Capítulo 38

170 20 2
                                    




Maria Rita

Quando André voltou, a diversão já não fazia mais parte de seu semblante, eu podia ver que algo tinha acontecido e não era difícil para mim descobrir o que era.

— Boas e más notícias — ele falou assim que nos refugiamos em nosso quarto.

Agora não havia mais meu ou dele, somente nosso!

Me sentei na beirada do colchão e avaliei suas expressões.

— A má refere-se a Colinas e o Coronel — ele levantou a sobrancelha e confirmou.

— A boa é que você não precisa voltar para lá. — ele falou depois que não mensionei nada a respeito da outra notícia.

— Não tem a menor possibilidade de você ir até lá sem mim.

— E não tem a menor possíbilidade de você ir comigo — ele se sentou ao meu lado — O homem está furioso, querida, acha que demos o golpe nele, que não estamos fazendo valer a nossa palavra.

— Mas vocês explicaram o porque tiveram que ficar mais dias aqui. E na verdade não tinham que explicar nada, oras! — me levantei olhando séria para ele, cruzei meus braços em desagrado e esperei que ele tivesse qualquer argumento para me contradizer.

— Concordo — ele se levantou e passou os braços pela minha cintura. — Já te falei que você fica linda quando está brava? — tentei permanecer séria, contudo a vontade de rir foi maior.

— Não tire meu foco, André. Eu sei muito bem o que está fazendo e não acredito que tenha algum argumento válido o suficiente para me deixar de lado.

— Não estou te deixando de lado, só estou te protegendo. — ele beijou meu pescoço para tentar me ludibriar ( e quase conseguiu).

— Eu não vou cair no seu jogo de sedução. Nós vamos conversar como um casal maduro e resolver isso da melhor forma.

— VocÊ sabe que a última palavra é minha, não sabe? — com certeza ele queria resurgir a Lana. Não era possível que ele tinha perdido o juízo.

— Claro que sei. A suas últimas palavras serão, sim senhora — sorri sárcastica enquanto ele me fuzilava com os olhos. — Acha mesmo que isso está aberto a discução?

— Te pergunto o mesmo — ele se afastou irritado. — Você não vai e pronto. Não vou te colocar em risco ainda mais agora que ele acha que passamos ele para trás. Ele já até te ameaçou sem saber que você é, imagina se soubesse.

— O que quer dizer? — perguntei com um sobro de ar — Me ameaçou como? — parei minhas mãos em seu rosto para que ele me encarasse. — André?

—Ele quer que as filhas se casem com condes. Já deu a enteder que me ajudaria a me desfazer de você já que não temos filhos. Eu só não o matei...

— Ele é um lunático, meu amor. É isso que se ganha fazendo negócios com ele. Desistam de uma vez. Esqueçam aquela cidade, logo ele morre e tudo volta ao normal e...

— Eu não posso — ele pousou sua mão sobre as minhas. — Não entende? Não posso, ele sempre será uma sombra ameaçando nossa felicidade e enquanto não estiver atrás das grades não terei um minuto de sossego pensando se você está bem e segura.

— Entendo— me afastei dele — Nesse caso fica decidido que vou com você — ele revirou os olhos.

— Maria, por favor. Eu e meus irmãos terminaremos tudo de uma vez por todas, estaremos seguros e ...

— Então não tem porque eu não ir e estou com saudades de Kate e Gabriela. Será um ótimo passeio tenho certeza. — me virei de costas para ele não perceber que na verdade eu preferia que nenhum de nós fosse, mas que não me separaria dele nunca mais.— Quando partiremos?

— Maria....

— Querido? — me virei para ele e tive certeza que não havia como ele argumentar mais alguma coisa. Já estava resolvido, eu iria com ele e pronto.

***

Duas semanas se passaram até que todos os documentos fossem levantados e expedido pela coroa a prisão daquele homem asqueroso.

André ainda estava contrariado em me levar, mas eu sabia que não conseguiria dormir um dia se quer se não fosse junto.

A viagem correu tranquilamente e fomos em dois carros. Jorge levando Antônio e Álvaro e Joaquim nos levando.

Durante todo o caminho me senti nauseada, as estradas pareciam estar mais esburacadas do que da última vez.

— Se quiser podemos parar. — André me disse preocupado.

— Eu estou bem, só não tinha percebido quão ruim são as estradas para cá, também da última vez eu fui chorando sem parar, não tinha como perceber qualquer coisa.

— Mesmo assim, não mudou tanto para que você se sinta mal.

— Você não sabe e acho que o peixe que comi ontem estava com o gosto estranho, você não achou?

— Na verdade não. Estava tão bom quanto em todos os outros dias.

— Você tem um estomago de avestruz querido, impossível que algo te faça mal.

— Sempre exagerando.

— Bom, ainda bem que falta pouco para chegar, assim já peço para Gabriela fazer um chá de boldo para mim e corta de uma vez essa coisa ruim.

— Tem certeza que não quer que eu peça para Joaquim parar em algum lugar?

— Tenho certeza absoluta.

A viagem transcorreu perfeitamente e logo já conseguimos ver a entrada da cidade. Era engraçado como parecia fazer meses que eu não vinha aqui e não apenas algumas semanas. Os carros pararam em frente a nossa casa e tanto eu quanto os irmãos Campos descemos rápidamente para esticar as pernas.

— É uma viagem longa — Álvaro falou ao meu lado.

— Se é, espero que seja a última! — falei sorrindo

— Eu também espero! — a voz grave do Coronel invadiu o nosso espaço e travei sabendo que ele me veria ali. — Achei que não voltariam mais. Vejo que a senhora Campos está melhor.

— O que faz aqui? — André estava na frente de Álvaro que fazia uma barreira na visão do coronel.

— Vim dar as boas vindas, o que mais seria?

— Precisamos nos instalar primeiro, depois falaremos de negócios — Antônio também veio em meu socorro. — Minha cunhada necessita entrar e nós marcaremos com o senhor mais tarde.

— Claro — disse ele desgostoso.

Ele se virou para seus homens e respirei mais tranquila saindo de trás de Álvaro, porém algo o fez virar e ele me viu. No começo ficou branco como um papel, em seguida vermelho como um tomate.

— VOCÊ! — berrou apontando para mim.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora