Capítulo 16

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Lana - (Maria Rita)

André me deixou a sós no quarto para eu terminar de me arrumar.

Eu estava apavorada, essa era a definição correta para todo o medo que estava corroendo meu corpo naquele exato momento.

Tenho certeza que ele nunca tinha percebido os meus estilos de roupas até hoje. Tudo tinha um motivo, sempre teve. Era até engraçado ele nunca ter me perguntado porque eu perdi a memória.

Me sentei na cama ainda enrolada na toalha olhando friamente para meus braços marcados pelas chamas. Eu não gostava de vê-los e não queria que ninguém mais visse. Eram feios e me traziam a lembrança da dor que senti por dias até desabar de exaustão e de febre. As queimaduras infeccionaram por falta de tratamento e meu corpo todo entrou em colapso.

Os médicos me disseram que a perca de memória foi o jeito que meu cérebro encontrou de me proteger de tudo que eu havia passado. Poderia ter ficado assim para sempre, eu não sentia falta de lembrar do meu passado, apenas dos meus pais. Porém como tudo que eu lembrava, a imagem deles era nublada em minha mente. Sons de horror eram as unicas palavras que eu lembrava.

Puxei minha mala para mais perto de mim e peguei o creme hidratante que o dr. Daniel me passou para tentar suavisar a textura de minha pele, mas a verdade é que aquilo só hidratava para não ficar ainda mais feio do que ela já estava.

Passei por ambos os braços, pelos pequenos pontos na barriga e nas coxas. Era isso que eu escondia por baixo de toda as minhas vestimentas e que e mais um dos motivos que eu nunca deixaria André se aproximar mais do que o permitido.

Coloquei meu vestido casual de mangas longas e fiz meu coque. Essa era a imagem que eu manteria até o fim da minha vida.

Sai do quarto e fui em direção ao rol de entrada onde André me aguardava sentado em uma poltrona tomando uma dose de whyski.

— Achei que não viria mais — ele sorriu para mim e meu coração saltou dentro do peito.

— Mulheres sempre demoram um pouco mais, senhor — tentei brincar com ele. Algo que não era nada comum para mim.

— Por isso são muito mais agradaveis que os homens. — sorrimos um para o outro e ele me estendeu o braço para eu enlaça-lo. — Se quiser, após o jantar podemos dar uma volta pela cidade.

— Está tão disposto assim? — o olhei de canto de olho.

— Na verdade estou entediado. — o olhei diretamente — Não aguento mais ficar viajando. Quero chegar logo a Colinas.

— Então porque pegaria de novo o carro para dar uma volta?

— Eu estava propondo uma volta a pé.

— Ah sim, quer um passeio ao ar livre — paramos na entrada do restaurante do hotel e o metre veio nos receber e nos encaminhou a uma mesa.

— Só se a senhora estiver disposta a me acompanhar. — eu não sabia o que responder. As vezes eu tinha medo de ficar muito tempo perto dele quando estava tão animado. Isso me fazia acreditar que eu também poderia e que meu futuro era certo e belo, não a completa icognita. Cada dia que passava eu tinha mais medo de vê-lo me deixar.

— Se é da sua vontade, eu o acompanho sem problema algum — sorri aceitando o cardápio que o metre me entregou. Procurei algo leve para comer e quando escolhi voltei a olhá-lo.

— Já sabe o que vai querer? — confirmei com a cabeça.

— Filé de peixe com salada verde e arroz branco. Meu estomago está um pouco enjoado com essa viagem — ele concordou.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora