Maria RitaQuando André voltou, a diversão já não fazia mais parte de seu semblante, eu podia ver que algo tinha acontecido e não era difícil para mim descobrir o que era.
— Boas e más notícias — ele falou assim que nos refugiamos em nosso quarto.
Agora não havia mais meu ou dele, somente nosso!
Me sentei na beirada do colchão e avaliei suas expressões.
— A má refere-se a Colinas e o Coronel — ele levantou a sobrancelha e confirmou.
— A boa é que você não precisa voltar para lá. — ele falou depois que não mensionei nada a respeito da outra notícia.
— Não tem a menor possibilidade de você ir até lá sem mim.
— E não tem a menor possíbilidade de você ir comigo — ele se sentou ao meu lado — O homem está furioso, querida, acha que demos o golpe nele, que não estamos fazendo valer a nossa palavra.
— Mas vocês explicaram o porque tiveram que ficar mais dias aqui. E na verdade não tinham que explicar nada, oras! — me levantei olhando séria para ele, cruzei meus braços em desagrado e esperei que ele tivesse qualquer argumento para me contradizer.
— Concordo — ele se levantou e passou os braços pela minha cintura. — Já te falei que você fica linda quando está brava? — tentei permanecer séria, contudo a vontade de rir foi maior.
— Não tire meu foco, André. Eu sei muito bem o que está fazendo e não acredito que tenha algum argumento válido o suficiente para me deixar de lado.
— Não estou te deixando de lado, só estou te protegendo. — ele beijou meu pescoço para tentar me ludibriar ( e quase conseguiu).
— Eu não vou cair no seu jogo de sedução. Nós vamos conversar como um casal maduro e resolver isso da melhor forma.
— VocÊ sabe que a última palavra é minha, não sabe? — com certeza ele queria resurgir a Lana. Não era possível que ele tinha perdido o juízo.
— Claro que sei. A suas últimas palavras serão, sim senhora — sorri sárcastica enquanto ele me fuzilava com os olhos. — Acha mesmo que isso está aberto a discução?
— Te pergunto o mesmo — ele se afastou irritado. — Você não vai e pronto. Não vou te colocar em risco ainda mais agora que ele acha que passamos ele para trás. Ele já até te ameaçou sem saber que você é, imagina se soubesse.
— O que quer dizer? — perguntei com um sobro de ar — Me ameaçou como? — parei minhas mãos em seu rosto para que ele me encarasse. — André?
—Ele quer que as filhas se casem com condes. Já deu a enteder que me ajudaria a me desfazer de você já que não temos filhos. Eu só não o matei...
— Ele é um lunático, meu amor. É isso que se ganha fazendo negócios com ele. Desistam de uma vez. Esqueçam aquela cidade, logo ele morre e tudo volta ao normal e...
— Eu não posso — ele pousou sua mão sobre as minhas. — Não entende? Não posso, ele sempre será uma sombra ameaçando nossa felicidade e enquanto não estiver atrás das grades não terei um minuto de sossego pensando se você está bem e segura.
— Entendo— me afastei dele — Nesse caso fica decidido que vou com você — ele revirou os olhos.
— Maria, por favor. Eu e meus irmãos terminaremos tudo de uma vez por todas, estaremos seguros e ...
— Então não tem porque eu não ir e estou com saudades de Kate e Gabriela. Será um ótimo passeio tenho certeza. — me virei de costas para ele não perceber que na verdade eu preferia que nenhum de nós fosse, mas que não me separaria dele nunca mais.— Quando partiremos?
— Maria....
— Querido? — me virei para ele e tive certeza que não havia como ele argumentar mais alguma coisa. Já estava resolvido, eu iria com ele e pronto.
***
Duas semanas se passaram até que todos os documentos fossem levantados e expedido pela coroa a prisão daquele homem asqueroso.
André ainda estava contrariado em me levar, mas eu sabia que não conseguiria dormir um dia se quer se não fosse junto.
A viagem correu tranquilamente e fomos em dois carros. Jorge levando Antônio e Álvaro e Joaquim nos levando.
Durante todo o caminho me senti nauseada, as estradas pareciam estar mais esburacadas do que da última vez.
— Se quiser podemos parar. — André me disse preocupado.
— Eu estou bem, só não tinha percebido quão ruim são as estradas para cá, também da última vez eu fui chorando sem parar, não tinha como perceber qualquer coisa.
— Mesmo assim, não mudou tanto para que você se sinta mal.
— Você não sabe e acho que o peixe que comi ontem estava com o gosto estranho, você não achou?
— Na verdade não. Estava tão bom quanto em todos os outros dias.
— Você tem um estomago de avestruz querido, impossível que algo te faça mal.
— Sempre exagerando.
— Bom, ainda bem que falta pouco para chegar, assim já peço para Gabriela fazer um chá de boldo para mim e corta de uma vez essa coisa ruim.
— Tem certeza que não quer que eu peça para Joaquim parar em algum lugar?
— Tenho certeza absoluta.
A viagem transcorreu perfeitamente e logo já conseguimos ver a entrada da cidade. Era engraçado como parecia fazer meses que eu não vinha aqui e não apenas algumas semanas. Os carros pararam em frente a nossa casa e tanto eu quanto os irmãos Campos descemos rápidamente para esticar as pernas.
— É uma viagem longa — Álvaro falou ao meu lado.
— Se é, espero que seja a última! — falei sorrindo
— Eu também espero! — a voz grave do Coronel invadiu o nosso espaço e travei sabendo que ele me veria ali. — Achei que não voltariam mais. Vejo que a senhora Campos está melhor.
— O que faz aqui? — André estava na frente de Álvaro que fazia uma barreira na visão do coronel.
— Vim dar as boas vindas, o que mais seria?
— Precisamos nos instalar primeiro, depois falaremos de negócios — Antônio também veio em meu socorro. — Minha cunhada necessita entrar e nós marcaremos com o senhor mais tarde.
— Claro — disse ele desgostoso.
Ele se virou para seus homens e respirei mais tranquila saindo de trás de Álvaro, porém algo o fez virar e ele me viu. No começo ficou branco como um papel, em seguida vermelho como um tomate.
— VOCÊ! — berrou apontando para mim.
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O conde domado - Livro 3 - sem revisão
RomanceLana sempre foi reclusa, desde que saiu do convento não deixa que ninguém se aproxime, nem mesmo seu marido. André é inconstante e destemido, gosta de fazer com que todos se sintam bem, mesmo que ele se sinta mal por dentro. Seu irmão mais velho, An...