçou Antônio e fui até minha mãe que estava em prantos, o nascimento de cada neto era a renovação que ela precisava depois da morte de nosso pai.

Quando meu primeiro filho nasceu e demos o nome de Henrique para ele, ela ficou dias encarando o pequeno e dizendo o tanto que ele se parecia com meu pai. Naqueles dias nós percebemos que não haveria amor maior no mundo do que o dela por ele.

Mas o som de Rose gritando de novo nos assustou e os olhos de minha mãe ficaram escuros. Antônio e Álvaro se colaram a porta e quando eu tive certeza de que ele entraria, o choro do bebê voltou a tomar conta de tudo.

— Ela... ela? — minha mãe falou, mas eu não tinha resposta para isso.

— Nossa, mas já estão aqui? — Emma acabava de sair com um pequeno embrulho. — Diga oi para o seu pai, essa aqui é a Joana — menina, era uma linda menininha.

— Graças a Deus — minha mãe escondeu o rosto em meu peito e me a abracei .

— E essa é Ester —Levantei os olhos rápido e Minha mãe me largou correndo em direção a elas.

Gêmeas, Antônio acabava de se tornar pai de duas lindas meninas.

Me aproximei de minha cunhada e de sua irmã e percebi como as pequenas eram identicas, rosadas de olhos puxados.

— Letícia ficará encantada — Minha mãe disse enquanto Antônio entrava no quarto para ver a esposa. — Duas bonequinhas para a vovó paparicar.

—Os meninos quase ficaram em desvantagem. — Álvaro riu.

— Só quase — falei pegando a mãozinha de Joana. — Já quase sinto saudades dessa fase.

— Sente falta de dormir? — Álvaro me lançou um olhar assustado.

— Não, claro que não, mas é diferente quando eles são desse tamanho. Não sei explicar.

Ele sorriu para mim, e senti que ele entendia o que eu queria dizer.

— Senhor André? — Me virei e vi que nossa babá estava com Leonardo nos braços o que queria dizer que Maria tinha voltado. — A senhora está pedindo para que a encontre no jardim para lhe dar uma palavra. — confirmei e sai apressado. Não podia ser algo bom.

A encontrei andado de um lado para o outro perto da árvore encostada ao muro.

— O que foi? — parei em sua frente e ela me olhou enigmática.

— Eu não sou assim.

— Assim como?

— Eu não passo mal com os fluidos de nossos filhos.

— Eu sei, querida, deve ter sido algo que não te fez bem.

— Não André, não acho que seja isso.

— Então? — me aproximei e peguei suas mãos na minha.

— Qual é o único momento em que meu estomago fica completamente instável? — a olhei sem entender a pergunta. — Pense — ela sorriu e fiquei ainda mais confuso. — André, quais foram os primeiros sintomas quando estive grávida de Henrique e de Leonardo. — e minha ficha caiu.

— Será possível?

— Não sei, demorei tanto para engravidar de Leonardo. Ele só tem 8 meses, será que é possível?

— Nós não estamos tentando evitar.

— Não, não estamos.

— Então teremos que esperar para ter certeza.

— Eu acho que já a tenho. — ela sorriu — Acredito que estou grávida de novo — ela me abraçou e apertei em meus braços. — Dessa vez tem que ser nossa menininha, ou sua mãe nos mata. — gargalhei.

— Não mais.

— Não?

— Antônio e Rose acabaram de ter gêmeas.

— GÊMEAS?! — ela se afastou levando a mão ao rosto.

— Sim, são lindas. Joana, em homenagem a mãe de Rose e Ester em homenagem a nossa avó materna.

— Devem ser lindas. — os olhos de Maria se encheram de lágrimas. — E eu achando que tomariamos a liderança nas proles. — nós dois gargalhamos.

— Só se tivermos gêmeos — ela fez uma cara de desespero.

— Acho que deixo essa responsabilidade para Rose. — abracei novamente minha mulher e me abaixei beijando sua barriga. Eu amava fazer isso quando ela está gravida. E quando ela não está também!



Fim

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora